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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

AMOR E TRAGÉDIA



AMOR E TRAGÉDIA

O encantamento se desfaz, e sentimentos de desconfiança e desprezo misturam-se de forma confusa. É inaceitável admitir que o relacionamento acabou. Vem o desespero. Nas fantasias, o outro merece punição. A devoção vira ódio - e pode matar. Será que você corre o risco de embarcar numa paixão obsessiva assim?

Você certamente se lembra das lindas histórias de faz-de-conta que ouvia quando criança, em que o amor sempre vence no final. Depois de enfrentar intempéries e monstros, os pombinhos, fossem eles plebeus ou príncipes, terminavam juntos e felizes para a eternidade. O inimigo era sempre derrotado e, com ele, iam embora quaisquer empecilhos à felicidade do casal: ciúme, infidelidade, medo da separação, insegurança. Dessa maneira, a vida a dois se tornava perfeita e tranqüila. Um sonho.

No entanto, os relacionamentos amorosos das pessoas de carne e osso pouco têm de conto de fadas. Não raramente, acabam virando um tormento. Em casos extremos, transformam-se em filme de terror. Todo mundo sabe o quanto não é fácil, passado o estado de encantamento, constatar que o ser amado acorda com remela no olho e não gosta do mesmo sabor de patê. E, quando divergências sobre a marca de papel higiênico e sobre outros itens da lista do supermercado contaminam o dia-a-dia, a relação (e as aborrecidas discussões sobre a relação) pode fazer do romance um suplício. Chega o momento de colocar a consistência dos sentimentos em questão: pára ou continua? A mocinha pede o fim do namoro, mas o príncipe desencantado não se conforma. Num misto de desconfiança e desespero, em vez de atirar na bruxa malvada, ele acerta a mulher - um desfecho trágico, nada a ver com o amor eterno apregoado pelos contos infantis.



Turbulência - Crimes passionais, como o cometido pelo jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves em 20 de agosto deste ano, que pôs um ponto final na vida da ex-namorada, Sandra Gomide, renovam uma questão perturbadora: por que pessoas comuns se envolvem em relacionamentos crescentemente turbulentos. Por que eles levam a um desfecho dramático? Aos 63 anos, Pimenta Neves tinha um cargo poderoso. Ele ocupava o posto de diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo quando deu dois tiros em Sandra - um nas costas e outro, à queima-roupa, no ouvido. Coisa de homem machista? Mulheres bonitas e inteligentes também cometem atos violentos movidas por paixões obsessivas. Há quase cinco anos, os jornais noticiaram que, num de seus momentos de destrambelhamento, Vera Fischer agrediu com uma chave de carro o ex-marido Felipe Camargo, nove anos mais novo.

Maridos que batem na mulher, mulheres que atiram o aparelho de jantar no parceiro - coisas assim acontecem todos os dias. Porém sejamos francos: se a violência fica confinada a casas de narcotraficantes ou nas famílias pobres das favelas, não damos a mínima. Mas, quando pessoas bem-sucedidas, como Pimenta e Vera, vão parar nas páginas policiais dos jornais (no caso de Pimenta, do próprio jornal), ficamos com a incômoda impressão de que, em algum momento, o destino pode nos meter numa roubada dessas. Será?

Sem querer semear o pânico, virtualmente qualquer um de nós poderia protagonizar dramas assim, no papel de agressor ou de agredido. Os pontos do roteiro estão praticamente em qualquer forma de amor que valha a pena: uma forte paixão, um tanto de ciúme, uma pitada de desconfiança, outra de insegurança e momentos de impulsividade. A menos que seja feito de geléia de chuchu ou nunca tenha se apaixonado na vida, você já deve ter provado um coquetel de emoções como essas (veja depoimentos).



Insanidade - As experiências individuais, a maneira de lidar com as frustrações cotidianas, o temperamento de cada um e, sobretudo, a mistura potencialmente explosiva entre duas personalidades em ponto de combustão fazem a diferença. "Em última instância, o freio para o descontrole total é a ética - ou seja, o respeito pelo outro e pela vida", afirma o psicólogo Yves de La Taille, da Universidade de São Paulo. "Vontade de matar alguém num momento de muita raiva todos temos. Mas só alguns a colocam em prática."

Freud escreveu que o estado de estar apaixonado é mais próximo da insanidade que da razão. Com o discernimento deliciosamente prejudicado, o ser apaixonado é capaz de grandes arroubos. "A paixão é também um momento de crise, em que a pessoa está mais exposta, sem defesas, e perde temporariamente as fronteiras razoáveis com o mundo externo", diz o psicanalista Márcio de Freitas Giovannetti, da Sociedade Brasileira de Psicanálise. É um período no qual a razão tira mesmo férias. Abre-se espaço para as fantasias e, em certos casos, também para neuroses e obsessões. "O ser amado é visto como a possibilidade de realizar todos os desejos", afirma o psicanalista. "Essa é a tradução radical de uma fantasia infantil, vivida por todos nós, de que existe um outro que vai nos satisfazer por completo, alguém que vai preencher todos os nossos desejos e as nossas necessidades, como o seio materno, que sacia plenamente a fome do bebê."

Com o tempo, para a maioria das pessoas suficientemente equilibradas, a fantasia se desfaz. Mas, na mente de algumas, a ilusão não termina - pelo contrário, vai ganhando contornos de paradoxal realidade à medida que fica evidente que o outro não é a salvação da lavoura. Começa o assédio. "Há indivíduos que investem tanto no parceiro que o acabam transformando numa parte dele mesmo, num objeto de posse", diz Giovannetti. "Quando o outro sacramenta o equívoco dessa crença - terminando a relação ou declarando sua independência emocional -, o sujeito se sente profundamente lesado." O sentimento é de terrível perda, como se um braço tivesse sido arrancado. Vêm a mágoa, o rancor, o despeito, o desejo de vingança. Em casos extremos, a vontade de matar de verdade. É como se o ressentido, transformado em agressor, dissesse: "Você não tem vida própria, só tem sentido para mim se for meu. Se não está comigo,  então está contra mim. É uma ameaça que tem de ser destruída".



Responsável - Mesmo que sejamos capazes de entender a lógica perversa que joga momentaneamente a razão para escanteio, não costumamos aceitar que um criminoso não tenha responsabilidade sobre seu atos. "A estrutura jurídica prevê que o ser humano é passível, num estado de grande comoção, de ultrapassar o limiar entre o que se pode e o que não se pode fazer", afirma o psiquiatra forense Talvane Marins de Moraes, da Associação Brasileira de Psiquiatria. "No entanto, a lei não exime de responsabilidade quem, mesmo sob forte paixão e emoção, cometa um homicídio." (Veja quadro nesta página.)  A legislação só protege quem é de fato doente ou apresente o grau mais extremo do ciúme patológico, o chamado ciúme delirante, em que a pessoa acredita piamente que o parceiro a está traindo. "Nesses casos, os doentes são inimputáveis", diz o psiquiatra.

Existem pessoas mais propensas do que outras a mergulhar num relacionamento obsessivo? "Em geral, indivíduos muito retraídos, com poucos amigos e dificuldade para estabelecer vínculos duradouros, quando se apaixonam tendem a se fixar no ser amado", afirma a psiquiatra Maria Conceição do Rosário Campos, do Hospital das Clínicas de São Paulo. O mesmo acontece com aqueles que não sabem perder ou aceitar uma negativa. Ao tentar desesperadamente manter a posse do parceiro, o objeto da obsessão se torna o foco de todos os pensamentos.

Ninguém está livre de atravessar períodos amorosamente turbulentos na vida. Você certamente conhece o caso de algum amigo inconformado com o término do relacionamento - não exatamente porque ainda se sinta apaixonado, mas por não admitir ser descartado ou por ter medo de não conseguir conquistar outra mulher. Na tentativa inconsciente de fazer a ex-cara-metade mudar de idéia, ainda que o amor já não exista mais, ele insiste em retomar o namoro. Contraditoriamente, menospreza a relação que tiveram e não poupa críticas e cobranças. Numa mão, flores. Na outra, pedras. "A paixão romântica pressupõe um querer-bem", diz Maria Conceição. "Quando alguém deseja manter a relação amorosa a qualquer custo, apesar de desdenhá-la, demonstra que o sentimento já mudou, virou uma fixação." Não é regra, mas a idéia fixa sobre o outro em um nível extremo pode levar alguém a cometer uma insanidade contra aquele que supostamente ama.

"A impulsividade, um dos motores básicos das atitudes impensadas, nada mais é do que uma baixa tolerância às frustrações" , afirma o psicoterapeuta Roberto Banaco, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Segundo ele, quando alguém vem acumulando uma série de frustrações seguidas em todos os setores de sua vida, fica mais sensível a reagir agressivamente à próxima provocação. "A tendência é eliminar a fonte de agressão", diz. Uma briga com o parceiro pode ser o estopim para uma fúria desmedida. Num delírio momentâneo, surge a solução mágica: acabar com ele, ou com ela.

É bom saber que ninguém parte para um crime sem aviso. O crime passional é o desfecho da crônica de uma morte anunciada, na qual o vilão vai dando pistas de que algo não vai nadíssima bem. O dramático é que esses sinais em geral não são vistos com a real seriedade que mereceriam. "Só depois do crime é que as mudanças de comportamento começam a fazer sentido", diz o psiquiatra e psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos, da USP. É aquela história de prever o passado.



Descontrole - Imagine um sujeito ciclotímico - definição de quem apresenta flutuações constantes no humor e ocasiões de desobediência aos modos elementares da boa educação -, como seria Pimenta Neves, segundo a descrição de colegas de trabalho e amigos. Um ato de destempero verbal não chamaria necessariamente a atenção. Uma ofensa poderia ser considerada "jeito dele". Mas não seria irresponsável aceitar que um indivíduo assim, passando por um período de extrema tensão, andasse armado?

É impossível saber o que exatamente se passa na cabeça de um criminoso passional. O neurocientista Renato Sabbatini, da Universidade Estadual de Campinas, arrisca uma explicação. Para ele, o comportamento humano é resultado do jogo entre razão e emoção. Em linguagem neurológica, uma associação entre o córtex pré-frontal, a área do cérebro relacionada à atividade intelectual, e o sistema límbico, responsável pelo controle das emoções. "Há situações, não se sabe bem por que, em que o cérebro racional não consegue inibir uma superatividade dos neurônios na região do sistema límbico", diz Sabbatini. "Com isso, o indivíduo torna-se instável, e o autocontrole falha. Num momento de ira, ele grita, ofende, bate e, se tiver uma arma no bolso, pode usá-la. Quando o sistema racional retoma a dianteira, o sujeito toma consciência do que fez e se arrepende."

Segundo o psiquiatra Talvane de Moraes, os crimes passionais compartilham algumas características. "O réu, na maioria dos casos, não tem antecedentes criminais. Ele faz tudo num momento de grande tensão, depois de discussões ásperas e troca de provocações. Passada a agressão, é comum o criminoso se surpreender com as próprias atitudes e se sentir tocado pelo que fez." Ele fica no local do crime, chama a polícia, pede ajuda. "Em resumo, retoma a autocrítica", diz Moraes. Baixa um grande sentimento de culpa. Alguns se suicidam.



Transtornado - Além dos ingredientes psicológicos e biológicos, existem também os fatores culturais, que podem criar um contexto favorável ao crime passional. São circunstâncias que apimentam histórias de amor que poderiam estar nas telas do cinema. E estão. (Veja quadro abaixo.) "Há quem ainda justifique um crime contra a mulher alegando que ela era infiel e que, por isso, a matou em legítima defesa da honra. Por outro lado, mulheres que matam o marido depois de anos sofrendo agressões físicas conseguem atenuantes ou até a absolvição", diz a socióloga Wania Pasinato Izumino, do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

A sociedade tende a ser tolerante em relação aos "homens e mulheres de bem" que, de repente, cometem crimes motivados por incontroláveis paixões. "Temos dificuldade de reconhecer que no nosso grupo, no nosso rebanho, alguém agiu muito mal", diz o psiquiatra Talvane de Moraes. "Então, a nossa justificativa é sempre que Fulano estava transtornado, agindo sob privação de sentidos e forte emoção." É a forma mais fácil que a sociedade encontrou para conviver com um medo terrível: o de que, como no esplêndido romance do escocês Robert Louis Stevenson, cada um de nós - gente de bem - abrigue um Mr. Hyde à espera de uma oportunidade para ser libertado.




Frases

"Vontade de matar alguém todos temos de vez em quando. Mas só alguns a concretizam"


Estar apaixonado é mais próximo da insanidade que da razão



Existem pessoas mais propensas a mergulhar em relações obsessivas?



Temos medo de que cada um de nós abrigue um Mr. Hyde à espera da sua hora

"Ele achava que eu dava bola para outro"

 "Foram cinco anos e meio de um relacionamento tumultuado, cheio de brigas, ofensas, gestos brutos e uma paixão para lá de intensa. Mesmo assim, eu ainda tenho algumas boas lembranças do Fábio (veja quadro na página ao lado). A gente pensava em se casar e ter filhos; ele era o homem da minha vida. Nos primeiros anos, eu tolerava os acessos de ciúme dele - que sempre achava que eu estava dando bola para outro -, as ofensas e as explosões de raiva. Ele chegou a me chamar de vagabunda, na frente dos nossos amigos. Mas a paixão era tão grande que um palavrão nem parecia tão grave. Vivíamos um em função do outro, estávamos sempre juntos. Só que as brigas foram passando dos limites. Tudo era motivo para discussão, e as atitudes dele ficavam cada vez mais agressivas - apertões no braço, arranhões no rosto. Hoje sei que a agressividade dele era uma reação ao meu jeito de ser. Apesar de sofrer, eu não pensava em romper o namoro. Tinha medo de não experimentar novamente aquele sentimento forte. Nós não tivemos uma fase de paixão - foi paixão do começo ao fim. Só terminei o relacionamento quando descobri que ele havia me traído. Existia um pacto de fidelidade entre a gente."

"Eu achava que ela iria me trair"

 "Quando eu me lembro do primeiro beijo que dei em Ana (veja quadro na outra página), há nove anos, me dá uma baita saudade. Foi uma sensação forte, diferente de tudo o que eu tinha vivido antes. Mas sinto também culpa e vergonha por causa do meu ciúme exagerado e das minhas constantes agressões verbais a ela. Eu passava dos limites. Não conseguia administrar meus sentimentos. A paixão era tão incontrolável que eu imaginava que todos os homens a achavam linda como eu e queriam beijar aquela boca deliciosa. Eu sei que fui um idiota. Bastava a Ana olhar para o lado que eu já entrava em parafuso, xingava ou a tratava de um jeito mais bruto. Eu era muito inseguro. Acreditava que não conseguia satisfazê-la, que não era homem suficiente para ela e, por isso, tinha muito medo de perdê-la. Ficava desesperado quando ela queria sair, achava que ia ser traído. Era muito impulsivo. Minha atitude mais bruta era um modo de eu mostrar o que estava sentindo. E eu chamava de vagabunda uma mulher que nunca me traiu, que absurdo! Faz quatro anos que eu estou longe dela. Hoje tenho outra namorada e mudei meu jeito de ser. Não quero mais viver aquilo."

Pequena História do Direito nas Paixões Obsessivas

 O conceito de crime passional e o tratamento ao agressor foram mudando no decorrer do tempo, ao acompanhar as transformações culturais. Durante séculos, os direitos da mulher previstos na lei não eram os mesmos do homem. Adultério era uma justificativa que só servia para eles. Veja o que mudou no mundo e no Brasil:


Antigüidade e Idade Média

A vida da mulher não pertencia a ela. Na Roma antiga, onde nasceu o embrião do Direito, ela não era considerada cidadã plena. Sua vida pertencia primeiro ao pai e depois ao marido, que tinha o direito de executá-la quando lhe conviesse. Na época medieval, o assassinato de uma mulher pelo companheiro só era punido se a vítima fosse do interesse do senhor feudal.



Idade Moderna

Com a chegada de dom João VI ao Brasil, chegaram também as regras do além-mar. O marido não podia atacar a esposa sem alguma razão. Mas, caso fosse traído, ganhava esse direito.

No Brasil, segundo as Ordenações Filipinas promulgadas pelo Reino de Portugal, mesmo que o marido ultrajado não tomasse alguma atitude contra tal "vergonha", o Estado poderia decretar a pena de morte para a adúltera e para o amante.



Idade Contemporânea

A Revolução Francesa condenou reis, mudou costumes, implantou novos valores e conceitos legais. Depois de 1800, na Europa, e de 1830 no Brasil, o assassinato da mulher tornou-se crime, mesmo que se constatasse adultério por parte dela. A situação emocional do marido, a maneira pela qual ele descobrisse a traição e o ambiente em que se dava a tragédia podiam ser atenuantes da pena.



Século XX

O Código Penal brasileiro, no crime passional, leva em conta a possibilidade de o réu não estar em seu estado normal quanto praticou o crime. Entra em moda também um novo argumento para os homens: a legítima defesa da honra. Trata-se da tese segundo a qual, ao matar a companheira adúltera, o homem estaria apenas limpando seu nome. Foi o que alegou Doca Street, assassino de Ângela Diniz, ao júri.



Século XXI

A alegação de defesa da honra passou a ser repudiada pelo júri popular. O adultério ainda é crime, mas puni-lo caiu em desuso. Há cinco anos, foi criado o Juizado Especial Criminal, com o objetivo de resolver queixas de maus-tratos e violência doméstica. Para lá seguiu o boletim de ocorrência registrado por Sandra Gomide, em que denuncia uma agressão de Pimenta Neves semanas antes de seu assassinato.


Matou o parceiro e foi ao cinema

Intrigas recheadas de ódio, loucura e paixão desmedida sempre fizeram parte das histórias de amor contadas no cinema. Em 1981, o cineasta francês François Truffaut levou às telas o drama de uma paixão arrebatadora e destrutiva em A Mulher do Lado. Bernard vivia bem com a esposa e o filho até o dia em que um casal se mudou para a casa vizinha à da família. Com Mathilde, a mulher do lado do título, Bernard vivera um tórrido romance no passado. A atração entre os dois reaparece, mas vai destruindo a vida de ambos até o trágico desfecho. "Era uma relação permeada de muita culpa, e nenhum dos dois aceitava que o passado tivesse realmente passado", diz a psiquiatra Ana Hounie. Já a personagem Alex, de Atração Fatal, de Adrian Lyne, é uma executiva bacana e independente que tem um caso com Dan, um homem casado. Quer dizer, um caso para ela, porque para Dan tudo não passara de uma escapadinha. Conforme Dan tenta romper a relação, Alex pira. "Ela quer tudo girando em torno de seu desejo. Em seu mundo imaginário, Dan é sua presa, sua posse, parte de si mesma", diz a psicanalista Sylvia França dos Reis. "Não mais lhe será permitido obter prazer de outras fontes que não a partir dela." O ciúme delirante serviu de inspiração para Claude Chabrol em seu Ciúme, o Inferno do Amor Possessivo (1994). Paul, dono de uma pousada, é um homem deprimido, ansioso e inseguro que procura na mulher Nely os atributos que lhe faltam: alegria, liberdade, segurança. Com a construção de um outro hotel na região, ele passa a sentir-se ameaçado. "Paul transfere seus temores para Nely, numa manifestação de ciúme infundado, que tem suas raízes nas diferenças entre ambos", diz o psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos. "Ele a ama e a odeia pelo mesmo motivo: quer ser o que ela é, mas não consegue." O desfecho - adivinhou - também é trágico.


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