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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

DIGA +... SOBRE A DIVISÃO DA GRAMÁTICA



5. Gramática

O termo gramática admite, pelo menos, três definições:

a) a sistematização dos fatos linguísticos, abarcando a fonologia, a morfossintaxe e a semântica, conforme um determinado modelo (tradicional, estrutural ou
gerativo-transformacional);

b) o conhecimento linguístico que todo falante nativo tem a respeito de sua língua, isto é, um conjunto de regras de número limitado, que fornecem meios para que
o indivíduo possa produzir todas as orações possíveis da língua;

c) um conjunto de regras - um compêndio de gramática - que tem por objetivo divulgar princípios para que o falante possa falar e escrever corretamente. É a
gramática divulgada na escola, a fim de distinguirmos o que é considerado correto daquilo que é tido como incorreto.

Por tradição, divide-se o estudo da gramática em quatro partes:

Fonética e fonologia
(o sistema de sons);

Morfologia
(as formas e a formação das palavras);

Sintaxe
(a inter-relação das palavras na frase e das frases no discurso);

Semântica
(o significado das palavras e suas mudanças).

Bühler (1961) e Jakobson (1969) sistematizaram os diferentes fins aos quais se destinam as mensagens da língua, isto é, as funções da linguagem. Considerando
os elementos envolvidos na comunicação linguística, os autores apontaram uma proposta a respeito das funções da linguagem.

As funções da linguagem correspondem às diversas finalidades que caracterizam um enunciado linguístico. A linguagem desempenha a sua função de acordo com a
ênfase que o emissor dá à mensagem. Conforme o foco se volte ao emissor, ao receptor, ao contexto, ao código, ao contato ou à mensagem, a função será,
respectivamente, emotiva, conativa, referencial, metalinguística, fática ou poética.
1. Função emotiva

Na função emotiva predominam enunciados que expressam, principalmente, a atitude de quem fala com relação àquilo de que fala. É a função na qual o próprio
emissor coloca-se como foco de atenção da mensagem:

O sono está perdido. Sinto-me um pouco só. Acho que estou carente. Pego o telefone. Talvez seja bom falar com alguém. É muito tarde. Vou fazer um suco de
amora. Colhi amoras do
quintal da vizinha. Admito que ela é atraente. Acho que vou convidá-la para um cineminha. Devo acordar cedo, mas o sono não chega. Vou ler um pouco ou ouvir
música. Mozart é relaxante...
2. Função conativa

Na função conativa predominam os enunciados que visam a atuar sobre o destinatário da mensagem. É a função que apresenta o receptor como foco de atenção.
Um exemplo típico da linguagem conativa é o texto publicitário, no qual predomina a tentativa de persuasão:

Há quanto tempo você sonha com um carro importado?
Chegou a sua vez! Você que é moderno, dinâmico e
empreendedor merece o melhor pelo menor preço.
Você vai s sentir elegante e seguro com a beleza e a
tecnologia o Speed. Venha conhecê-lo no nosso showroom.
3. Função referencial

Na função referencial predominam as mensagens centradas no referente ou contexto. É a função que apresenta o referente como foco de atenção. No texto
informativo, jornalístico ou científico, predomina sempre a função referencial. Suas características são objetividade e clareza:

A II Guerra foi a guerra da sociedade industrial, no que
ela tem de mais avançado e mais tenebroso. O computador,
o avião a jato, o tecido sintético, o radar e o foguete
balístico fora inventados ou desenvolvidos em função
do conflito. O medo de que os nazistas chegassem lá
primeiro levou os Estados Unidos a fabricar a bomba
atômica, que seria jogada sobre Hiroshima e Nagasáki
para encerrara guerra com o Japão.

4. Função metalinguística

Na função metalinguística predominam os enunciados em que o código se constitui objeto de descrição. É a função na qual o próprio código aparece em destaque.
Ocorre metalinguagem quando um texto discute a linguagem, quando um filme revela implicações técnicas, artísticas ou pessoais do cinema ou do próprio filme,
quando um poema se concentra na própria criação poética etc. Todo discurso acerca da língua, bem como as definições dos dicionários ou as regras gramaticais
são exemplos típicos da função metalinguística:

Toda gente sabe que a língua é variável. Dois indivíduos
da mesma geração e da mesma localidade, que falam
precisamente o mesmo dialeto e frequentam os mesmos
círculos sociais, nunca estão propriamente a par de seus
hábitos linguísticos. Investigação minuciosa da fala revelaria
inúmeras diferenças de detalhe - na escolha do vocabulário,
na estrutura das sentenças, na relativa frequência com que
são usadas certas formas ou combinações de palavras,
a pronúncia...


5. Função fática

Na função fática predominam mensagens que têm por objetivo principal iniciar uma conversa, atrair a atenção do receptor, verificar sua atenção, prolongar a
comunicação, ou, até mesmo, interrompê-la:

Bom Dia! Como vai você?
Crianças! Atenção por favor!
Vocês estão prestando atenção?
Bem! Diante dos fatos, o que você me recomenda?
Por favor, pare de falar!

São exemplos típicos desta função a linguagem de cumprimentos ou saudações, as primeiras palavras de quem aborda um interlocutor, as tentativas de testar o
nível de atenção dos nossos receptores, as primeiras palavras de quem atende ao telefone etc.

6. Função poética

Na função poética predominam os enunciados cuja mensagem se acha centrada em si mesma. É a função na qual a própria mensagem é colocada em destaque:

Amanheceu pela terra
um vento de estranha sombra,
que a tudo declarou guerra.

Paredes ficaram tortas,
animais enlouqueceram
e as plantas caíram mortas.

O pálido mar tão branco
levantava e desfazia
um verde-lívido flanco.

Das linhas claras da areia
fez o vento retorcidas,
rotas, miseráveis teias.

..........

(Cecília Meireles)

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