Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique, "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência  que estuda o comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos  mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)".[1] O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante (veja também etologia).
 
A psicologia científica, tratada neste artigo, não deve confundir-se com a psicologia do senso comum  ou psicologia popular que é o conjunto de ideias, crenças e convicções  transmitido culturalmente e que cada indivíduo possui a respeito de como  as pessoas funcionam, se comportam, sentem e pensam. A psicologia usa  em parte o mesmo vocabulário, que adquire assim significados diversos de  acordo com o contexto em que é usado.[2] Assim, termos como "personalidade" ou "depressão"  têm significados diferentes na linguagem psicológica e na linguagem  quotidiana. A própria palavra "psicologia" é muitas vezes usada na  linguagem comum como sinônimo de psicoterapia e, como esta, é muitas vezes confundida com a psicanálise ou mesmo a análise do comportamento.
 
O termo parapsicologia, ligado ao vocábulo paranormal,  não se refere a um conceito ou a uma disciplina da Psicologia; trata-se  de um campo de estudo não reconhecido pela comunidade científica.
Introdução
 
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos  mentais dos indivíduos (psiquismo), cabe agora definir tais termos[3]:
 
- Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis do método científico  as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo,  baseado em fatos empíricos. Pelo seu objeto de estudo a psicologia  desempenha o papel de elo entre as ciências sociais, como a sociologia e a antropologia, as ciências naturais, como a biologia, e áreas científicas mais recentes como as ciências cognitivas e as ciências da saúde.
- Comportamento é a atividade observável (de forma interna ou externa) dos organismos na sua busca de adaptação ao meio em que vivem.
- Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da  psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o indivíduo  permanece o centro de atenção - ao contrário, por exemplo, da sociologia, que estuda a sociedade como um conjunto.
- Os processos mentais são a maneira como a mente humana  funciona - pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O  comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam  esses processos mentais, já que eles são a sua base.
 
Como toda a ciência, o fim da psicologia é a descrição, a explicação, a previsão e o controle  do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Como os processos mentais  não podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o  alvo principal dessa descrição, explicação e previsão (mesmo as novas  técnicas visuais da neurociência que permitem visualizar o funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de seus correlatos fisiológicos, ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos mentais se desenrolam). Descrever  o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o  desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais  possível objetivos e em seguida a utilização desses métodos para o  levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise do  comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - desde complexos  padrões de comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual. A introspecção é uma forma especial de observação (ver mais abaixo o estruturalismo). A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar,  esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o  comportamento se origina de uma série de fatores distintos: variáveis  orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais  (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais  (influências do meios ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa  faz parte, etc.). As previsões em psicologia procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a probabilidade  com que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base  na capacidade dessas explicações de prever o comportamento futuro se  determina a também a sua validade. Controlar o comportamento  significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento  adquirido. Essa é parte mais prática da psicologia, que se expressa,  entre outras áreas, na psicoterapia[3].
 
Para o psicólogo soviético A. R. Luria, um dos fundadores da neuropsicologia  a psicologia do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de  representação da realidade, que se constituíram ao longo da história da  sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas  subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos estudo dos  processos fisiológicos que lhes servem de base nem limitar-se a sua  descrição exterior. Segundo esse autor, além de estabelecer as leis da  sensação e percepção humana, regulação dos processos de atenção,  memorização (tarefa iniciada por Wundt),  na análise do pensamento lógico, formação das necessidades complexas e  da personalidade, considera esses fenômenos como produto da história  social (compartilhando, de certo modo com a proposição da Völkerpsychologie  de Wundt (ver mais abaixo "História da Psicologia") e com as  proposições de estudo simultâneo dos processos neurofisiológicos e das  determinações histórico-culturais, realizadas de modo independente por  seu contemporâneo Vigotsky).[4]
 
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[editar] Breve história da psicologia
 
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[editar] Perspectivas históricas
 
"A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta".[5] Com essa frase descreveu Herrmann Ebbinghaus,  um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da psicologia -  tanto em 1908, quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade  pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e culturas  dedicaram-se a questões relativas à natureza humana - a percepção, a  consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte  de muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas  primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da filosofia no final do século XIX.
 
O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879 em Leipzig, na Alemanha.  Seu interesse se havia transferido do funcionamento do corpo humano  para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos  processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira  geração de psicólogos. Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e  fundaram vários laboratórios similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo americano William James propôs em seu livro The Principles of Psychology  (1890) - para muitos a obra mais significativa da literatura  psicológica - uma nova abordagem mais centrada na função da mente humana  do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência  estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na  América do Norte[3]
 
[editar] O estruturalismo
 
Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base verdadeiramente  científica para a nova ciência. Assim realizava experimentos para  levantar dados sistemáticos e objetivos que poderiam ser replicados por  outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico,  Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a  estímulos realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho  seria chamado de estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da mente e do comportamento, sobretudo as sensações. Um dos métodos usados por Titchener era a introspecção:  nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios pensamentos e  sensações a fim de ganhar informações sobre determinadas experiências  sensoriais. A tônica do trabalho era assim antes compreender o que é a  mente, do os como e porquês de seu funcionamento. As principais críticas  levantadas contra o Estruturalismo foram:
 
- O ser ele reducionista, ou seja, querer reduzir a complexidade da experiência humana a simples sensações;
- O ser ele elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de  partes ou elementos ao invés de estudar estruturas mais complexas, como  as que são típicas para o comportamento humano e
- O ser ele mentalista, ou seja, basear-se somente em  relatórios verbais, excluindo indivíduos incapazes de introspecção, como  crianças e animais, do seu estudo. Além disso a introspecção foi alvo  de muitos ataques por não ser um verdadeiro método científico objetivo[3].
 
[editar] Funcionalismo
 
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William James  concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia - os processos  conscientes. Para ele, no entanto, o estudo desses processos não se  limitava a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente  consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica da mente  em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava  mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores,  as experiências religiosas e místicas - enfim, tudo o que faz cada ser  humano ser único. As idéias de James foram desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação[3].
 
[editar] Gestalt, a psicologia da forma
 
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Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler.  Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa  corrente da psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser  compreendidos, se forem vistos como um todo e não através da divisão em  simples elementos perceptuais. A palavra gestalt significa  "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O  gestaltismo assume assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas  partes"[3].
 
Distinta da psicologia da gestalt, escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls).
 
[editar] O legado dos primórdios
 
Apesar de serem perspectivas já ultrapassadas, tanto o estruturalismo  como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a determinar o rumo que a  psicologia posterior viria a tomar. Hoje em dia os psicólogos procuram  compreender tanto as estruturas como a função do comportamento e dos  processos mentais.
 
[editar] Perspectivas atuais
 
Segue uma descrição sucinta das principais correntes de pensamento  que influenciam a moderna psicologia. Para maiores informações ver os  artigos principais indicados e ainda psicoterapia.
 
[editar] A perspectiva biológica
 
 
A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca das causas do comportamento no funcionamento dos genes, do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino.  O comportamento e os processos mentais são assim compreendidos com base  nas estruturas corporais e nos processos bioquímicos no corpo humano,  de forma que esta corrente de pensamento se encontra muito próxima das  áreas da genética, da neurociência e da neurologia  e por isso está intimamente ligada ao importante debate sobre o papel  da predisposição genética e do meio ambiente na formação da pessoa. Essa  perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo  processo psíquico e contribui com conhecimento básico a respeito do  funcionamento das funções psíquicas como pensamento, memória e percepção  [3].
 
O processo saúde-doença merece uma atenção especial e pode ser  compreendido de diferentes formas além do direcionado ao tratamento dos distúrbios mentais propriamente ditos. Inicialmente abordados pela psicopatologia, advinda da distinção progressiva do objeto da neurologia e psiquiatria e consolidação destas como especialidades médicas, a percepção da importância dos fatores emocionais no adoecimento e recuperação da saúde já estavam presentes na medicina hipocrática e homeopatia contudo foi somente nos meados do século XX que surgiram aplicações da psicologia nas intervenções atualmente denominadas por medicina psicossomática, psicologia médica, psicologia hospitalar e psicologia da saúde.[6]
 
[editar] Psicologia médica
 
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[editar] A perspectiva psicodinâmica
 
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Segundo a perspectiva psicodinâmica o comportamento é movido e  motivado por uma série de forças internas, que buscam dissolver a tensão  existente entre os instintos, as pulsões  e as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro.  O objetivo do comportamento é assim a diminuição dessa tensão interna.
 
A perspectiva psicodinâmica teve sua origem nos trabalhos do médico vienense Sigmund Freud  (1856-1939) com pacientes psiquiátricos, mas ele acreditava serem esses  princípios válidos também para o comportamento normal. O modelo  freudiano foi o primeiro a afirmar que a natureza humana não é sempre  racional e que as ações podem ser motivadas por fatores não acessíveis à  consciência. Além disso Freud dava muita importância à infância, como  uma fase importantíssima na formação da personalidade.  A teoria original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários  autores mais recentes e influenciou fortemente muitas áreas da  psicologia, tem sua origem não em experimentos científicos, mas na  capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela idéia de  descobrir os mistérios mais profundos do ser humano.[3].
 
[editar] A perspectiva comportamentista
 
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A perspectiva comportamentista (ou comportamentalista) procura  explicar o comportamento em relação aos estímulos do meio ambiente que o  influenciam. A atenção do pesquisador é assim dirigida para as  condições ambientais em que determinado indivíduo se encontra, para a  reação desse indivíduo a essas condições (comportamento) e para as  consequências que essa reação traz para ele (ver também condicionamento).  O comportamentismo baseia-se sobretudo em experimentos feitos com  animais, mas levou ao descobrimento de muitos princípios válidos para o  ser humano e foi uma das mais fortes influências tanto para a pesquisa  como para a prática psicológica posterior[3].
 
[editar] A perspectiva humanista
 
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Em reação às limitações das correntes comportamentista e  psicodinâmica surgiu nos anos 50 do século XX a perspectiva humanista,  que vê o homem não como um ser controlado tanto por pulsões interiores  quanto pelo ambiente, mas ainda assim como um ser ativo, que busca seu  próprio crescimento e desenvolvimento. A principal fonte de conhecimento  do humanismo psicológico é o estudo biográfico, com o fim de descobrir  como essa pessoa vivencia sua existência, ao contrário do  comportamentismo, que dava mais valor à observação externa. A  perspectiva humanista procura assim um acesso holístico para o ser humano, está intimamente relacionada à fenomenologia e exerceu grande influência sobre a psicoterapia[3].
 
[editar] A perspectiva cognitiva
 
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A "virada cognitiva" foi uma reação às limitações do  comportamentismo, que afirmava ser impossível estudar os processos  mentais e se concentrava somente no comportamento. O foco central desta  perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no  conhecimento - atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de  decisão, linguagem etc. A perspectiva cognitiva se dedica assim à  compreensão dos processos cognitivos que influenciam o comportamento - a  capacidade do indivíduo de imaginar alternativas antes de se tomar uma  decisão, de descobrir novos caminhos a partir de experiências passadas,  de criar imagens mentais do mundo que o cerca - e à influência do  comportamento sobre os processos cognitivos - como o modo de pensar se  modifica de acordo com o comportamento e suas consequências. Típico  desta perspectiva é o uso sistemático de experimentos científicos e sua  proximidade com as ciências da informação e da computação[3].
 
[editar] A perspectiva evolucionista
 
A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria da evolução,  explicar o desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais  como parte da adaptação humana ao meio ambiente. Por recorrer a  acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos  evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas  teorias, mas contam somente com sua capacidade de observação e com o  conhecimento adquirido por outras disciplinas como a antropologia e a arqueologia[3].
 
[editar] A perspectiva sociocultural
 
Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski  criticava a psicologia - na época a psicanálise de Freud - por ser  centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua  compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o  cerne da perspectiva sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se  assemelham pessoas de diferentes culturas quanto ao comportamento e aos  processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os conhecimentos  psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a  psicologia a observar diferenças entre subculturas de uma mesma área  cultural e sublinha a importância da cultura na formação da  personalidade[3].
 
[editar] A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade
 
A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa  psicológicos corresponde à enorme complexidade do ser humano. O fato de  diferentes escolas coexistirem e se completarem mutuamente demonstra que  o homem pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob  diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo  biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho psicológico,  desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse modelo  afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e  influenciados por três grupos de fatores:
 
- Fatores biológicos - como a predisposição genética e os  processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral e  do sistema nervoso em particular, etc.;
- Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
- Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas,  expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo  familiar, de amigos, etc., modelos de papéis sociais, etc.[7]
 
Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos aspectos a  psicologia se vê na necessidade de complementar seu conhecimento com o  saber de outras ciências e áreas do conhecimento. Assim, na parte da  pesquisa teórica, a psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em  constante contato com a fisiologia, a biologia, a etologia, a neurologia e às neurociências (ligadas aos fatores biológicos) e à antropologia, à sociologia, à etnologia, à história, à arqueologia, à filosofia, à metafísica, à linguística à informática, à teologia e muitas outras ligadas aos fatores socioculturais.
 
No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade não é  menor. O psicólogo, de acordo com a área de trabalho, trabalha sempre em  equipes com os mais diferentes grupos profissionais: assistentes  sociais e terapeutas ocupacionais; funcionários do sistema jurídico;  médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde; pedagogos;  fisioterapeutas, fonoaudiólogos e muitos outros - e muitas vezes as  diferentes áreas trazem à tona novos aspectos a serem considerados. Um  importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os comitês de Bioética,  formados por diferentes profissionais - psicólogos, médicos,  enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos,  farmacêuticos, engenheiros, terapeutas ocupacionais e pessoas da  comunidade onde o comitê está inserido, e que têm por função decidir  aspectos importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico,  entre outros.
 
 
[editar] O status científico
 
A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo Thomas Kuhn  afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio  "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente  aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a física e a química.
 
Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter correlativo  que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não  ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela  psicologia, como personalidade, pensamento e emoção,  não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio  de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de  vista metodológico.
 
Erros e abusos de testes estatísticos foram sobretudo apontados em trabalhos de psicólogos sem um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em estatística. Muitos psicólogos confundem significância estatística  (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não  ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com  importância prática. No entanto a obtenção de significados  estatisticamente significante mas na prática irrelevantes é um fenômeno  comum em estudos envolvendo um grande número de pessoas.[8] Em resposta muitos pesquisadores começaram a fazer uso do "tamanho do efeito" estatístico (effect size) como massa de medida da relevância prática.
 
Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria  psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os  psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a  respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e  da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.[9]  Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em  teorias sem fundamento empírico. Por outro lado muito tem sido investido  nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas  pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos,  mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais (mainstream), isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos.
 
[editar] Terapias "alternativas" não psicológicas
 
Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria  científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação  indiscriminada do números de "terapias alternativas" que se vê  atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e  não pesquisados. Muitos autores[10]  já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e  terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação  científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma  grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e  por vezes mesmo danosos - incluindo "comunicação facilitada" para o  autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex.  regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias  energéticas e terapias new-age de todos os tipos possíveis (ex. rebirthing, reparenting,  regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação  neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram  sua popularidade nas últimas décadas."[11] Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.[12]
 
[editar] Ver também
 
 
 
 
Referências
 
 - ↑  "Psychologie ist die Wissenschaft vom Verhalten (alles, was ein  Organismus macht) und von den mentalen Prozessen (subjektive  Erfahrungen, die wir aus dem Verhalten erschließen)". Myers (2008), p.8.
- ↑ Asendorpf (2004), p.2
- ↑ a b c d e f g h i j k l m Zimbardo & Gerrig (2004), p.3-5; 5-8; 10-17.
- ↑ Luria, 1979
- ↑  "Die Psychologie besitzt eine lange Vergangenheit aber nur eine kurze  Geschichte". Citado por Zimbardo & Gerrig (2004), p. 10.
- ↑  Gorayeb, Ricardo; Guerrelhas, Fabiana. Sistematização da prática  psicológica em ambientes médicos. Rev. bras.ter. comport. cogn. v.5 n.1  São Paulo jun. 2003 Disponível em pdf. Dez. 2010
- ↑ Myers (2008), p.11-12
- ↑ Cohen, J. (1994). The Earth is round, p.05. American Psychologist, 49.
- ↑ Elliot, Robert. (1998). Editor's Introduction: A Guide to the Empirically Supported Treatments Controversy. Psychotherapy Research, 8(2), 115.
- ↑ Beyerstein, B. L. (2001). Fringe psychotherapies: The public at risk. The Scientific Re-view of Alternative Medicine, 5, 70–79
- ↑ "A  wide variety of unvalidated and sometimes harmful psychotherapeutic  methods, including facilitated communication for infantile autism (…),  suggestive techniques for memory recovery (e.g., hypnotic  age-regression, guided imagery, body work), energy therapies (e.g.,  Thought Field Therapy, Emotional Freedom Technique…), and New Age  therapies of seemingly endless stripes (e.g., rebirthing, reparenting,  past-life regression, Primal Scream therapy, neurolinguistic  programming, alien abduction therapy, angel therapy) have either emerged  or maintained their popularity in recent decades." SRMHP: Our Raison d’Être. Página visitada em 2009-09-16.
- ↑ Neuringer, A.:"Melioration and Self-Experimentation" Journal of the Experimental Analysis of Behavior http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1348111
  
[editar] Bibliografia
 
- Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit (3. Aufl.). Berlin: Springer. ISBN 978-3-540-71684-6
- Myers, David G. (2008). Psychologie. Heidelberg: Springer. ISBN 978-3-540-79032-7 (Original: Myers (2007). Psychology, 8th Ed. New York: Worth Publishers.)
- Zimbardo, Philip G. & Gerrig, Richard J. (2005). A psicologia e a vida. Artmed. ISBN 85-363-0311-5 (No artigo citado do alemãõ (2004)Psychologie. München: Pearson. ISBN 3-8273-7056-6; Original: (2002). Psychology and Life. Boston: Allyn and Bacon.)