História
O emprego mais antigo de um conceito similar ao inteligência emocional remonta a Charles Darwin, que em sua obra referiu a importância da expressão emocional para a sobrevivência e adaptação. Embora as definições tradicionais de inteligência enfatizem os aspectos cognitivos, como memória e resolução de problemas, vários pesquisadores de renome no campo da inteligência estão a reconhecer a importância de aspectos não-cognitivos.
Em 1920, o psicometrista Robert L. Thorndike, na Universidade de Columbia, usou o termo "inteligência social" para descrever a capacidade de compreender e motivar os outros.[1] David Wechsler, em 1940, descreveu a influência dos fatores não-intelectuais sobre o comportamento inteligente, e defendeu ainda que os nossos modelos de inteligência não estariam completos até que esses fatores não pudessem ser adequadamente descritos.
Em 1983, Howard Gardner, em sua teoria das inteligências múltiplas[2], introduziu a ideia de incluir tanto os conceitos de inteligência intrapessoal (capacidade de compreender a si mesmo e de apreciar os próprios sentimentos, medos e motivações) quanto de inteligência interpessoal (capacidade de compreender as intenções, motivações e desejos dos outros). Para Gardner, indicadores de inteligência como o QI não explicam completamente a capacidade cognitiva.[3] Assim, embora os nomes dados ao conceito tenham variado, há uma crença comum de que as definições tradicionais de inteligência não dão uma explicação completa sobre as suas características.
O primeiro uso do termo "inteligência emocional" é geralmente atribuído a Wayne Payne, citado em sua tese de doutoramento, em 1985.[4] O termo, entretanto, havia aparecido anteriormente em textos de Hanskare Leuner (1966). Stanley Greenspan também apresentou em 1989 um modelo de inteligência emocional, seguido por Peter Salovey e John D. Mayer (1990), e Goleman (1995).
Na década de 1990, a expressão "inteligência emocional", tornou-se tema de vários livros (e até best-sellers) e de uma infinidade de discussões em programas de televisão, em escolas e mesmo em empresas. O interesse da mídia foi despertado pelo livro "Inteligência emocional", de Daniel Goleman, redator de Ciência do The New York Times, em 1995.[5] No mesmo ano, na capa da edição de Outubro, a revista Time perguntava ao leitor - "Qual é o seu QE?" - apresentando um importante artigo assinado por Nancy Gibbs sobre o livro de Goleman e despertando o interesse da mídia sobre o tema. A partir de então, os artigos sobre inteligência emocional começaram a aparecer com frequência cada vez maior por meio de uma ampla gama de entidades académicas e de periódicos populares.
A publicação de "The Bell Curve" (1994) pelo psicólogo e professor da Universidade de Harvard Richard Hermstein e pelo cientista político Charles Murray lançou controvérsias em torno do QI. Segundo os autores, a tendência era que a sociedade moderna se estratificasse pela definição de inteligência, não pelo poder aquisitivo ou por classes. O que causou maior polêmica e indignação por parte de inúmeros setores da sociedade foi a afirmação dos autores de que, no que diz respeito à inteligência haveria diferenças entre as etnias.[6]
[editar] Os conceitos de Salovey & Mayer
Salovey e Mayer definiram inteligência emocional como:
- "...a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros." (Salovey & Mayer, 2000).
Dividiram-na em quatro domínios:
- Percepção das emoções - inclui habilidades envolvidas na identificação de sentimentos por estímulos, como a voz ou a expressão facial, por exemplo. A pessoa que possui essa habilidade identifica a variação e mudança no estado emocional de outra.
- Uso das emoções – implica na capacidade de empregar as informações emocionais para facilitar o pensamento e o raciocínio.
- Entender emoções - é a habilidade de captar variações emocionais nem sempre evidentes;
- Controle (e transformação) da emoção - constitui o aspecto mais facilmente reconhecido da inteligência emocional – e a aptidão para lidar com os próprios sentimentos.
[editar] O conceito por Goleman
Goleman definiu inteligência emocional como:
- "...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos." (Goleman, 1998)
Para ele, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos. Como exemplo, recorda que a maioria das situações de trabalho é envolvida por relacionamentos entre as pessoas e, desse modo, pessoas com qualidades de relacionamento humano, como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais chances de obter o sucesso.
Segundo ele, a inteligência emocional pode ser categorizada em cinco habilidades:
- Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;
- Controle Emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;
- Auto-Motivação - dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal;
- Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e
- Habilidade em relacionamentos inter-pessoais - interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.
As três primeiras são habilidades intra-pessoais e as duas últimas, inter-pessoais. Tanto quanto as primeiras são esseciais ao auto-conhecimento, estas últimas são importantes em:
- Organização de Grupos - habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea.
- Negociação de Soluções - característica do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
- Empatia - é a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum.
- Sensibilidade Social - é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas.
[editar] Testes
Os cientistas têm se empenhado em mensurar essas habilidades, tendo sido validados testes como o "Multi-factor Emotional Intelligence Scale" ("MEIS") (Escala Multifatorial de Inteligência Emocional, 1998) e o "Mayer-Salovery-Caruso Emotional Intelligence Test" ("MSCEIT") (Teste de Inteligência Emocional de Mayer-Salovey-Caruso, 2002).[7].
Os testes tradicionais medem a capacidade cognitiva da pessoa. Já os de inteligência emocional baseados na habilidade, são passíveis de interpretações subjetivas do comportamento. O maior problema enfrentado quando se trata de medição de inteligência emocional é como avaliar as respostas "emocionalmente mais inteligentes": uma pessoa pode resolver situações que envolvem componentes emocionais de diversas maneiras.
Notas
- ↑ THORNDIKE, R. K. (1920). "Inteligência e seus usos". Harper's Magazine, 140, 227-335.
- ↑ GARDNER, Howard. "Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences." New York: Basic Books, 1983.
- ↑ SMITH, M. K. (2002). "Howard Gardner and multiple intelligences", the encyclopedia of informal education. Transferido de [1] em 31 de Outubro de 2005.
- ↑ PAYNE, W. L. (1983/1986). "A study of emotion: developing emotional intelligence; self integration; relating to fear, pain and desire". Dissertation Abstracts International, 47, p. 203A. (University microfilms No. AAC 8605928)
- ↑ GOLEMAN, D.. Emotional intelligence. New York: Bantam Books, 1995.
- ↑ Revista Mente & Cérebro, nº 179, p. 34-43 (2007).
- ↑ Daisy Grewal; Peter Salovey. Emoção - a outra inteligência.
[editar] Bibliografia
- BEAUPORT, Elaine de; DIAZ, Aura Sofia. Inteligência Emocional - As três faces da mente.
- GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional.
- GOLEMAN, Daniel. Emotional Intelligence: Why it can Matter More Than IQ.
- GOTTMAN, John. Inteligência Emocional e a Arte de Criar Nossos Filhos.
- MIRANDA, Roberto Lira. Além da Inteligência Emocional.
- SEGAL, Jeane. Raising Your Emotional Intelligence: A Pratical Guide.
- SALOVEY, Peter; SHIYTER, David J.. Emotinal Development and Emotional Intelligence: Educational Implicates.
- WEISINGER, Hendrie. Inteligência Emocional no Trabalho.
[editar] Ver também
- Testes de QI
- Inteligência artificial
- Inteligências múltiplas
- Pensamento
- Semiótica
- Cognição
- Inibição Cognitiva
- Criatividade
[editar] Ligações externas
- Teste de Inteligência Emocional
- SCHWARTZ, Gilson. Inteligência Emocional
- Coaching centrado em Inteligência Emocional
- Artigo extraído de "Adeus Mundo Velho. Feliz Mundo Novo, do jornalista, palestrante e escritor Moysés Fernandes
- Treinamento sobre Inteligência Emocional, por Moysés Fernandes
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