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quarta-feira, 27 de junho de 2012
domingo, 24 de junho de 2012
Sabiá - Chico Buarque
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
De Primeiros cantos (1847)
Ufanismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O ufanismo (jactância ou auto-vangloriação de um país) é uma expressão utilizada no Brasil em alusão a uma obra escrita pelo conde Afonso Celso cujo título é Porque me Ufano do Meu País.
O adjetivo ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo arrogando a si méritos extraordinários. Portanto, no caso do Brasil, pode-se afirmar que o ufanismo é a atitude ou posição tomada por determinados grupos que enaltecem o potencial brasileiro, suas belezas naturais, riquezas e potenciais.
Na verdade os ufanistas acabavam por extrapolar ao se vangloriar desmedidamente das riquezas brasileiras, muitas vezes expondo a si e ao país a uma situação que seria interpretada por outros como jactância, bazófia e vaidade.
O governo militar brasileiro iniciou um período de campanhas ufanistas para conquistar simpatia da população.[1] Assim, surgiram os slogans "Ninguém segura este país" e "Brasil, ame-o ou deixe-o", e as músicas com refrão "Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil", "“Este é um país que vai pra frente (...)".[1] O hino da Copa de 1970 era cantado pelo país: "noventa milhões em ação, pra frente, Brasil do meu coração (...) Salve a seleção".[2][1] A euforia gerada na população pela vitória na primeira transmissão ao vivo de uma Copa levava-a às ruas para cantar versinhos patrióticos, misturando governo e futebol em um carnaval fora de época.[2][1][3]
O adjetivo ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo arrogando a si méritos extraordinários. Portanto, no caso do Brasil, pode-se afirmar que o ufanismo é a atitude ou posição tomada por determinados grupos que enaltecem o potencial brasileiro, suas belezas naturais, riquezas e potenciais.
Na verdade os ufanistas acabavam por extrapolar ao se vangloriar desmedidamente das riquezas brasileiras, muitas vezes expondo a si e ao país a uma situação que seria interpretada por outros como jactância, bazófia e vaidade.
O governo militar brasileiro iniciou um período de campanhas ufanistas para conquistar simpatia da população.[1] Assim, surgiram os slogans "Ninguém segura este país" e "Brasil, ame-o ou deixe-o", e as músicas com refrão "Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil", "“Este é um país que vai pra frente (...)".[1] O hino da Copa de 1970 era cantado pelo país: "noventa milhões em ação, pra frente, Brasil do meu coração (...) Salve a seleção".[2][1] A euforia gerada na população pela vitória na primeira transmissão ao vivo de uma Copa levava-a às ruas para cantar versinhos patrióticos, misturando governo e futebol em um carnaval fora de época.[2][1][3]
Referências
- ↑ a b c d e Classificação Indicativa no Brasil: desafios e perspectivas (PDF). Ministério da Justiça pp. 87. Ministério Público do Estado de Goiás (2006). Página visitada em 9 de dezembro de 2011. "Empenhados em reforçar as boas intenções do regime, os militares inauguram um período de campanhas ufanistas. Época do “Brasil Grande”. Surgem slogans como “Ninguém segura este país”, “Brasil, ame-o ou deixeo”, onde “amar” era sinônimo de aceitação do arbítrio institucionalizado e “deixe-o”, justificativa para as prisões e o exílio - forçado ou voluntário - a que centenas de pessoas foram submetidas. A dupla Dom e Ravel explodia em rádios e programas de televisão com o refrão: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil”. Nas escolas, as crianças cantavam “Este é um país que vai pra frente (...)”. O hino da Copa de 1970 brandia “Noventa milhões em ação, pra frente Brasil do meu coração”."
- ↑ a b "TODOS JUNTOS VAMOS, PRA FRENTE BRASIL" - O FUTEBOL, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, O PÚBLICO E O PRIVADO (PDF) pp. 764. Revista Extraprensa. Página visitada em 9 de dezembro de 2011. "Elio Gaspari [...] narra assim a conquista do Tri: "O país cantava: noventa milhões em ação, pra frente, Brasil do meu coração (...) Salve a seleção. Nunca se vira algo igual. Fora a primeira Copa transmitida ao vivo, e as multidões vitoriosas iam às ruas com os versinhos patrióticos que empanturravam as transmissões dos jogos. [...] Falava-se de um 'Brasil Grande', 'Brasil Potência'. Distribuíam-se adesivos com a inscrição 'Brasil, ame-o ou deixe-o'. País, futebol, Copa, seleção e governo misturavam-se num grande Carnaval de junho"."
- ↑ O Futebol na Telinha: A Relação Entre o Esporte Mais Popular do Brasil e a Mídia (PDF) pp. 9. Intercom (maio de 2010). Página visitada em 9 de dezembro de 2011. "O sentimento de integração nacional continua e atinge seu apogeu na ditadura militar. O Brasil é exaltado como um país integrado através do futebol e o tema musical da Copa de 70 mostra bem essa mistura ufanista com progressista e integracionista: “noventa milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração [...] De repente é aquela corrente pra frente parece que todo o Brasil deu a mão. Todos unidos na mesma emoção, tudo é um só coração. Todos juntos vamos, pra frente Brasil, salve a seleção”."
Ver também
O Wikcionário possui o verbete ufanismo
Este artigo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o. | Editor: considere marcar com um esboço mais específico. |
sábado, 23 de junho de 2012
OUTRA BOA!!!
O médico estava namorando a enfermeira Margareth e ela acabou engravidando;
Ele não querendo que sua mulher descobrisse, deu dinheiro à enfermeira, pediu que ela voltasse para sua cidade natal em Minas Gerais, e tivesse o bebê lá.
- Como vou avisá-lo quando o bebê nascer?
- Mande um postal e escreva "PÃO DE QUEIJO".
Eu cuidarei de todas as despesas da criança.
Alguns meses se passaram, um dia quando o médico chegou em casa, a esposa disse:
- Você recebeu um cartão postal de Mina Gerais e eu não consigo entender o significado da mensagem.
Ele leu o cartão e caiu no chão com um violento ataque cardíaco, foi levado à emergência do hospital.
O cardiologista perguntou à esposa:
- Aconteceu algo que possa ter causado o ataque?
- Ele apenas leu este cartão postal:
Ele não querendo que sua mulher descobrisse, deu dinheiro à enfermeira, pediu que ela voltasse para sua cidade natal em Minas Gerais, e tivesse o bebê lá.
- Como vou avisá-lo quando o bebê nascer?
- Mande um postal e escreva "PÃO DE QUEIJO".
Eu cuidarei de todas as despesas da criança.
Alguns meses se passaram, um dia quando o médico chegou em casa, a esposa disse:
- Você recebeu um cartão postal de Mina Gerais e eu não consigo entender o significado da mensagem.
Ele leu o cartão e caiu no chão com um violento ataque cardíaco, foi levado à emergência do hospital.
O cardiologista perguntou à esposa:
- Aconteceu algo que possa ter causado o ataque?
- Ele apenas leu este cartão postal:
"Cinco pães de queijo: Três com linguiça e dois sem".
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Expressões curiosas na Língua Portuguesa
JURAR DE PÉS JUNTOS:
Mãe, eu juro de pés juntos que não fui eu. A expressão surgiu através
das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de
heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado pra
dizer nada além da verdade. Até hoje o termo é usado pra expressar a
veracidade de algo que uma pessoa diz.
MOTORISTA BARBEIRO:
Nossa, que cara mais barbeiro! No século XIX, os barbeiros faziam não
somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também, tiravam
dentes, cortavam calos, etc., e por não serem profissionais, seus
serviços mal feitos geravam marcas. A partir daí, desde o século XV,
todo serviço mal feito era atribuído ao barbeiro, pela expressão
"coisa de barbeiro". Esse termo veio de Portugal, contudo a associação
de "motorista barbeiro", ou seja, um mau motorista, é tipicamente
brasileira..
TIRAR O CAVALO DA CHUVA:
Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair
hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o
cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião e se fosse demorar,
colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar protegido da chuva e
do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da
chuva se o anfitrião percebesse que a visita estava boa e dissesse:
"pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expressão passou a
significar a desistência de alguma coisa.
À BEÇA:
O mesmo que abundantemente, com fartura, de maneira copiosa. A origem
do dito é atribuída às qualidades de argumentador do jurista alagoano
Gumercindo Bessa, advogado dos acreanos que não queriam que o
Território do Acre fosse incorporado ao Estado do Amazonas.
DAR COM OS BURROS N'ÁGUA:
A expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que
escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul
à Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses
burros, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos
muito difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados.
Daí em diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que
faz um grande esforço pra conseguir algum feito e não consegue ter
sucesso naquilo.
GUARDAR A SETE CHAVES:
No século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de
arquivamento de joias e documentos importantes da corte através de um
baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era
distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto eram apenas
quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor
místico atribuído a ele, desde a época das religiões primitivas. A
partir daí começou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" pra
designar algo muito bem guardado..
OK:
A expressão inglesa "OK" (okay), que é mundialmente conhecida pra
significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da
Secessão, no EUA. Durante a guerra, quando os soldados voltavam para
as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0
killed" (nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu
o termo "OK".
ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS:
Existe uma história não comprovada, de que após trair Jesus, Judas
enforcou-se em uma árvore sem nada nos pés, já que havia posto o
dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro de suas botas. Quando
os soldados viram que Judas estava sem as botas, saíram em busca delas
e do dinheiro da traição. Nunca ninguém ficou sabendo se acharam as
botas de Judas. A partir daí surgiu à expressão, usada pra designar um
lugar distante, desconhecido e inacessível.
PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA:
A história mais aceitável para explicar a origem do termo é
proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram
sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados. Um filho do
rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada.
Assim, após o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na
morte da bezerra. Após alguns meses o garoto morreu.
PARA INGLÊS VER:
A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o
Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No
entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas, assim,
essas leis eram criadas apenas "pra inglês ver". Daí surgiu o termo.
RASGAR SEDA:
A expressão, que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra
pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos
Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua
profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua
beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: "Não rasgue
a seda, que se esfiapa".
O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER:
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent
de Paul D`Argent fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de
nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos pra Angel, que
assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via.
Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao
cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de
Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou pra história como o
cego que não quis ver.
ANDA À TOA:
Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está
à toa é o que não tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o
reboca determinar.
QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO:
Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou.
Inicialmente se dizia quem não tem cão caça como gato, ou seja, se
esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.
DA PÁ VIRADA:
A origem do ditado é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está
virada pra baixo, voltada pro solo, está inútil, abandonada
decorrentemente pelo Homem vagabundo, irresponsável, parasita.
NHENHENHÉM:
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao
Brasil, os indígenas não entendiam aquela falação estranha e diziam
que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".
VAI TOMAR BANHO:
Em "Casa Grande & Senzala", Gilberto Freyre analisa os hábitos de
higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das
Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se
contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu
medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o
índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos
de rio, além de usar folhas de árvore pra limpar os bebês e lavar no
rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos
portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com frequência e
raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos
índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos
portugueses, mandavam que fossem "tomar banho".
ELES QUE SÃO BRANCOS QUE SE ENTENDAM:
Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século
XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de
seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português... O
capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como
resposta, ouviu do português a seguinte frase: "Vocês que são pardos,
que se entendam". O oficial ficou indignado e recorreu à instância
superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12°
vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou
prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas,
dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.
A DAR COM O PAU :
O substantivo "pau" figura em várias expressões brasileiras. Esta
expressão teve origem nos navios negreiros. Os negros capturados
preferiam morrer durante a travessia e, pra isso, deixavam de comer.
Então, criou-se o "pau de comer" que era atravessado na boca dos
escravos e os marinheiros jogavam sapa e angu pro estômago dos
infelizes, a dar com o pau. O povo incorporou a expressão.
ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA:
Um de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor
latino Ovídio ( 43 a .C.-18 d.C), autor de célebres livros como "A
arte de amar "e Metamorfoses", que foi exilado sem que soubesse o
motivo. Escreveu o poeta: “A água mole cava a pedra dura". É tradição
das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar
rimas nesse tipo de frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi
o que fizeram com o provérbio, portugueses e brasileiros.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
A GENTE X AGENTE
A GENTE - A GENTE USA NO CASO DA NECESSIDADE DE DIZER CONOSCO = "COM NÓS" = COM A GENTE. JÁ AGENTE - DO VERBO AGIR = QUE AGE OU QUEM AGE OU FAZ AGIR
NÓS DOIS FOMOS COM O AGENTE ATÉ A CENA DO CRIME
=
O AGENTE FOI CONOSCO ATÉ A CENA DO CRIMEO AGENTE FOI "COM NÓS" DOIS ATÉ A CENA DO CRIME
AGENTE
Português
Adjetivo
Singular | Plural | |
---|---|---|
Comum aos dois géneros/gêneros |
agente | agentes |
- que age
Substantivo
a.gen.te- o que age
- que representa outro em contrato, promoção ou negócio:
- Todo o artista tem o seu agente.
- (polícia) qualquer dos membros de uma força policial
- (gramática) o mesmo que sujeito
Expressões
- agente secreto: espião
- agente laranja: mistura química de herbicidas usada na guerra do Vietnã
- agente da passiva: aquele que pratica a ação sofrida pelo sujeito na vós passiva
Tradução
Traduções[ Expandir ▼ ]
Espanhol
Substantivo
agente, masculinoExpressões
- agente de bienes raíces: corretor de imóveis
- agente de policía: policial
Italiano
Substantivo
agente, masculinoExpressões
- agente segreto: agente secreto
Papiamento
Substantivo
agenteAgente
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Esta é uma página de desambiguação, a qual lista artigos associados a um mesmo título. Se uma ligação interna o conduziu até aqui, sugerimos que a corrija para apontá-la diretamente ao artigo adequado. |
O termo "agente" é usado nos mais variados ramos da ciência, tais como Ciência da Computação e Inteligência Artificial, Biologia, Igreja Católica, Lingüística e Microeconomia, entre outras.
- Em direito, agente pode ser utilizado como sinônimo de pessoa Pessoa (direito)
- Em telefonia, agente pode ser utilizado como sinônimo de atendente de Telemarketing
- Em Cardosus, agente pode ser utilizado como sinônimo de "Voces dois"
- Em microbilogia, agente patogênico, ou agente infeccioso é um organismo, microscópico ou não, capaz de produzir doenças infecciosas aos seus hospedeiros.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Os Bons Ladrões - Paulo Mendes Campos
Morando sozinha e indo à cidade em um dia de festa, uma senhora de Ipanema teve a sua bolsa roubada, com todas as suas jóias dentro. No dia seguinte, desesperada de qualquer eficiência policial, recebeu um telefonema:
- É a senhora de quem roubaram a bolsa ontem?
- Sim.
- Aqui é o ladrão, minha senhora.
- Mas como o... o senhor descobriu o meu número?
- Pela carteira de identidade e pela lista.
- Ah, é verdade. E quanto quer para devolver os meus objetos?
- Não quero nada, madame. O caso é que sou um homem casado.
- Pelo fato de ser casado, não precisa andar roubando. Onde estão as minhas jóias, seu sujeito ordinário?
- Vamos com calma, madame. Quero dizer que só ontem, por um descuido meu, minha mulher descobriu quem eu sou realmente. A senhora não imagina o meu drama.
- Escute uma coisa, eu não estou para ouvir graçolas de um ladrão muito descarado...
- Não é graçola, madame. O caso é que adoro minha mulher.
- E por que o senhor está me contando isso? O que me interessa são as jóias e a carteira de identidade (dá um trabalho danado tirar outra), e não tenho nada com a sua vida particular. Quero o que é meu.
- Claro, madame, claro. Estou lhe telefonando por isso. Imagine a senhora que minha mulher falou que me deixa imediatamente se eu não me regenerar...
- Coitada! Ir numa conversa dessas.
- Pois eu prometi nunca mais roubar em minha vida.
- E ela bancou a pateta de acreditar?
- Acho que não. Mas, o que eu prometo, eu cumpro; sou um homem de palavra.
- Um ladrão de palavra, essa é fina. As minhas jóias naturalmente o senhor já vendeu.
- Absolutamente, estão em meu poder.
- E quanto quer por elas? Diga logo.
- Não vendo, madame, quero devolvê-las. Infelizmente, minha mulher disse que só acreditaria em minha regeneração se eu lhe devolvesse as jóias. Depois ela vai lhe telefonar para checar.
- Pois fique sabendo que eu estou gostando muito de sua senhora. Pena uma pessoa de tanto caráter estar casada com um... homem fora da lei.
- É também o que eu acho. Mas gosto tanto dela que estou disposto a qualquer sacríficio.
- Meus parabéns. O senhor vai trazer-me as jóias aqui?
- Isso nunca. A senhora podia fazer uma suja.
- Uma o quê?
- A senhora, com o perdão da palavra, podia chamar a polícia.
- Prometo que não chamo, não por sua causa, por causa de sua senhora.
- Vai me desculpar madame, mas nessa eu não vou.
- Também sou uma mulher de palavra.
- O caso madame, é que nós, os desonestos, não acreditamos na palavra dos honestos.
- Tá. Mas como o senhor pretende fazer então?
- Estou bolando um jeito de lhe mandar as jóias sem perigo para mim e sem que outro ladrão possa roubá-las. A senhora não tem uma idéia?
- O senhor entende mais disso do que eu.
- É verdade. Tenho um plano: eu lhe mando umas flores com as jóias dentro dum pequeno embrulho.
- Não seria melhor eu encontrá-lo numa esquina?
- Negativo! Tenho meu pudor, madame.
- Mas não há perigo de mandar algo de tanto valor para uma casa de flores?
- Não. Vou seguir o entregador a uma certa distância.
- Então, vou ficar esperando. Não se esqueça da carteira.
- Dentro de vinte minutos está tudo aí.
- Sendo assim, muito agradecida e lembranças para sua senhora.
Dentro do prazo marcado, um menino confirmava, que em certas ocasiões, até os ladrões mandam flores e jóias.
O Padeiro - Rubem Braga
Levanto
cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e
abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No
mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera
sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um
lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham
que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido
conseguirão não sei bem o que do governo.
Está
bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E
enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci
antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele
apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava
gritando: - Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como
tivera a idéia de gritar aquilo? ”Então você não é ninguém?” Ele abriu
um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido.
Muitas
vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por
uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de
dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para
dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo
que não era ninguém…
Ele
me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não
quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que
menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o
trabalho noturno.
Era
pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de
uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos
primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como
pão saído do forno. Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às
vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além
de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou
artigo com o meu nome.
O
jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do
meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos
útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”E assobiava
pelas escadas.
Recado ao senhor 903 - Rubem Braga
Vizinho –
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou
desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento
do prédio é explícito e, se não o fosse o senhor
ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro
tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no
903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor:
é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como
não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a
ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de
outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul
pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo
pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são
comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos
algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós
dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos
e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em
diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à
minha casa (perdão; ao meu número) será convidado
a se retirar às 21:45, explicarei: o 903 precisa repousar
das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o l783 para tomar
o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha
na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço
que ela só pode ser tolerável quando um número não
incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites
de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo,
em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são
três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui
estou”. E o outro respondesse: “Entra, vizinho e come de meu pão
e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos
que a vida é curta e a lua é bela”.
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos
e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus
o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores,
e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.
NEGÓCIO DE MENINO - RUBEM BRAGA
Negócio de menino
março, 1964
março, 1964
Tem dez anos, é filho de um amigo, e nos encontramos na praia:— Papai me disse que o senhor tem muito passarinho...— Só tenho três.— Tem coleira?— Tenho um coleirinha.— Virado?— Virado.— Muito velho?— Virado há um ano.— Canta?— Uma beleza.— Manso?— Canta no dedo.— O senhor vende?— Vendo.— Quanto?— Dez contos.Pausa. Depois volta:— Só tem coleira?— Tenho um melro e um curió.— É melro mesmo ou é vira?— É quase do tamanho de uma graúna.— Deixa coçar a cabeça?— Claro. Come na mão...— E o curió?— É muito bom curió.— Por quanto o senhor vende?— Dez contos.Pausa.— Deixa mais barato...— Para você, seis contos.— Com a gaiola?— Sem a gaiola.Pausa.— E o melro?— O melro eu não vendo.— Como se chama?— Brigitte.— Uai, é fêmea?— Não. Foi a empregada que botou nome. Quando ela fala com ele, ele se arrepia todo, fica todo despenteado, então ela diz que é Brigitte.Pausa.— O coleira o senhor também deixa por seis contos?— Deixo por oito contos.— Com a gaiola?— Sem a gaiola.Longa pausa. Hesitação. A irmãzinha o chama de dentro dágua. E, antes de sair correndo, propõe, sem me encarar:— O senhor não me dá um passarinho de presente, não?Rubem Braga
FÁBULA ELEITORAL PARA CRIANÇAS - PAULO MENDES CAMPOS
Um dia, meninos, as coisas da natureza quiseram eleger o rei ou a rainha do universo. Os três reinos entraram logo a confabular. Animais, vegetais e minerais começaram a viver uma vida agitada de surtos eloquentes, manobras, recados furtivos, mensagens cifradas, promessas mirabolantes, ardis, intrigas, palpites, conversinhas ao pé do ouvido.Entre os bichos, era um tumulto formidável. Bandos de periquitos saíam em caravana eleitoral, matilhas de cães discursavam dentro da noite, cáfilas de camelos percorriam os desertos, formigas realizavam comícios fantásticos, a rainha das abelhas zumbia com o seu séquito, sem falar nos cardumes de peixes, nos lobos em alcatéias pelos montes, nas manadas de búfalos pelas savanas, nas revoadas instantâneas dos pombos-correios.A despeito dos imensos interesses em choque, de tantas contradições, é preciso dizer, a bem da verdade, que o pleito transcorreu com limpa lisura.Todas as qualidades eram postas à prova: a astúcia da raposa, a agilidade dos felinos, o engenho dos cupins, o siso da coruja, o poder de intriga das serpentes, a picardia do zorro, a doçura da pomba, a teimosia do burro, o cosmopolitismo dos ratos.O leão, o tigre, a pantera, o leopardo e outros queriam derramar muito sangue; os pássaros coloridos faziam frente única para indicar um pássaro colorido; já os pássaros que cantam, decidiram apontar como candidato o rouxinol, a cotovia, a patativa.Os papagaios viviam a arengar bobagens pelos galhos. A raposa corria as várzeas articulando uma candidatura, ninguém sabia qual. O macaco era vaiado quando alegava semelhança com o homem. O cavalo se meteu a candidato, dando a sua condição de antigo senador do império romano.O pavão, escondendo os pés, exibia a cauda. Certos bichos, como o boi e a íbis, invocavam seus direitos divinos, que não eram mais levados a sério. As hienas e os chacais opinavam por um conselho de notáveis, a ser instituído pelos animais ferozes que lhes deixavam os restos.Nas profundezas do chão, o carbono fazia estranhas combinações com o hidrogênio. O diamante e o ouro brilhavam de esperança. As estrelas pretendiam uma coalizão de todo o espaço constelado em torno de Vênus, causando ciúmes à Lua.As flores distribuíam perfumes à vontade. árvores agitadas recebiam recados que o vento trazia de longe. A floresta pensava eleger não um rei, mas um colegiado de carvalhos experientes. E por toda a flora era um germinar, um brotar, um verdejar, um florescer sem conta.Ao fim de tudo, a escolha não podia ter sido mais feliz, pois os três reinos unidos elegeram a rosa Rainha suprema do Universo. (...)
ALBERTINA - FERNANDO SABINO
Albertine Disparue
Chamava-se Albertina, mas era a própria Nega Fulô: pretinha, retorcida, encabulada. No primeiro dia me perguntou o que eu queria para o jantar:
— Qualquer coisa — respondi.
Lançou-me um olhar patético e desencorajado. Resolvi dar-lhe algumas instruções: mostrei-lhe as coisas na cozinha, dei-lhe dinheiro para as compras, pedi que tomasse nota de tudo que gastasse.
— Você sabe escrever?
— Sei sim senhor — balbuciou ela.
— Veja se tem um lápis aí na gaveta.
— Não tem não senhor.
— Como não tem? Pus um lápis aí agora mesmo!
Ela abaixou a cabeça, levou um dedo à boca, ficou pensando.
— O que é lapisai? — perguntou finalmente.
Resolvi que já era tarde para esperar que ela fizesse o jantar. Comeria fora naquela noite.
— Amanhã você começa — conclui. — Hoje não precisa fazer nada.
Então ela se trancou no quarto e só apareceu no dia seguinte. No dia seguinte não havia água nem para lavar o rosto.
— O homem lá da porta veio aqui avisar que ia faltar — disse ela, olhando-me interrogativamente.
— Por que você não encheu a banheira, as panelas, tudo isso aí?
— Era para encher?
— Era.
— Uê...
Não houve café, nem almoço e nem jantar. Saí para comer qualquer coisa, depois de lavar-me com água mineral. Antes chamei Albertina, ela veio lá de sua toca espreguiçando:
— Eu tava dormindo... — e deu uma risadinha.
— Escute uma coisa, preste bem atenção — preveni: — Eles abrem a água às sete da manhã, às sete e meia tornam a fechar. Você fica atenta e aproveita para encher a banheira, enche tudo, para não acontecer o que aconteceu hoje.
Ela me olhou espantada:
— O que aconteceu hoje?
Era mesmo de encher. Quando cheguei já passava de meia-noite, ouvi barulho na área.
— É você, Albertina?
— É sim senhor...
— Por que você não vai dormir?
— Vou encher a banheira...
— A esta hora?!
— Quantas horas?
— Uma da manhã.
— Só? — espantou-se ela. – Está custando a passar...
— Quero.
— Tá.
Quarto arrumado, Albertina se detém no meio da sala, vira o rosto para o outro lado, toda encabulada, quando fala comigo:
— Posso varrer a sala?
— Pode.
— Tá.
Antes que ela vá buscar a vassoura, chamo-a:
— Albertina!
Ela espera, assim de costas, o dedo correndo devagar no friso da porta.
— Não seria melhor você primeiro fazer café?
— Tá.
Depois era o telefone:
— Telefonou um moço aí dizendo que é para o senhor ir num lugar aí buscar não sei o quê.
— Como é o nome?
— Um nome esquisito...
— Quando telefonarem você pede o nome.
— Tá.
— Albertina!
— Senhor?
— Hoje vai haver almoço?
— Se for possível.
— Tá.
Fazia o almoço. No primeiro dia lhe sugeri que fizesse pastéis, só para experimentar. Durante três dias só comi pastéis.
— Se o senhor quiser que eu pare eu paro.
— Faz outra coisa.
— Tá.
Fez empadas. Depois fez um bolo. Depois fez um pudim. Depois fez um despacho na cozinha.
— Que bobagem é essa aí, Albertina?
— Não é nada não senhor — disse ela.
— Tá — disse eu.
E ela levou para seu quarto umas coisas, papel queimado, uma vela, sei lá o quê. O telefone tocava.
— Atende aí, Albertina.
— É para o senhor.
— Pergunte o nome.
— Ó.
— O quê?
— Disse que chama Ó.
Era o Otto. Aproveitei-me e lhe perguntei se não queria me convidar para jantar em sua casa.
— Doutor, doutor... A moça aí da vizinha disse que eu tou beba, mas é mentira, eu não bebi nada... O senhor não acredita nela não, tá cum ciúme de nóis!
Olhei para ela, estupefato. Mal se sustinha sobre as pernas e começou a chorar.
— Vá para o seu quarto — ordenei, esticando o braço dramaticamente. — Amanhã nós conversamos.
Ela nem fez caso. Senti-me ridículo como um general de pijama, com aquela pretinha dependurada no meu braço, a chorar.
— Me larga! — gritei, empurrando-a. Tive logo em seguida de ampará-la para que não caísse: — Amanhã você arruma suas coisas e vai embora.
— Deixa eu ficar... Não bebi nada, juro!
Na cozinha havia duas garrafas de cachaça vazias, três de cerveja. Eu lhe havia ordenado que nunca deixasse faltar três garrafas de cerveja na geladeira. Ela me obedecia à risca: bebia as três, comprava outras três.
Tranquei a porta da cozinha, deixando-a nos seus domínios. Mais tarde soube que invadira os apartamentos vizinhos fazendo cenas. No dia seguinte ajustamos as contas. Ela, já sóbria, mal ousava me olhar.
— Deixa eu ficar — pediu ainda, num sussurro. — Juro que não faço mais.
Tive pena:
— Não é por nada não, é que não vou precisar mais de empregada, vou viajar, passar muito tempo fora.
Ela ergueu os olhos:
— Nenhuma empregada?
— Nenhuma.
— Então tá.
Agarrou sua trouxa, despediu-se e foi-se embora.
Texto extraído do livro "O Homem Nu", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1973, pág. 176.
Fernando Sabino
Chamava-se Albertina, mas era a própria Nega Fulô: pretinha, retorcida, encabulada. No primeiro dia me perguntou o que eu queria para o jantar:
— Qualquer coisa — respondi.
Lançou-me um olhar patético e desencorajado. Resolvi dar-lhe algumas instruções: mostrei-lhe as coisas na cozinha, dei-lhe dinheiro para as compras, pedi que tomasse nota de tudo que gastasse.
— Você sabe escrever?
— Sei sim senhor — balbuciou ela.
— Veja se tem um lápis aí na gaveta.
— Não tem não senhor.
— Como não tem? Pus um lápis aí agora mesmo!
Ela abaixou a cabeça, levou um dedo à boca, ficou pensando.
— O que é lapisai? — perguntou finalmente.
Resolvi que já era tarde para esperar que ela fizesse o jantar. Comeria fora naquela noite.
— Amanhã você começa — conclui. — Hoje não precisa fazer nada.
Então ela se trancou no quarto e só apareceu no dia seguinte. No dia seguinte não havia água nem para lavar o rosto.
— O homem lá da porta veio aqui avisar que ia faltar — disse ela, olhando-me interrogativamente.
— Por que você não encheu a banheira, as panelas, tudo isso aí?
— Era para encher?
— Era.
— Uê...
Não houve café, nem almoço e nem jantar. Saí para comer qualquer coisa, depois de lavar-me com água mineral. Antes chamei Albertina, ela veio lá de sua toca espreguiçando:
— Eu tava dormindo... — e deu uma risadinha.
— Escute uma coisa, preste bem atenção — preveni: — Eles abrem a água às sete da manhã, às sete e meia tornam a fechar. Você fica atenta e aproveita para encher a banheira, enche tudo, para não acontecer o que aconteceu hoje.
Ela me olhou espantada:
— O que aconteceu hoje?
Era mesmo de encher. Quando cheguei já passava de meia-noite, ouvi barulho na área.
— É você, Albertina?
— É sim senhor...
— Por que você não vai dormir?
— Vou encher a banheira...
— A esta hora?!
— Quantas horas?
— Uma da manhã.
— Só? — espantou-se ela. – Está custando a passar...
*
— O senhor quer que eu arrume seu quarto?— Quero.
— Tá.
Quarto arrumado, Albertina se detém no meio da sala, vira o rosto para o outro lado, toda encabulada, quando fala comigo:
— Posso varrer a sala?
— Pode.
— Tá.
Antes que ela vá buscar a vassoura, chamo-a:
— Albertina!
Ela espera, assim de costas, o dedo correndo devagar no friso da porta.
— Não seria melhor você primeiro fazer café?
— Tá.
Depois era o telefone:
— Telefonou um moço aí dizendo que é para o senhor ir num lugar aí buscar não sei o quê.
— Como é o nome?
— Um nome esquisito...
— Quando telefonarem você pede o nome.
— Tá.
— Albertina!
— Senhor?
— Hoje vai haver almoço?
— Se for possível.
— Tá.
Fazia o almoço. No primeiro dia lhe sugeri que fizesse pastéis, só para experimentar. Durante três dias só comi pastéis.
— Se o senhor quiser que eu pare eu paro.
— Faz outra coisa.
— Tá.
Fez empadas. Depois fez um bolo. Depois fez um pudim. Depois fez um despacho na cozinha.
— Que bobagem é essa aí, Albertina?
— Não é nada não senhor — disse ela.
— Tá — disse eu.
E ela levou para seu quarto umas coisas, papel queimado, uma vela, sei lá o quê. O telefone tocava.
— Atende aí, Albertina.
— É para o senhor.
— Pergunte o nome.
— Ó.
— O quê?
— Disse que chama Ó.
Era o Otto. Aproveitei-me e lhe perguntei se não queria me convidar para jantar em sua casa.
*
Finalmente o dia da bebedeira. Me apareceu bêbada feito
um gambá; agarrando-me pelo braço:— Doutor, doutor... A moça aí da vizinha disse que eu tou beba, mas é mentira, eu não bebi nada... O senhor não acredita nela não, tá cum ciúme de nóis!
Olhei para ela, estupefato. Mal se sustinha sobre as pernas e começou a chorar.
— Vá para o seu quarto — ordenei, esticando o braço dramaticamente. — Amanhã nós conversamos.
Ela nem fez caso. Senti-me ridículo como um general de pijama, com aquela pretinha dependurada no meu braço, a chorar.
— Me larga! — gritei, empurrando-a. Tive logo em seguida de ampará-la para que não caísse: — Amanhã você arruma suas coisas e vai embora.
— Deixa eu ficar... Não bebi nada, juro!
Na cozinha havia duas garrafas de cachaça vazias, três de cerveja. Eu lhe havia ordenado que nunca deixasse faltar três garrafas de cerveja na geladeira. Ela me obedecia à risca: bebia as três, comprava outras três.
Tranquei a porta da cozinha, deixando-a nos seus domínios. Mais tarde soube que invadira os apartamentos vizinhos fazendo cenas. No dia seguinte ajustamos as contas. Ela, já sóbria, mal ousava me olhar.
— Deixa eu ficar — pediu ainda, num sussurro. — Juro que não faço mais.
Tive pena:
— Não é por nada não, é que não vou precisar mais de empregada, vou viajar, passar muito tempo fora.
Ela ergueu os olhos:
— Nenhuma empregada?
— Nenhuma.
— Então tá.
Agarrou sua trouxa, despediu-se e foi-se embora.
Texto extraído do livro "O Homem Nu", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1973, pág. 176.
domingo, 17 de junho de 2012
sábado, 16 de junho de 2012
sexta-feira, 15 de junho de 2012
CRÔNICA - Medidas, no espaço e no tempo, de Stanislaw Ponte Preta
A medida, no espaço e no tempo, varia de acordo com as circunstâncias. E nisso vai o temperamento de cada um, o ofício, o ambiente em que vive.
Nossa falecida avó media na base do novelo. Pobre que era, aceitava encomendas de crochê e disso tirava o seu sustento. Muitas vezes ouvimo-la dizer:
– Hoje estou um pouco cansada. Só vou trabalhar três novelos. Nós todos sabíamos que ela levava uma média de duas horas para tecer cada um dos rolos de lã. Por isso, ninguém estranhava quando dizia que queria jantar dali a meio novelo. Era só fazer a conversão em horas e botar a comida na mesa sessenta minutos depois.
Os índios, por sua vez, marcavam o tempo pela lua. Isso é ponto pacífico, embora, há alguns anos, por distração, eu assistisse a um desses terríveis filmes de carnaval do Oscarito, em que apareciam diversos índios, alguns dos quais, com relógio de pulso.
Sim, os índios medem o tempo pelas luas, os ricos medem o valor dos semelhantes pelo dinheiro, vovó media as horas pelos seus novelos e todos nós, em maior ou menor escala, medimos distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier.
Agora mesmo houve qualquer coisa com a Light [companhia de luz] e a luz faltou. Para a maioria, a escuridão durou duas horas; para Raul, não. Ele, que se prepara para um exame, tem que aproveitar todas as horas de folga para estudar. E acaba de vir lá de dentro, com os olhos vermelhos do esforço, a reclamar:
– Puxa! Estudei uma vela inteira.
Comigo mesmo aconteceu de recorrer a tais medidas, que quase sempre medem melhor ou, pelos menos, dão uma idéia mais aproximada daquilo que queremos dizer. Foi noutro dia quando certa senhora, outrora tão linda e hoje tão gorda, me deu um prolongado olhar de convite ao pecado. Fingi não perceber, mas pensei: “Há uns quinze quilos atrás, eu teria me perdido”.
Sérgio Porto
(In Flora Bender e Ilka Laurito, Crônica: história, teoria e prática. São Paulo: Scipione, 1993, p. 96-97)
Assinale a alternativa que contém a ideia principal da crônica:
(A) “Para a maioria, a escuridão durou duas horas; para Raul, não”.
(B) “Era só fazer a conversão em horas e botar a comida na mesa sessenta minutos depois”.
(C) “Agora mesmo houve qualquer coisa com a Light [companhia de luz] e a luz faltou”.
(D) “todos nós, em maior ou menor escala, medimos distâncias e dias com aquilo que melhor nos convier”.
IMPRIMIDO OU IMPRESSO? EU NÃO SABIA. AGORA SEI.
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im.pri.mirConjugação
Verbo regular da 3.ª conjugação (-ir) [ Expandir ▼ ]
Ver também
No Wikcionário
quinta-feira, 14 de junho de 2012
EXERCÍCIO DE CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA PARA PROVA
BEM BÁSICO
NÍVEL +/_ 1
I. ENUMERE CADA PALAVRA DE ACORDO COM SUA CLASSIFICAÇÃO NO "TEXTO" ABAIXO:
1.ARTIGO
2.SUBSTANTIVO
3.ADJETIVO
4.PREPOSIÇÃO
5.VERBO
6.ADVÉRBIO
7.NUMERAL
8.PRONOME
9.CONJUNÇÃO
10.INTERJEIÇÃO
1. Porque nós somos
mamíferos
2. Fique bem
quietinho
3. Eu procuro um
amor que seja bom pra mim
4. Você é um
moleque malvado
5. Comprei um
terreno enorme, mas o terreno não era plano
6. O dia está
chuvoso
7. Eu sou uma
pessoa muito nervosinha
8. Seus brincos
vermelhos não combinam com sua pele branca
9. Nem tampouco com
o tecido azul do seu vestido
10. Ninguém
sobreviveu ao ataque aéreo
11. O Papa sofreu
uma parada cardíaca
12. Não comemos da
carne bovina.
13. Havia veneno na
casa
14. Sou contra o
armamento atômico
15. A casa foi
envenenada
16. Isso é imortal
17. Oxigênio é vital
para a vida no planeta
18. Coisinha
bonitinha da mamãe
19. Os mansos
herdarão o reino de Deus
20. Tô fora!
21. O verde
simboliza a esperança
22. O branco é
símbolo da paz
23. Reinou
pacificamente
24. Minha cabeça
ficou muito dolorida
25. Seu olhar
angelical me conquistou
26. As armas de
guerra deveriam ser proibidas
27. Alexandre era
belicoso
28. As questões
bélicas estão em eminência
29. Cuidado com a
higiene bucal
30. As bactérias da
boca são perigosas para a saúde
31. O cordão
umbilical enrolou
32. Senti um aperto
no peito
33. Não sei se me
orgulho de ser brasileira
34. Vovó é
luso-brasileira
35. Meu avô Sancho
era da Espanha
36. Tenho uma tia
surda-muda
37. O surdo-mudo não
teve seus direitos respeitados
38. Certamente que
irei ao encontro
39. Cheguei às
pressas no hospital
40. Cheguei afinal\
41. Finalmente
concluí a prova
42. Jamais!!!
43. Sempre acordo
cedinho
44. Eu o chamei aqui
45. Só tenho umas
três chances
46. Essas coisas
passam logo
47. Quando isto vai
passar?
48. O dono do mundo
49. Cada passo que
dei foi vão
50. Certo dia
chegaremos lá
51. Preguiçoso!!!
52. Você é uma
mulher qualquer
53. O dinheiro... eu
quero todo
54. Este vídeo educa
e diverte.
55. Este vídeo é
educativo e divertido
56. Quando você
chegar ficarei feliz
57. Número um
58. Cheguei primeiro
59. Deus dê em dobro
60. Sorvete duplo
61. A dupla do
barulho
62. Minha metade
63. Quero a metade
64. Meio quilo
65. Uma centena de
anos
66. Um século de
existência
67. A década perdida
68. Já tenho uma
década de experiência
69. Esta é vossa
casa
70. A força é
necessária
71. Ele fez isso à
força
72. Eu fiz isso
forçadamente
73. Isto é forçoso
para você
74. Fui forçado a
fazer isto
75. Não quero seu
sorriso forçado
76. Ultimamente, eu
ando assim
77. Menos!!!
78. Como chegaram a
São Paulo tão rápido?
79. Ante o sacrário
nos ajoelhamos
80. Comigo veio
81. Ele pensou
consigo mesmo
82. Eu consigo
83. Comprei laranjas
e bananas
84. Não quero
laranjas nem bananas
85. Penso logo
existo
86. Chegue logo!
87. Fiz tudo segundo
tu quiseste
88. Os segundos são
preciosos
89. O segundo lugar
foi alcançado
90. Ah! Que
peninha...
91. Viva!!!
92. Você tem que
ficar bem viva
93. Viva bem
94. O oceano
Pacífico está agitado
95. Este é um homem
pacífico
96. Pacífico é um
homem calado
97. Eu pacifico as
crianças
98. Isto é vital
99. A vitalidade é
preciosa depois dos 60 anos
1.pessoal do caso reto (sujeito)
2.pessoal do caso obliquo (objeto)
3.possessivo
4.de tratamento
5.demonstrativo
6.indefinido
7.relativo
8.pronome interrogativo
Tabela dos pronomes pessoais
Primeira pessoa | Segunda pessoa | Terceira pessoa | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Singular | Plural | Singular | Plural | Reflexivo | Masculino | Feminino | |||
Singular | Plural | Singular | Plural | ||||||
Sujeito | eu | nós | tu | vós | - | ele | eles | ela | elas |
Objetos diretos | me | nos | te | vos | se | o | os | a | as |
Objetos indiretos | me | nos | te | vos | se | lhe | lhes | lhe | lhes |
Objeto preposicionado | mim | nós | ti | vós | si | ele | eles | ela | elas |
Comutativo | comigo | conosco | contigo | convosco | consigo | com ele | com eles | com ela | com elas |
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