Breve reflexão sobre um refrão
O
refrão que intitula este texto agride sobremaneira quando se banaliza o
ato de embebedar-se, estimulando uma conduta inconseqüente e violenta
consigo próprio e com o outro.
Será que o refrão “Beber, cair e levantar...”, que se repete indefinidamente, não incomoda quando hoje enfrentamos uma realidade onde se mata e morre no trânsito, quando se estabelecem relações irresponsáveis de competitividade, indiferença e violência? E, se não incomoda; por quê não incomoda? Segundo o Blog do Trânsito:
“Estatísticas publicadas no Brasil confirmam que, em mais de 40% dos acidentes onde há a participação de pelo menos um veículo motorizado, alguns dos participantes, inclusive pedestres, estão sob a influência do álcool”.
O famigerado refrão deveria incomodar a todos, também por vivermos num sistema social, onde diversos grupos familiares adoecem a partir da vivência do alcoolismo.
Então, ao entoarmos este refrão, não percebemos o quanto torna familiar e cotidiano a conduta de “beber, cair e levantar...” Me pergunto se poderiam existir fórmulas para se combater este tipo de “arte” enquanto as letras. Talvez seja uma forma da censura, também com isso não concordo, por isso não creio que existam; mas acredito que existem possibilidades, como aponta Pichon-Rivière:
“Fazer uma crítica da realidade é interrogar a essência dos fenômenos, é superar a ilusão dos fatos”.
Como possibilidade, vale nos assombrarmos! Desse modo, torna-se importante não perdermos esta capacidade de assombro, questionamentos e análise crítica, lembrando de como nosso sistema social estimula a interpretação do real, ainda lembrando a proposta pichoniana:
“A interpretação da realidade tem origem num sistema social com uma ideologia dominante (o poder, os meios massivos de comunicação, a TV, o Rádio, a Internet...) que encobre a realidade do nosso cotidiano, ao mesmo tempo o mostra como real. O que está aparente se identifica como realidade e o essencial costuma ficar encoberto. Convivemos com esses mecanismos e os consideramos como natural – a violência, a discriminação racial, a discriminação sócio-econômica, a miséria, o desrespeito aos nossos direitos enquanto cidadãos, as mortes no trânsito, a dependência química e etc.”
Como caminhos, podemos então refletir, problematizar, criticar. Mas não uma crítica pela crítica e sim uma critica reflexiva, analítica; questionando sobre o que está por traz destas mensagens. A quem interessa e qual o interesse se tem em veicular este tipo de mensagem? Esta pergunta que não se cala, nos possibilita um rompimento com a aceitação acrítica e irreflexiva das mensagens que recebemos e cantarolamos “nos embalos das baladas cotidianas”. A partir daí, podemos criar caminhos para a transformação deste cenário.
Pensar no cotidiano não é apenar refletir, mas tomar atitudes que nos permitam “planejar a esperança” por isso também seria bom lembrar: “Quem se entrega à tristeza, renuncia a plenitude da vida, para sobreviver, planejar a esperança” (Enrique Pichon-Rivière).
Será que o refrão “Beber, cair e levantar...”, que se repete indefinidamente, não incomoda quando hoje enfrentamos uma realidade onde se mata e morre no trânsito, quando se estabelecem relações irresponsáveis de competitividade, indiferença e violência? E, se não incomoda; por quê não incomoda? Segundo o Blog do Trânsito:
“Estatísticas publicadas no Brasil confirmam que, em mais de 40% dos acidentes onde há a participação de pelo menos um veículo motorizado, alguns dos participantes, inclusive pedestres, estão sob a influência do álcool”.
O famigerado refrão deveria incomodar a todos, também por vivermos num sistema social, onde diversos grupos familiares adoecem a partir da vivência do alcoolismo.
Então, ao entoarmos este refrão, não percebemos o quanto torna familiar e cotidiano a conduta de “beber, cair e levantar...” Me pergunto se poderiam existir fórmulas para se combater este tipo de “arte” enquanto as letras. Talvez seja uma forma da censura, também com isso não concordo, por isso não creio que existam; mas acredito que existem possibilidades, como aponta Pichon-Rivière:
“Fazer uma crítica da realidade é interrogar a essência dos fenômenos, é superar a ilusão dos fatos”.
Como possibilidade, vale nos assombrarmos! Desse modo, torna-se importante não perdermos esta capacidade de assombro, questionamentos e análise crítica, lembrando de como nosso sistema social estimula a interpretação do real, ainda lembrando a proposta pichoniana:
“A interpretação da realidade tem origem num sistema social com uma ideologia dominante (o poder, os meios massivos de comunicação, a TV, o Rádio, a Internet...) que encobre a realidade do nosso cotidiano, ao mesmo tempo o mostra como real. O que está aparente se identifica como realidade e o essencial costuma ficar encoberto. Convivemos com esses mecanismos e os consideramos como natural – a violência, a discriminação racial, a discriminação sócio-econômica, a miséria, o desrespeito aos nossos direitos enquanto cidadãos, as mortes no trânsito, a dependência química e etc.”
Como caminhos, podemos então refletir, problematizar, criticar. Mas não uma crítica pela crítica e sim uma critica reflexiva, analítica; questionando sobre o que está por traz destas mensagens. A quem interessa e qual o interesse se tem em veicular este tipo de mensagem? Esta pergunta que não se cala, nos possibilita um rompimento com a aceitação acrítica e irreflexiva das mensagens que recebemos e cantarolamos “nos embalos das baladas cotidianas”. A partir daí, podemos criar caminhos para a transformação deste cenário.
Pensar no cotidiano não é apenar refletir, mas tomar atitudes que nos permitam “planejar a esperança” por isso também seria bom lembrar: “Quem se entrega à tristeza, renuncia a plenitude da vida, para sobreviver, planejar a esperança” (Enrique Pichon-Rivière).
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