Ai Que Saudades Da Amélia
Mário Lago
Nunca vi fazer tanta exigênciaNem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Mulher
Elba Ramalho
Pra Descrever Uma Mulher Não É Do Jeito Que Quiser Primeiro Tem Que Ser Sensível Se Não É Impossível Quem Vê Por Fora Não Vai Ver Por Dentro O Que Ela É É Um Risco Tentar Resumir Mulher De Um Lado É Corpo E Sedução Do Outro Força E Coração É Fera E Sabe Machucar Mas É Primeira A Te Curar Sempre Faz O Que Bem Quer Ninguém Pode Impedir E Assim Começo A Definir Mulher Mulher, Entre Tudo Que Existe É Principal Pra Você Gerar A Vida É Natural Esse É O Mundo Da Mulher Mulher, Que A Divina Natureza Fez Surgir A Mais Linda Obra Prima Que Alguém Já Viu Assim Nasceu A Mulher Nas Mãos De Deus Por Mais Que Um Homem Possa Ter Sem Ela Não Dá Pra Viver Às Vezes Pede Proteção Pra Ter Um Pouco De Atenção Se Finge Ser Tão Frágil Mas Domina Quem Quiser Pois Ninguém Pode Definir Mulher
Mulher (Sexo Frágil)
Erasmo Carlos
Mulheres
Martinho da Vila
Já tive mulheres de todas as cores, De várias idades, de muitos amores. Com umas até certo tempo fiquei. Prá outras apenas um pouco me dei. Já tive mulheres do tipo atrevida, Do tipo acanhada, do tipo vivida. Casada carente, solteira feliz. Já tive donzela e até meretriz. Mulheres cabeça e desequilibradas. Mulheres confusas, de guerra e de paz, Mas nenhuma delas me fez tão feliz Como você me faz. Procurei em todas as mulheres a felicidade, Mas eu não encontrei e fiquei na saudade. Foi começando bem, mas tudo teve um fim. Você é o sol da minha vida, a minha vontade. Você não é mentira, você é verdade. É tudo o que um dia eu sonhei prá mim. Já tive mulheres de todas as cores, De várias idades, de muitos amores. Com umas até certo tempo fiquei. Prá outras apenas um pouco me dei. Já tive mulheres do tipo atrevida, Do tipo acanhada, do tipo vivida. Casada carente, solteira feliz. Já tive donzela e até meretriz. Mulheres cabeça e desequilibradas. Mulheres confusas, de guerra e de paz, Mas nenhuma delas me fez tão feliz Como você me faz. Procurei em todas as mulheres a felicidade, Mas eu não encontrei e fiquei na saudade. Foi começando bem, mas tudo teve um fim. Você é o sol da minha vida, a minha vontade. Você não é mentira, você é verdade. É tudo o que um dia eu sonhei prá mim. Procurei em todas as mulheres a felicidade, Mas eu não encontrei e fiquei na saudade. Foi começando bem, mas tudo teve um fim. Você é o sol da minha vida, a minha vontade. Você não é mentira, você é verdade. É tudo o que um dia eu sonhei prá mim.
De manhã cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres Pelos filhos, pelo pão Depois sorri, meio sem graça E abraça aquele homem, aquele mundo Que a faz assim, feliz De tardezinha essas menina se namora Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal Ah, como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista Isso tudo é muito bom E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia qualquer dia Entender de ser feliz De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quanto os homens enlouquece Nessa boca, nesse chão Depois parece que acha graça E agradece ao destino aquilo tudo Que a faz tão infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em que esbarro toda hora No espelho casual É feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural.
Essa Mulher
Elis Regina
Mulheres de Atenas
Elis Regina
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem por seus maridos, orgulho e raça de Atenas Quando amadas se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram, se ajoelham Pedem, imploram mais duras penas, cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem por seus maridos poder e força de Atenas Quando eles embarcam soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos querem arrancar violentos Carícias plenas, obcenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, heróis e amantes de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras falenas Mas no fim da noite, aos pedaços, quase sempre voltam Pros braços de suas pequenas, Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade nem defeitos Nem qualidades, têm medo apenas Não tem sonho, só têm presságios O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas, morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, bravos guerreiros de Atenas As jovens viúvas marcadas e as gestantes abandonadas Não fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem, se conformam E se recobrem as suas novenas, serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Cessam por seus maridos orgulho e raça de Atenas
Mulher carioca
Vinicius de Moraes
Ela tem um jeitinho como ninguém
Que ninguém tem
A gaúcha tem a fibra
A mineira o encanto tem
A baiana quando vibra
Tem tudo isso e o céu também
A capixaba bonita
É de dar água na boca
E a linda pernambucana
Ai, meu Deus, que coisa louca!
A mulher amazonense
Quando é boa é demais
Mas a bela cearense
Não fica nada para trás
A paulista tem a "erva"
Além das graças que tem
A nordestina conserva
Toda a vida e o querer-bem
A mulher carioca
O que é que ela tem?
Ela tem tanta coisa
Que nem sabe que tem
Ela tem o bem que tem
Tem o bem que tem o bem
Tem o bem que ela tem
Que ninguém tem, que tem
Ela tem um pouquinho que ninguém tem
Ela faz um carinho como ninguém
Ela tem um passinho que vai e que vem
Ela tem um jeitinho de nhem-nhem-nhem
A carioca tem um jeitinho de nhem-nhem-nhem
Tem um jeitinho de nhem-nhem-nhem
Tem um carinho também
A carioca faz um passinho de nhem-nhem-nhem
Que ninguém tem
A gaúcha tem a fibra
A mineira o encanto tem
A baiana quando vibra
Tem tudo isso e o céu também
A capixaba bonita
É de dar água na boca
E a linda pernambucana
Ai, meu Deus, que coisa louca!
A mulher amazonense
Quando é boa é demais
Mas a bela cearense
Não fica nada para trás
A paulista tem a "erva"
Além das graças que tem
A nordestina conserva
Toda a vida e o querer-bem
A mulher carioca
O que é que ela tem?
Ela tem tanta coisa
Que nem sabe que tem
Ela tem o bem que tem
Tem o bem que tem o bem
Tem o bem que ela tem
Que ninguém tem, que tem
Ela tem um pouquinho que ninguém tem
Ela faz um carinho como ninguém
Ela tem um passinho que vai e que vem
Ela tem um jeitinho de nhem-nhem-nhem
A carioca tem um jeitinho de nhem-nhem-nhem
Tem um jeitinho de nhem-nhem-nhem
Tem um carinho também
A carioca faz um passinho de nhem-nhem-nhem
Mulher, Sempre Mulher
Vinicius de Moraes
Mulher, ai, ai, mulher
Sempre mulher
Dê no que der
Você me abraça, me beija, me xinga
Me bota mandinga
Depois faz a briga
Só pra ver quebrar
Mulher, seja leal
Você bota muita banca
Infelizmente eu não sou jornal
Mulher, martírio meu
O nosso amor
Deu no que deu
E sendo assim, não insista
Desista, vá fazendo a pista
Chore um bocadinho
E se esqueça de mim
Sempre mulher
Dê no que der
Você me abraça, me beija, me xinga
Me bota mandinga
Depois faz a briga
Só pra ver quebrar
Mulher, seja leal
Você bota muita banca
Infelizmente eu não sou jornal
Mulher, martírio meu
O nosso amor
Deu no que deu
E sendo assim, não insista
Desista, vá fazendo a pista
Chore um bocadinho
E se esqueça de mim
A Brusca Poesia Da Mulher
Vinicius de Moraes
Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado
Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja sido
herói sem mácula
Meu irmão, verifica-me a pressão, o colesterol, a turvação do timol, a
bilirrubina
Maria, prepara-me uma dieta baixa em calorias, preciso perder cinco
quilos
Chamem-me a massagista, o florista, o amigo fiel para as
confidências
E comprem bastante papel; quero todas as minhas esferográficas
Alinhadas sobre a mesa, as pontas prestes à poesia.
Eis que se anuncia de modo sumamente grave
A vinda da mulher amada, de cuja fragrância
já me chega o rastro.
É ela uma menina, parece de plumas
E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos
ventos
Empós meu canto. É ela uma menina.
Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina
Que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes
Do meu amor em solidão. Sim, eis que os arautos
Da descrença começam a encapuçar-se em negros mantos
Para cantar seus réquiens e os falsos profetas
A ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras.
Mas nada a detém; ela avança, rigorosa
Em rodopios nítidos
Criando vácuos onde morrem as aves.
Seu corpo, pouco a pouco
Abre-se em pétalas... Ei-la que vem vindo
Como uma escura rosa voltejante
Surgida de um jardim imenso em trevas.
Ela vem vindo... Desnudai-me, aversos!
Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos!
Alvoroçai-me, auroras nascituras!
Eis que chega de longe, como a estrela
De longe, como o tempo
A minha amada última!
Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja sido
herói sem mácula
Meu irmão, verifica-me a pressão, o colesterol, a turvação do timol, a
bilirrubina
Maria, prepara-me uma dieta baixa em calorias, preciso perder cinco
quilos
Chamem-me a massagista, o florista, o amigo fiel para as
confidências
E comprem bastante papel; quero todas as minhas esferográficas
Alinhadas sobre a mesa, as pontas prestes à poesia.
Eis que se anuncia de modo sumamente grave
A vinda da mulher amada, de cuja fragrância
já me chega o rastro.
É ela uma menina, parece de plumas
E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos
ventos
Empós meu canto. É ela uma menina.
Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina
Que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes
Do meu amor em solidão. Sim, eis que os arautos
Da descrença começam a encapuçar-se em negros mantos
Para cantar seus réquiens e os falsos profetas
A ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras.
Mas nada a detém; ela avança, rigorosa
Em rodopios nítidos
Criando vácuos onde morrem as aves.
Seu corpo, pouco a pouco
Abre-se em pétalas... Ei-la que vem vindo
Como uma escura rosa voltejante
Surgida de um jardim imenso em trevas.
Ela vem vindo... Desnudai-me, aversos!
Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos!
Alvoroçai-me, auroras nascituras!
Eis que chega de longe, como a estrela
De longe, como o tempo
A minha amada última!
A Uma Mulher
Vinicius de Moraes
Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.
Soneto da Mulher Ideal
Vinicius de Moraes
Pra fazer poesia
Tem que ter inspiração
Se forçar ..
Nunca vai ficar boa
Se não..
É como amar uma mulher só linda
E daí !??
Uma mulher tem que ter alguma coisa alem da beleza
Qualquer coisa feliz
Qualquer coisa que ri
Qualquer coisa que sente saudade
Um pedaço de amor derramado
Uma beleza ...
Que vem da tristeza
Que faz um homem que como eu sonhar
Tem que saber amar
saber sofrer pelo seu amor
E ser só perdão
Tem que ter inspiração
Se forçar ..
Nunca vai ficar boa
Se não..
É como amar uma mulher só linda
E daí !??
Uma mulher tem que ter alguma coisa alem da beleza
Qualquer coisa feliz
Qualquer coisa que ri
Qualquer coisa que sente saudade
Um pedaço de amor derramado
Uma beleza ...
Que vem da tristeza
Que faz um homem que como eu sonhar
Tem que saber amar
saber sofrer pelo seu amor
E ser só perdão
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