Revista Eletrônica de Ciências | ||
São Carlos,
sexta-feira, 8 de março de 2013.
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Número 19, Maio / Junho de 2003 | Artigo |
A roda: a maior invenção tecnológica
Alberto
Cury Nassour
Engenheiro de Materiais
Engenheiro de Materiais
Num
trecho de linha férrea próximo
da cidade de Paris, apenas um zumbido indica a passagem de um trem de
passageiros a quase 300 quilômetros por hora. Numa estradinha de
terra batida numa fazenda do interior mineiro, uma estrutura
barulhenta de carro de bois passa a menos de 5 quilômetros por
hora, produzindo um ranger quase sonolento provocado pelo atrito entre
a roda de madeira e o eixo de apoio. A única semelhança
entre esses dois acontecimentos, converge talvez, para o fato de
simplesmente andarem sobre rodas.
Mais depressa, mais devagar, milhões de
rodas, pequenas ou grandes, funcionam em todo o mundo, transformando a
vida em movimento. Um dos principais indicadores do progresso
consumista de um país, costuma ser medido pela facilidade com
que seus habitantes podem se locomover e transportar os produtos de seu
trabalho ou para seu consumo. Em outras palavras: quantas rodas esse
país faz girar e com qual rapidez?
A diferença que a roda, considerado como
sendo o maior invento fundamental da história, trouxe para o
destino humano é incalculável. Um pouco de
matemática ajudará a explicar tal façanha. Um
homem adulto e treinado percorre num dia de caminhada, cerca de 30
quilômetros, e a carga máxima que consegue carregar
é cerca de 40 quilos, além do seu próprio peso.
Com
a domesticação de animais, por volta de 5.000 a.C., a
capacidade de carga no lombo de bestas aumentou para 100 quilos. A
tração animal aumentou ainda mais a capacidade de carga
para 1.200 quilos puxados por uma carreira de bois. Acredita-se que os
egípcios usaram de artifícios como grandes roletes de
madeira para transportar por quilômetros, os enormes blocos de
granito e de pedra para a construção das pirâmides,
inventando também o que se chama hoje de rota de transportes, ou
simplesmente estradas.
Sem a roda, o homem não iria muito longe.
As quatro principais fontes de energia que o homem utiliza para sua
existência são fundamentadas na roda: a água, a
energia elétrica, o animal e o vento. O simples carrinho de
mão inventado pelos chineses, cerca de 200 a.C., conduz sete
vezes mais carga e passageiros do que o ombro humano. A bicicleta
criada na França em 1645, permitia velocidades até
três vezes maiores do que a de um homem caminhando pausadamente.
A roda: a primeira grande invenção da humanidade.
Além de revolucionar os meios de
transportes, a roda possibilitou outro grande
salto para a tecnologia – o movimento controlado por
rotação. Na Mesopotâmia, há milhares de
anos, os primeiros discos de madeira usados pelo homem para trabalhar o
barro, talvez tenha sido uma das primeiras criações
empregando a roda no sentido explícito da palavra. No
século XIV, apareceram simultaneamente em diferentes
regiões da Europa, como França e Inglaterra, as
primeiras rodas de tecelagem enxertadas com finas agulhas para desfiar
o algodão. Desde então, novos engenhos baseados no mesmo
princípio não pararam de surgir, porém, cada vez
mais complexos. Aproveitando a descoberta de que uma roda de maior
diâmetro leva mais tempo para dar uma volta completa do que uma
roda pequena, o homem também descobriu a teoria da velocidade
centrípeta. Inventaram-se os relógios com rodas dentadas
que até hoje encantam as mais belas catedrais do mundo todo; as
máquinas a vapor; a locomotiva e o automóvel.
Rodas e revoluções andam juntas
há muito tempo. Numa era de colossais conquistas
tecnológicas entre 8.000 e 5.000 a.C., na faixa de países
semi-áridos entre os rios Nilo, localizado na África e
Ganges, na Ásia, o homem inventou o arado, o barco à
vela, os processos de fundição de ferramentas,
jóias e o calendário solar. Todos estes inventos baseados
no princípio da roda. A primeira indicação da
figura de uma roda registrada numa placa de argila, auxiliando um meio
de transporte humano foi na Suméira em 3.500a.C.
Atualmente, as rodas de bicicleta já são feitas de alumínio, kevlar ou fibra de carbono. É o homem rinventando a invenção. Após a descoberta da roda pelos sumérios, a notícia se espalhou. Gregos, romanos e egípcios há mais de 2.000 a.C. criaram então novos modelos, com raios ao invés de uma placa de tábuas, para conduzir suas bigas de guerra e revestidas com pedaços de metal fundido para resistirem aos fortes impactos provocados pelas colisões. Enfim, sempre foram modificando a idéia original conforme suas necessidades e abrindo largos espaços para o uso da roda no seu cotidiano. Os celtas, por exemplo, modificaram os carros romanos e inventaram o sistema de eixo dianteiro giratório, capazes de dar maior direção em curvas menos angulosas. O Renascimento, movimento de revolução nas artes, ciências, medicina e literatura que ocorreu por toda a Europa no século XV, fez surgir os famosos cabriolés, diligências de tração animal com cabine fechada para conduzir a aristocracia européia e protegê-la do mau tempo ou da poeira das rudimentares estradas de terra.
Atualmente, as rodas de bicicleta já são feitas de alumínio, kevlar ou fibra de carbono. É o homem rinventando a invenção. Após a descoberta da roda pelos sumérios, a notícia se espalhou. Gregos, romanos e egípcios há mais de 2.000 a.C. criaram então novos modelos, com raios ao invés de uma placa de tábuas, para conduzir suas bigas de guerra e revestidas com pedaços de metal fundido para resistirem aos fortes impactos provocados pelas colisões. Enfim, sempre foram modificando a idéia original conforme suas necessidades e abrindo largos espaços para o uso da roda no seu cotidiano. Os celtas, por exemplo, modificaram os carros romanos e inventaram o sistema de eixo dianteiro giratório, capazes de dar maior direção em curvas menos angulosas. O Renascimento, movimento de revolução nas artes, ciências, medicina e literatura que ocorreu por toda a Europa no século XV, fez surgir os famosos cabriolés, diligências de tração animal com cabine fechada para conduzir a aristocracia européia e protegê-la do mau tempo ou da poeira das rudimentares estradas de terra.
Por volta de 1850, começava o
declínio da tração animal e iniciava-se a era da
tração a vapor, reescrevendo o papel da roda. Não
demorou muito, inventou-se então as rodas fabricadas totalmente
de ferro forjado no final do século XIX. Barcos a vapor e
locomotivas, além de servirem de meios de transporte de carga,
eram o fascínio de milhares de bens-aventurados da época.
No início do século XX, o veterinário inglês
John Boyd Dunlop criou o primeiro aro pneumático. Nada mais era
do que um aro metálico revestido com uma câmara de couro
costurado e cheio de ar, o qual servia para amenizar os sacolejos
provocados pelas rodas de ferro sobre as estradas de pedra, que
imediatamente foram introduzidos nos veículos automotivos
fabricados por Henry Ford.
O cinema mostrou toda a força
dessa
invenção no lendário filme "Tempos Modernos", de
1936, brilhantemente estrelado por Charlie Chaplin. Daquela
época até os dias atuais a roda nunca mais parou de
movimentar a humanidade.
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Revista Eletrônica de Ciências - Número 19 - Maio /
Junho de
2003.
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