Será orgulho? Será preconceito? Será ignorância? Ou isso e muito mais?
Maria
Celeste Braga Sales Pinheiro.
O
ensino de gramática nas escolas está mudando? Às vezes parece que sim, outras
que não. Alguns resultados de pesquisas afirmam que sim. A realidade do
dia-a-dia mostra o inverso.
Verdade mesmo é o fato de que não se pode dizer que não se tenha tentado ou que
se continue tentando mudar. Pelo menos por parte dos novos professores formados
que tiveram uma experiência com o método inovador pregado pela Linguística e
pela Sociolinguística e acabaram se apaixonando pelas propostas. Mas, os
cultivadores desses ideais, embora em número razoável e crescente, ainda são
limitados ou até mesmo depreciados pelos sistemas das instituições de ensino.
O que se sabe é que, não é mais possível aceitar que a gramática tradicional ou
normativa continue sendo considerada doutrina sagrada, indefectível,
irrefutável, pois, dessa forma só vem a corroborar com a ideia de que o ensino
de gramática nas escolas tende a ser preconceituoso e antipático uma vez que
trata seus preceitos de forma inflexível.
Para
a escola e para os gramáticos parece que pouco importa os estudos feitos pelos linguistas,
sociolinguistas e estilistas que mostram e demonstram à instabilidade
constitutiva que envolve o funcionamento da língua ou simplesmente fazem vistas
grossas acerca desse fato.
Talvez,
os gramáticos acreditem que o que se quer é a extinção da gramática, o que não
é verdade. O que se espera é que haja uma reformulação quanto aos seus
ideais cristalizados e canonizados.
Em síntese, não nos mostramos inteiramente contra a gramática. Nós só propomos
que haja uma abertura às considerações dos linguistas, para que haja um
equilíbrio entre essas duas propostas ou tipos de ensino (tradicional e
inovador). Em outras palavras, o objetivo do ensino da língua não é o de
ensinar o que a gramática denomina de norma e impõe como regra, o objetivo deve
ser o de mostrar ao aluno que regra existe, mas no plural, fato que deve ser
demonstrado pelo professor ao “criar situações de experiências linguísticas
diferenciadas e continuadas para que o aluno estenda o conhecimento que ele tem
da sua língua, da sua variedade vernacular para outras, sociais, estilísticas”.
FORTALEZA-CE
2002
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