1.
Grafia:
O
alfabeto latino é o mesmo da língua portuguesa, excetuando-se aquelas letras de
origem anglo-germânica (k, y, w). As vogais e consoantes têm a mesma
classificação e são grafadas da mesma maneira, tanto nas maiúsculas como nas
minúsculas.
2.
Pronúncia:
Os
sons correspondentes às letras do alfabeto em latim têm a mesma característica
da pronúncia em português, com algumas pequenas diferenças, que apresentamos a
seguir:
2.1.
As vogais devem ser pronunciadas com o som original da letra, mesmo quando não
são tônicas. Por exemplo: em português, a palavra "belo" pronuncia-se
''bélu''; já em latim, a palavra ''bello'' pronuncia-se ''bélo''. Em português,
a palavra ''triste'' pronuncia-se ''trísti''; já em latim, a palavra
''Christe'' pronuncia-se ''kríste''. A palavra ''objeto'' em português
pronuncia-se ''objetu''; em latim, a palavra ''objecto'' pronuncia-se
''obiékto''. Isto é, as vogais são sempre pronunciadas com os seus sons
originais. Note-se a existência dos grupos vocálicos 'oe' e 'ae', que são
pronunciados como 'e' aberto. Por exemplo, 'coelum' pronuncia-se 'célum';
'laetitia' pronuncia-se 'letícia'.
Convém
observar que no português que se fala em Portugal, diferentemente do que se fala
no Brasil, as palavras ainda conservam a consoante que tinham na sua forma
original do latim, por exemplo, 'objecto', 'facto', 'acto', 'subjectivo',
acontecendo o mesmo também em espanhol. Isto significa que as mutações
ocorridas na língua portuguesa no território brasileiro findaram por criar uma
variação linguística ainda mais distanciada da fonte latina comum a todos nós.
2.2.
Algumas consoantes assumem sons diferentes, conforme o caso:
2.2.1.
A letra ''t'' antes de ''i'' tem som de ''s'', quando a sílaba não é tônica.
Ex.: ''gratia'' pronuncia-se ''grássia''; ''locutio'' pronuncia-se
''locússio''; ''fortiori'' pronuncia-se ''forsióri''.
2.2.2.
A letra ''j'' tem sempre som de ''i''. Ex.: ''jus'' pronuncia-se ''iús'';
''Jesus'' pronuncia-se ''iésus''; ''jacta'' pronuncia-se ''iácta''.
2.2.3.
O grupo consonantal ''ch'' tem som de ''k''. Ex.: ''machina'' pronuncia-se
''mákina''; ''charitas'' pronuncia-se ''káritas''; ''chorda'' pronuncia-se
''kórda''.
2.2.4.
O grupo consonantal ''gn'' tem som de ''nh''. Ex.: ''ignis'' pronuncia-se
''ínhis''; ''cognosco'' pronuncia-se ''conhósco''; ''regnum'' pronuncia-se
''rénhum''.
2.2.5.
O grupo consonantal ''ph'' tem som de ''f'', igual ao português arcaico.
3.
Algumas características da fraseologia latina:
3.1.
Não há artigos definidos e indefinidos.
3.2.
Em geral, não há palavras oxítonas.
3.3.
É usual ficarem palavras ocultas (subentendidas).
3.4.
O verbo geralmente fica no final da oração.
3.5.
A regência dos verbos nem sempre corresponde ao português.
4.
O uso das consoantes 'j' e 'v' na língua latina:
Os
romanos da época de Cícero (século I a.C.) não conheciam os sons
correspondentes às consoantes 'j' e 'v', utilizando as letras 'i' e 'u',
respectivamente. Só a partir do século XVI, nos dicionários e livros escolares
começaram a aparecer estas consoantes na grafia das palavras, todavia a
pronúncia continuou sendo correspondente à das vogais 'i' e 'u'. Isto quer
dizer que estas consoantes não pertencem ao latim clássico, mas foram já uma
influência reversiva das línguas latinas sobre a língua mãe.
Esta
alteração, porém, justamente por ser considerada uma influência das línguas
européias sobre o latim original, é rejeitada por alguns estudiosos mais
puristas.
A
disseminação da escrita do latim com as letras 'j ' e 'v' se deu, sobretudo,
pela atuação da Igreja Católica, tendo em vista que o latim é ainda hoje a sua
língua oficial, e o estudo do latim nas escolas sempre foi orientada pelo latim
eclesiástico.
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