Alex, 27, desenvolveu anorexia na adolescência e sabe que está doente; ele relaciona o transtorno a conflitos familiares
Supervisor de alimentos, o baiano não suporta o cheiro de comida e quer se curar; atualmente, está internado para tratamento em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O baiano Alex desenvolveu anorexia durante a adolescência. Apesar de sempre ter sido magro, aos 16 anos passou a restringir os alimentos. Atribui a origem do transtorno alimentar a conflitos familiares. Hoje, aos 27 anos, 46 kg distribuídos em 1m70 de altura, Alex continua insatisfeito com o corpo. "Por mim, o ideal seria estar com 41 kg", afirma. Ele chegou a pesar 39 kg e ainda assim queria emagrecer mais. Nos últimos meses, o ex-estudante de filosofia passava dias sem comer nada, mesmo sendo supervisor de alimentos em uma lanchonete em São Paulo. Quando conseguia ingerir algo, vomitava. Há quase um mês, após sucessivos desmaios provocados por um quadro grave de desnutrição e com medo de morrer, ele foi internado no Ambulim do HC de São Paulo. Recebe cinco porções de alimentos por dia, mas precisa ser vigiado para não provocar vômitos. A seguir, trechos da entrevista. (CLÁUDIA COLLUCCI)
ALEX - Desde os 16 anos, mas a doença veio se agravar na fase adulta. Comecei a restringir os alimentos porque meu pai achava que eu comia muito, dava bronca. Fiquei com isso na cabeça e fui perdendo a vontade de comer. Quando comia, sentia-me culpado e vomitava.
FOLHA - Nessa época você já se sentia gordo?
ALEX - Não. A distorção da minha imagem começou por volta dos 18 anos. Olhava no espelho e me achava gordo, tinha pavor de engordar mais. Cheguei a pesar 39 kg e ainda me sentia gordo. Nessa época, meu pai e minha mãe brigavam muito, meu pai batia nela. Quando eu presenciava as cenas, corria para vomitar.
FOLHA - Quando você sentiu que havia perdido o controle da doença?
ALEX - Quando me mudei para São Paulo, há cinco anos. Eu não tinha mais ninguém para me vigiar. Antes, meus amigos me policiavam. Aqui em São Paulo cheguei a ficar dias sem comer, às vezes, nem água eu bebia. Quando conseguia, o pouco que eu comia botava para fora em seguida. Por fim, comecei a desmaiar. Uma vez, roubaram o meu celular.
FOLHA - Como você se sente trabalhando com alimentos?
ALEX - É horrível. Onde eu trabalho tem doce, salada, lanches, pizza e eu tenho de supervisionar tudo. É estressante olhar para a comida. Abrir o forno e sentir o cheiro é uma tortura para mim. Tenho a sensação de que até o cheiro vai me engordar. Sinto-me gordo, acho que tenho barriga. Por mim, o ideal seria estar com 41 kg e não com 46 kg. Sei que é uma doença, que meu peso atual está bem abaixo do ideal. Meu sonho é ficar curado.
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