Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nota: Para o filme com Charlton Heston, veja
Earthquake.
Epicentros de sismos na
Terra, 1963-1998 (cortesia
NASA)
Um
sismo é um fenómeno de
vibração brusca e passageira da superfície da
Terra, resultante de movimentos subterrâneos de
placas rochosas, de
atividade vulcânica, ou por deslocamentos (migração) de gases no interior da Terra, principalmente
metano. O movimento é causado pela libertação rápida de grandes quantidades de
energia sob a forma de
ondas sísmicas.
Basicamente, sismo é a ocorrência de uma fratura subterrânea. As ondas elásticas geradas propagam-se por toda a Terra
1
Os grandes sismos, quando ocorrem em zonas habitadas e têm efeitos catastróficos, são popularmente designados pelos termos
terremoto (português brasileiro) ou terramoto (português europeu) . Para os pequenos sismos se costuma usar
abalo sísmico ou
tremor de terra1
. Se um sismo abala zonas não habitadas, não são nunca usados os termos
"terremoto" ou "terramoto", também não se usa estes termos em contextos
científicos e da área de proteção civil.
Descrição do fenómeno sísmico
A maior parte dos sismos ocorrem nas fronteiras entre
placas tectônicas, ou em
falhas entre dois blocos rochosos. O comprimento de uma
falha pode variar de alguns centímetros até milhares de quilômetros, como é o caso da
falha de Santo André na
Califórnia,
Estados Unidos.
Só nos
Estados Unidos ocorrem de 12 000 a 14 000 sismos anualmente (ou seja, aproximadamente 35 por dia). Baseado em registros
históricos de longo prazo, aproximadamente 18 grandes sismos (terremotos ou terramotos, de 7,0 a 7,9 na
escala de magnitude de momento) e um terremoto gigante (8 ou superior) podem ser esperados no período de um ano.
Entre os efeitos dos sismos estão a vibração do solo, abertura de
falhas,
deslizamentos de terra,
tsunamis,
mudanças na rotação da Terra,
mudanças no eixo terrestre,
além de efeitos deletérios em construções feitas pelo homem, resultando
em perda de vidas, ferimentos e altos prejuízos financeiros e sociais
(como o desabrigo de populações inteiras, facilitando a proliferação de
doenças, fome, etc).
O sismo registado de mais alta magnitude de momento foi o
Sismo de Valdivia ou "Grande Sismo do Chile" em
1960 que atingiu 9,5 na
escala de magnitude de momento, seguido pelo
sismo do Alasca de 1964 que atingiu 9,2 na mesma escala.
Tipos de sismos
Sismos de origem natural
A maioria dos sismos está relacionada à natureza tectônica da
Terra, sendo designados
sismos tectônicos. A força tectônica das placas é aplicada na
litosfera, que desliza lenta mas constantemente sobre a
astenosfera devido às correntes de convecção com origem no
manto e no
núcleo (ver
tectónica de placas).
As placas podem afastar-se (tensão), colidir (compressão) ou simplesmente deslizar uma pela outra (
torsão). Com a aplicação destas forças, a rocha vai-se alterando até atingir o seu
ponto de elasticidade, após o qual a matéria entra em ruptura e sofre uma libertação brusca de toda a energia acumulada durante a
deformação elástica. A energia é libertada através de
ondas sísmicas que se propagam pela superfície e interior da
Terra. As rochas profundas fluem plasticamente (têm um comportamento
dúctil –
astenosfera) em vez de entrar em ruptura (que seria um comportamento sólido –
litosfera).
Estima-se que apenas 10% ou menos da energia total de um sismo se propague através das
ondas sísmicas. Aos sismos que ocorrem na fronteira de
placas tectónicas dá-se o nome de
sismos interplacas, sendo os mais frequentes, enquanto que àqueles que ocorrem dentro da mesma
placa litosférica dá-se o nome de
sismos intraplacas e são menos frequentes.
Os sismos intraplacas também podem dar origem a sismos profundos, segundo as
zonas de subducção (zonas de Benioff), ocorrendo entre os 100 e os 670 km. Devem-se à transformação de
minerais - devido aos
minerais transformarem-se noutros com forma mais densa - e este processo é repentino. Pode ocorrer no caso da desidratação da
olivina, em que esta se transforma em
vidro.
Também podem ser sismos de origem vulcânica, devendo-se às movimentações de
magma dentro da
câmara magmática
ou devido à pressão causada por esse quando ascende à superfície,
servindo assim para prever erupções vulcânicas. Está mais associado ao
vulcanismo do tipo explosivo que às do tipo efusivo.
Existem ainda os sismos de afundamento, que ocorrem na sequência de deslizamentos de
correntes turbídicas (grandes fragmentos de rocha que deslizam no
talude continental) ou devido ao abatimento de cavidades ou do tecto de grutas.
No entanto cientistas como
Thomas Gold
advogam que os sismos têm origem partir de migração de gases
primordiais como hélio, metano, nitrogênio e hidrocarbonetos, em grandes
profundidades no interior da terra. Nos limites de placas litosféricas a
intensidade e ocorrência dos sismos são maiores, provavelmente pela
comunicação mais próxima entre o manto e crosta. A migração dos gases
sob alta pressão dissipam energia sísmica através de falhas geológicas
que podem atingir a superfície e causar sérios danos.
Sismos induzidos
Estes são sismos associados à ação humana quer direta ou indiretamente. Podem-se dever à
extração de minerais, água dos
aquíferos ou de
combustíveis fósseis, devido à pressão da água das albufeiras das
barragens, grandes explosões ou a queda de grandes edifícios. Apesar de causarem vibrações na
Terra, estes não podem ser considerados sismos no sentido lato, uma vez que geralmente dão origem a registros ou
sismogramas diferentes dos terramotos de origem natural.
Alguns terramotos ocasionais têm sido associados à construção de
grandes barragens e do enchimento das albufeiras por estas criadas, por
exemplo na
Barragem de Kariba no
Zâmbia . O maior sismo induzido por esta causa ocorreu a 10 de Dezembro de
1967, na região de Koyna a oeste de Madrasta, na
Índia. Teve uma magnitude de 6,3 na
escala de magnitude de momento. Também têm a sua origem na extracção de
gás natural de depósitos subterrâneos.
Podem também ser provocados pela detonação de explosivos muito
fortes, tais como explosões nucleares, que podem causar uma vibração de
baixa magnitude. Assim, a bomba nuclear de 50 megatoneladas chamada
tsar bomba detonada pela
União Soviética em
1961 criou um sismo comparável aos de magnitude 7, produzindo vibrações tão fortes que foram registadas nos
antípodas. Para dar efeito ao
Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, a
Agência Internacional de Energia Atómica usa as ferramentas da
sismologia para detectar atividades ilícitas tais como os testes de
armamento nuclear. Com este sistema é possível determinar exatamente onde ocorreu uma
explosão.
Profundidade dos sismos
Podem ser classificados de três formas: superficiais, intermédios e profundos.
- Superficiais – ocorrem entre a superfície e os 70 km de profundidade (85%)
- Intermédios – ocorrem entre os 70 e os 350 km de profundidade (12%)
- Profundos – ocorrem entre os 350 e os 670 km de profundidade (3% dos sismos)
- Em profundidades superiores a 700 km são muito raros
Na crosta continental, a maior parte dos sismos ocorrem entre os 2 e
os 20 km, sendo muito raros abaixo dos 20 km, uma vez que a temperatura e
pressão são elevadas, fazendo com que a matéria seja
dúctil e tenha mais
elasticidade. Como a
crosta oceânica é fria, nas
zonas de subducção os sismos podem ser mais profundos.
Fenômenos secundários
Sinais precursores
- Aumento da emissão de gás rádon ou radônio;
- Aumento da emissão de gás hélio;
- Aumento da emissão de gás metano, com possível formação de nuvens de metano (coloridas);
- Aumento da atividade de vulcão de lama;
- Ocorrência de microssismos;
- Alteração da condutividade eléctrica;
- Flutuações no campo magnético;
- Modificações na densidade das rochas;
- Variação dos níveis da água em poços próximos das falhas;
- Anomalias no comportamento dos animais; por exemplo migração em massa de anfíbios.
- Aumento da emissão de dióxido de carbono em áreas vulcânicas;
Após o sismo
Distribuição geográfica dos sismos
Os sismos ocorrem sobretudo nas zonas situadas no rebordo das
placas tectónicas, que são zonas de intensa actividade sísmica. São frequentes tanto nos
limites divergentes como nos
limites convergentes.
A zona onde a actividade sísmica é mais intensa é no
Círculo de fogo do Pacífico ou
zona circumpacífica, que passa por toda a zona montanhosa do continente americano (
Andes,
Montanhas rochosas e
ilhas Aleutas) e o lado ocidental do oceano (
Japão,
Filipinas,
Nova Guiné,
ilhas Fiji,
Nova Zelândia). É nesta zona que ocorrem 80% dos sismos a nível mundial.
A cintura mediterrânea asiática também é importante e estende-se de
Gibraltar ao sudeste asiático (15% dos sismos), sendo a zona junto à qual
Portugal está localizado.
Sismicidade histórica em países lusófonos
Portugal
Portugal
tem sido afetado por vários sismos de magnitude moderada a forte, que
muitas vezes resultaram em danos importantes em várias cidades do país.
A maior parte dos sismos graves tiveram origem em zonas interplacas,
cuja sismicidade pode considerar-se elevada, uma vez que Portugal está
perto da fronteira entre a
placa africana e a
placa Euro-Asiática
(podem ser sismos de magnitude elevada (M>6), têm origem no oceano e
têm períodos de retorno de algumas centenas de anos – aponta-se para
que sismos com a intensidade do de
1755 seja cerca de 250 anos). Os
epicentros dos maiores sismos localizam-se perto do
Banco de Gorringe, a Sudoeste do
Cabo de São Vicente. Sismos de alguma importância em
Portugal Continental:
- 216 b.C- Sismo que atingiu toda a Hispânia, na época da batalha de Canas.2
- 382 – sismo seguido da submersão de ilhas ao largo do Cabo de São Vicente.[carece de fontes]
- 20 de Janeiro ou 26 de Janeiro de 1531- Um terramoto em Lisboa,
matou 30.000 pessoas, cerca de 20% da sua população da época :
"Guardando a ordem dos anos, direi do seguinte, de trinta um, no
principio do qual ouve neste reino de Portugal muito trabalho, por aver
nele peste
e terremotos, com tremer a terra e caírem casas e edeficios, onde
morreo muita jente ; e tal espanto e medo pôs que andávão as jentes
espantadas e fora de si, que não ousávão a entrar, nem dormir em
povoado, e saíão-se ao campo, onde dormião em choupanas e tendas que
pera iso fazíão, e asaz foi isto mais em Lisboa e polo Tejo acima que em
outra parte, e em especial em Vila Franca, Povos, Castanheira, Azambuja, até Santarém,
e foi este terremoto a vinte de janeiro do ano de trinta um ; e, como
Noso Senhor é misericordioso, ouve por bem sosegar o tempo." ( Bernardo Rodrigues : Anais de Arzila cap XXVIII, p. 194.)
- 1 de Novembro de 1755 seguido de maremoto (Terramoto de 1755) – foi mais sentido no Algarve do que em Lisboa (pensa-se que a sua origem teve origem numa região e não num epicentro, a sua mais provável magnitude é de 9.0).
- 28 de Fevereiro de 1969 – epicentro no Banco de Gorringe, magnitude 7,3.
- 17 de Dezembro de 2009 - epicentro a 100 km da ponta de Sagres, magnitude 6,0.
A sismicidade é moderada nos sismos de origem intraplaca, passando a baixa no
Norte de Portugal
(o que não implica que nestas zonas não possam ocorrer sismos com
magnitudes significativas, mas o seu período de retorno é na ordem dos
milhares ou dezenas de milhar de anos). Falhas intraplaca em
Portugal Continental:
O
Arquipélago dos Açores
também é bastante afectado pelos sismos (principalmente os grupos
Central e Oriental), e por vezes esta actividade está associada à
actividade vulcânica. Ainda que o
arquipélago dos Açores esteja no limite de
placas, esta sismicidade é causada por um
hot spot ou
pluma mantélica. A sismicidade não tem grande importância no
arquipélago da Madeira.
Brasil
No
Brasil registram-se poucos abalos sísmicos. Em média ocorrem a cada ano um sismo de magnitude 1 a 3 na
escala de magnitude de momento
e a cada cinco anos podem ocorrer abalos de magnitude 4 ou mais. Muitos
tremores são repercussões das ondas de terremotos mais graves cujo
epicentro se localiza na região da
Cordilheira dos Andes. Os locais onde mais acontecem tremores são a
Região Nordeste, seguido do estado do
Acre. No entanto, outras regiões do Brasil também são suscetíveis aos tremores de terra.
3 O local onde frequentemente são registrados tremores é na cidade de
Bebedouro em
São Paulo, ocorrendo tremores de magnitude 2 a 3 quase todos os anos
[carece de fontes]. Esses tremores, segundo o
grupo de sismologia do IAG/
USP, tem suas origens nas
fracturas do
basalto da Formação Serra Geral e provavelmente são induzidos por poços de extração de
água subterrânea na região
4 .
A sequência de tremores de terra que atingiu
João Câmara no
Rio Grande do Norte, em 1986, foi a mais espetacular, a melhor documentada e estudada atividade sísmica já observada no
Brasil. O primeiro evento, sentido pelos moradores e por parte da população de
Natal, foi registrado em
Brasília,
em 21/08/86 e alcançou magnitude 4.3. No mês seguinte (3 e 5/09/86),
dois eventos com magnitudes 4.3 e 4.4, também sentidos, provocaram
pequenos danos e foram acompanhados por várias outras réplicas. Nas
semanas posteriores a sismicidade decresceu, mas, no dia 30/11/86, as
05h 19min 48 s (H.Local), aconteceu o principal tremor de toda a série,
com magnitude 5.1. Ele foi seguido por centenas de réplicas, quatro
delas com magnitude maior ou igual a 4.0 . Danos significativos
ocorreram tanto na área urbana como na rural fazendo com que grande
parte da população abandonasse a cidade.
http://vsites.unb.br/ig/sis/jc.htm
O maior tremor registrado no
Brasil, que atingiu magnitude 7,1 na Escala Richter, foi no
Estado do Amazonas em
20 de junho de
2003.
5
Em 9 de dezembro de 2007 um terremoto de magnitude 4,9 (na escala de magnitude de momento) causou uma morte no município de
Itacarambi em
Minas Gerais. Foi o primeiro tremor da história do Brasil resultando em uma morte, cinco feridos e várias casas destruídas pelo sismo.
6
O tremor de terra ocorrido em
4 de abril de
2008
na região da cidade de Sobral, interior do Ceará, e na cidade de
Fortaleza, foi o maior já registrado na região, segundo o Observatório
Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). Os abalos também foram
registrados pelo laboratório de sismologia da UFRN (Universidade Federal
do Rio Grande do Norte).
7 8
O primeiro atingiu 4,3 graus na escala de magnitude de momento. O
segundo, 3,9. Outros pequenos abalos foram sentidos durante a noite nas
cidades de Sobral, Alcântaras e Meruoca, epicentro do abalo. Não houve
registros de feridos.
No dia
22 de Abril de
2008 um tremor de terra atingiu os estados de
São Paulo,
Paraná,
Santa Catarina e
Rio de Janeiro com magnitude 5,2
Mw.
Esse sismo ocorreu no Oceano Atlântico, na área paulista da Bacia de
Santos. Ficou conhecido como Sismo de São Vicente. Também no dia
29 de setembro de
2008 um tremor de terra atingiu o
Triângulo Mineiro com o
epicentro na cidade de
Uberaba, a magnitude 3,1
Mw, que apesar de pequena chegou a assustar a população do local.
9
Outros abalos sísmicos assustaram a região de
Caxias do Sul-
RS,
sem deixar feridos ou mortos, mas ocorreram rachaduras em casas no
bairro Centro e Fátima. Aparelhos sismógrafos foram instalados para
identificação de novos tremores, mas nenhum foi registrado.
No dia
11 de Agosto de
2013 um tremor atingiu a cidade de
Redenção (Pará) no sul do
Pará com magnitude de 4.9
Mw o tremor ocorreu às 11h53 e teve intensidade V, e assustou a população de
Redenção (Pará) e de cidades próximas como
Pau-d'Arco (Pará) e
Sapucaia (Pará), apesar do tremor não teve registro de feridos.
10
Curiosidades
|
Seções de curiosidades são desencorajadas pelas políticas da Wikipédia.
Ajude a melhorar este artigo, integrando ao corpo do texto os itens relevantes e removendo os supérfluos ou impróprios.
|
|
Um sismo de alta intensidade pode diminuir a rotação do planeta
Terra, como, por exemplo, o que ocorreu no
Chile em
27 de fevereiro de
2010,
que provocou movimento de oito centímetros no eixo de rotação
terrestre. O tempo de rotação do planeta pode ter diminuido em cerca de
um microssegundo (10
-6 s).
11
Referências
Ver também
Ligações externas
adj. Relativo aos tremores ou abalos de terra: fenômenos sísmicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.