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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

GÍRIAS

Gíria, também chamada calão em português europeu, é um fenômeno de linguagem especial usada por certos grupos sociais pertencentes a uma classe ou a uma profissão em que se usa uma palavra não convencional para designar outras palavras formais da língua com intuito de fazer segredo, humor ou distinguir o grupo dos demais criando uma linguagem própria (jargão).
É empregada por jovens e adultos de diferentes classes sociais, e observa-se que seu uso cresce entre os meios de comunicação de massa. Trata-se de um fenômeno sociolingüístico cujo estudo pode ser feito sob duas perspectivas: gíria de grupo e gíria comum.

3 comentários:

  1. Línguas são faladas por pessoas, e as pessoas são muito diferentes umas das outras.

    Elas se distinguem de acordo com classe social, experiência de vida, região geográfica. São distintas no falar e no escrever. Cada grupo tem sua língua. A língua é um mistério sobre o qual vale a pena debruçar-se e refletir.

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  2. A gíria é a cultura do povo
    Bezerra da Silva
    Toda hora tem gíria no asfalto e no morro
    porque ela é a cultura do povo

    Pisou na bola conversa fiada malandragem
    Mala sem alça é o rodo, tá de sacanagem
    Tá trincado é aquilo, se toca vacilão
    Tá de bom tamanho, otário fanfarrão

    Tremeu na base, coisa ruim não é mole não
    Tá boiando de marola, é o terror alemão
    Responsa catuca é o bonde, é cerol
    Tô na bola corujão vão fechar seu paletó

    Toda hora tem gíria...

    Se liga no papo, maluco, é o terror
    Bota fé compadre, tá limpo, demorou
    Sai voado, sente firmeza, tá tranquilo
    Parei contigo, contexto, baranga, é aquilo

    Tá ligado na fita, tá sarado
    Deu bode, deu mole qualé, vacilou
    Tô na área, tá de bob, tá bolado
    Babou a parada, mulher de tromba, sujou

    Toda hora tem gíria...

    Sangue bom tem conceito, malandro e o cara aí
    Vê me erra boiola, boca de sirí
    Pagou mico, fala sério, tô te filmando
    É ruim hem! O bicho tá pegando

    Não tem caô, papo reto, tá pegado
    Tá no rango mané, tá aloprado
    Caloteiro, carne de pescoço, “vagabau”
    Tô legal de você sete-um, gbo, cara de pau

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  3. Gíria de grupo
    A gíria de grupo é usada por grupos sociais fechados e restritos, que têm comportamento diferenciado. Possui caráter criptográfico, ou seja, é uma linguagem codificada de tal forma que não seja entendida por quem não pertence ao grupo. O uso de termos gírios dá aos falantes um sentimento de superioridade, serve como signo de grupo, contribuindo para o processo de auto-afirmação do indivíduo. Expressa a oposição aos valores tradicionais da sociedade e preserva a segurança do grupo, pois em determinadas situações a comunicação é nula com aqueles que não pertencem a ele. Quando o significado das gírias sai do âmbito do grupo, novos termos são criados para que se mantenha seu caráter criptográfico. Por isso trata-se de algo efêmero, em constante renovação.
    Os termos são criados quase sempre a partir do vocabulário comum, com alteração do significante, mudança de categorias gramaticais e criação de metáforas e metonímias que expressam a visão de mundo do grupo, refletindo ironia, agressividade ou humor. Seu processo de criação baseia-se no espírito lúdico, tornando-se um jogo de adivinhação para quem é estranho ao grupo. Embora seu estudo interesse mais aos sociólogos e historiadores da linguagem, que utilizam o fenômeno para pesquisas sobre grupos sociais, a gíria de grupo foi objeto de estudo de alguns lingüistas do século XX.
    Gíria comum
    Quando o uso da gíria de grupo expande-se, passa a fazer parte do léxico popular e torna-se uma gíria comum. É usada para aproximar os interlocutores, passar uma imagem de modernidade, quebrar a formalidade, possibilitar a identificação com hábitos e falantes jovens e expressar agressividade e injúria atenuada. Torna-se um importante recurso da comunicação devido a sua expressividade. A gíria comum é usada na linguagem falada por todas as camadas sociais e faixas etárias, por isso deixa de estar ligada à falta de escolaridade, à ignorância, à falta de leitura. Na linguagem escrita é usada pela imprensa e por escritores contemporâneos, e muitos termos são dicionarizados.
    Expansão do uso da gíria
    Os movimentos político-sociais para democratização da sociedade refletiram-se também nos hábitos e na linguagem; a isto se deve o aumento do uso da gíria. A mudança da sociedade brasileira de predominantemente rural para urbana ampliou o uso da linguagem e dos costumes urbanos por todo o país. O mundo atual é instável, em constante e rápida transformação, e a gíria serve também para expressar revolta e frustração com injustiças sociais, para romper com os valores tradicionais. Neste panorama, cabe à escola não só preservar o ensino tradicional, mas também ensinar as variações lingüísticas e a adequação do uso de cada uma delas, dependendo do papel social que o falante representa em cada situação.
    A gíria nos meios de comunicação
    Os meios de comunicação de massa têm influência cada vez maior sobre os fenômenos da linguagem. Ao utilizarem as gírias em seus programas e reportagens, contribuem para a difusão destes termos por todas as camadas sociais. A cultura de massa precisa uniformizar a produção, então busca elaborar seus programas e textos de forma a atingir um receptor padrão que pode ser culto ou inculto. Surge a norma lingüística da mídia, que mistura hábitos orais e escritos numa linguagem compreensível por todos. Embora seja encontrada também nos jornais de maior prestígio, a gíria é amplamente usada pelo jornalismo popular. Estes termos são usados pela imprensa para aproximar o texto da linguagem oral, buscando a quebra da formalidade e a aproximação com o leitor. Alguns termos têm seu uso tão difundido que o leitor nem percebe que é uma gíria.

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