Enquanto o uso de email tem caído entre os alunos, a comunicação por redes sociais tem aumentado. Nesse sentido, como plataforma para comunicação, o Facebook já ocupa um espaço importante na educação.
A pesquisa de Mazer, Murphy e Simonds, por exemplo, conclui que perfis de professores no Facebook ricos em informações pessoais geraram motivação prévia dos alunos, aprendizado afetivo e maior credibilidade para o professor. Outra pesquisa, de Sturgeon e Walker, concluiu que os alunos têm mais vontade de se comunicar com seus professores se eles já os conhecem no Facebook. Para os autores, haveria evidências suficientes de que as relações entre alunos e professores construídas no Facebook podem gerar um canal de comunicação mais aberto, resultando em ambientes de aprendizagem mais ricos e maior envolvimento dos alunos.
Eu tenho brincado há bastante tempo com o Facebook como ambiente virtual de aprendizagem. No semestre passado, por exemplo, em uma disciplina na Universidade Anhembi Morumbi, usei-o paralelamente ao Blackboard, nosso LMS oficial. Hoje lancei uma pergunta para os meus alunos no grupo privado que criamos no Face:
Qual plataforma você acha que foi mais útil para o seu aprendizado na disciplina Informática Aplicada?Resultado parcial: 10 x 2 – adivinhe para quem?
Neste semestre pretendo fazer uma experiência ainda mais radical. O Facebook tem se tornado uma ferramenta cada vez mais fantástica, muito mais leve, flexível e prática que os AVAs tradicionais.
Mas não somos apenas eu e meus alunos que achamos isso. Chu e Meulemans, em The problems and potential of MySpace and Facebook usage in academic libraries (2008), concluem que os alunos preferem se comunicar pelo Facebook do que por LMSs. Salaway, Caruso e Kark, por sua vez, concluem que o uso do Facebook é maior do que o dos LMSs (isso também em 2008!). Schroeder e Greenbowe, em The Chemistry of Facebook: Using Social Networking to Create an Online Community for the Organic Chemistry Laboratory (2009), tiram conclusões ainda mais marcantes: o Facebook foi um método mais efetivo e eficiente para discussão dos temas da aula, em comparação ao fórum de discussão do WebCT; o número de posts dos alunos foi quase 400% superior no Facebook do que no WebCT; a qualidade dos posts também foi superior; e as discussões continuaram durante todo o semestre. Sem colher (ainda) estatísticas precisas, tenho percebido o mesmo em minhas experiências com o Facebook e outros LMSs.
De lá para cá, foram surgindo muitas outras publicações sobre o uso do Face em educação. O recente Back to the “wall”: How to use Facebook in the college classroom (12/2011), por exemplo, cobre as referências anteriores e várias outras. Lego e Towner notam que parece haver relutância, tanto por parte de professores quanto de alunos, em usar o Facebook para objetivos educacionais, embora exista uma porcentagem significativa de alunos usando ou querendo usá-lo em suas experiências educacionais. Como o artigo foi escrito há quase 1 ano, as coisas podem ter mudado de lá para cá. Mas os autores concluem:
Em nosso ponto de vista, softwares de redes sociais, como o Facebook, oferecem oportunidades únicas para a educação: facilitando a comunicação, facilitating communication, promovendo uma comunidade de aprendizagem e promovendo competências do século XXI.Vejamos então alguns dos recursos do Facebook que podem ser usados em educação.
Só com um perfil e os recursos básicos, já dá para fazer muita coisa. O mural do Facebook no mural foi sendo aperfeiçoado, influenciado pelos microblogs, e hoje oferece um stream de textos, notas, imagens, vídeos, avaliações, comentários, eventos etc. dos seus amigos. Mostra também as atualizações de páginas que você curte e dos grupos a que você pertence. O mural pode servir, portanto, de espaço de comunicação e de discussão, e alunos e professores podem ser marcados, para incentivar sua participação. Mensagens internas (síncronas ou assíncronas) servem também como um importante canal de comunicação, e eventos podem ser utilizados para lembrar de prazos, encontros, palestras etc.
Mas há outros recursos. Grupos são espaços online em que as pessoas podem interagir e compartilhar recursos e comentários. É uma maneira de alunos e professores trabalharem em projetos colaborativos. É possível criar grupos abertos, privados e fechados, o que ajuda a preservar a privacidade de seus membros e dos temas discutidos. Quando um membro posta algo no grupo, como um link para um artigo, uma questão ou uma atividade, outros membros receberão uma mensagem do Facebook com a atualização. Veja um exemplo de criação de um grupo para um curso no Facebook (como o vídeo é de 2009, houve algumas mudanças):
Páginas permitem também interações entre membros do Facebook. Uma página é pública, ou seja, qualquer um pode curti-la, passando a receber atualizações de seu conteúdo em seu feed de notícias. Páginas são, portanto, uma maneira simples de professores e alunos compartilharem links, artigos, vídeos ou feeds de RSS. Nas páginas no Facebook, é possível também utilizar notas e comentários, além de vários outros recursos, como fóruns de discussão. Você pode, por exemplo, criar uma página para sua disciplina e seus alunos podem curtir páginas que outros criaram. Entretanto, ao contrário de grupos, as páginas não podem ser fechadas ou secretas, ou seja, tudo o que for postado em uma página torna-se automaticamente público.
Algumas páginas com conteúdo educacional interessantes de acompanhar: Discovery Channel Global Education, Encyclopaedia Britannica, NASA e National Geographic Education.
Veja dicas interessantes de como montar uma página para um curso (o vídeo é do final de 2010, então também pode haver algumas alterações no procedimento):
Além desses recursos básicos, há vários outros aplicativos que podem ser utilizados em perfis, no mural, em grupos e em páginas no Facebook.
O SlideShare, por exemplo, permite que você faça upload e compartilhe apresentações.
Perguntas é um recurso muito interessante, que possibilita a rápida elaboração de questões e pesquisas, como a que fiz sobre o Facebook e o Blackboard.
Outro recurso muito interessante é o Docs, que permite a criação colaborativa de documentos de texto. Entretanto, o documento tem que ser criado, editado e salvo no Facebook, ou seja, não são permitidos (no momento) nem upload nem download. Na verdade, esse é um dos pontos negativos do Facebook, a impossibilidade de upload e compartilhamento de documentos, como pdfs, documentos de texto e planilhas. No máximo é possível criar links para esses arquivos, fora do Facebook, já que os aplicativos existentes para compartilhamento de arquivos no Facebook, hoje, são ainda inadequados.
O Proyecto Facebook foi realizado na Universidad de Buenos Aires em 2009. Piscitelli, Adaime e Binder apresentam uma descrição de sua metodologia, seu funcionamento e alguns resultados, com inúmeras reflexões e sugestões não apenas do uso do Facebook em educação, mas de redes sociais em geral. O projeto procurou construir um ambiente colaborativo e aberto em educação. Na Introdução, Piscitelli e Adaime afirmam:
O Projeto Facebook demonstrou que o que importa não é tanto os conteúdos, nem os meios ou suportes, mas uma reengenharia dramática do espaço áulico, no verdadeiro sentido da palavra.Eles afirmam ainda que o Facebook se transformou, durante o projeto, em um alfabetizador 2.0. No texto que avalia o processo, há vários artigos interessantes, dentre os quais merece destaque Compreender las Redes Sociales como Ambientes Mediaticos.
Na Jovaed 2011, usamos o Facebook intensamente, como por exemplo nas atividades do FGV Online coordenadas por Ananda Calves, que criou uma página com fóruns de discussão, dentre outros recursos.
No ano passado o Facebook lançou uma série de recursos e orientações para educadores, com a página Facebook for Educators. Lá, é possível baixar por exemplo o guia Facebook for Educators.
No ano passado, também, o grande Eri realizou uma experiência importante de uso do Facebook no TRT:
FACEBOOK COMO SUPORTE TECNOLÓGICO PARA AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: A EXPERIÊNCIA DA ESCOLA JUDICIAL DO TRT2
Mas nem tudo é maravilha! Já apontamos algumas limitações do Facebook
para uso em educação. Os comentários soltos no mural tornam difícil a
visualização e o acompanhamento da informação, mesmo porque não é fácil
controlar o que foi lido e o que não foi. Falta ao Face um sistema de
tags, filtro, busca, organização e classificação da informação,
importantes para objetivos de aprendizagem definidos.
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Essas limitações, entretanto, sejam talvez superadas com as atualizações constantes pelas quais vem passando a plataforma. Mas, mesmo hoje, não devem ser encaradas como limitações que nos afastem, como educadores e alunos, do Facebook. Ao contrário, dentre todas as ferramentas web 2.0 e redes sociais disponíveis hoje, talvez só estejam no mesmo nível do Facebook blogs, o Google Docs e o YouTube. Os LMSs não são mais páreo para o Face.
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obrigado
reforçando o que você diz, tenho tido uma experiência interessante no uso do Facebook na educação, apesar de inicial, me parece interessante de ser comentada. Além do site do meu laboratório que coordeno o LAPROL-UFPB, tenho o que chamo de LAPROL Virtual que fica no moodle da universidade e serve como desdobramento das discussões entre os membros do Lab. O uso do moodle tem sido produtivo, mas sempre aquem do que eu gostaria. Neste final de ano resolvemos criar um grupo do laboratório no facebook e o resultado tem sido extremamente interessante. Aumentou a comunicação entre os membros do LAPROL, além disso, aumentou também o acesso ao próprio Laprol virtual no moodle, pois eu tenho colocado links das discussões e mensagens do moodle via facebook. Então, como já disse, apesar de ser uma experiência inicial, tem sido bastante positiva!
Abraços
Estou desenvolvendo uma pesquisa sobre os usos dos discentes nas redes sociais Twitter e Facebook e adorei as sugestões de atividades postadas no artigo. Criei, dentro do meu face, um grupo de pesquisa e alguns alunos estão sugerindo atividades .Nós ,das escolas públicas do RJ ,estamos engatinhando nessa área, mas estamos pesquisando, avançando em algumas questões.
Mas uma vez você trazendo um artigo muito bacana. Percebo nas minhas atividades que fazer uso de redes sociais e mídias na educação abre muitas possibilidades. Proporciona um desdobramento de discussões e conseqüentemente um aumento das comunicações na relação professor-aluno. Um forte abraço, Nando Vilarouca
Não estariam algumas midias sociais, Facebook principalmente incorporando ferramentas e consequente complexidade e multiversidade de usos a ponto de se parecerem com muitos ambientes LMS?
O uso reduzido das potencialidades de um LMS não se repete no uso das midias sociais devido a sua grande quantidade de recursos?
Esta ampliação de recursos disponibilizados nas mídias sociais não poderá criar diferentes formas de uso, de agrupamentos e de expectativas de ensino/aprendizagem para docentes e discentes?
Não q isto seja bom ou ruim, afinal a educação com tecnologias sejam elas ensacadas como os lms ou soltas como a web 2.0 não pode a priori ser definida como boa ou ruim, melhor ou pior. There is no significative diference (MOORE)
gostei muito desse artigo, estou fazendo meu tcc com o tema A utilização do Facebook como Ferramenta Pedagógica e esse seu artigo vai me ajudar muito.
Se vc tiver mais algum material que possa me ajudar mande para o meu email, desde já agradeço. Um abraço.
Tudo bom?
Gostei muito do seu artigo, vai me ajudar bastante já que estou fazendo um trabalho de pesquisa sobre o uso do Face na educação se você tiver mais alguma coisa que possa me ajudar, por favor mande por e-mail.
Fico grata.
Depois, fui vislumbrando um amplo campo de possibilidades. Foi, inclusive, por meio desta rede que conheci o Prof. João Mattar e diferentes grupos de pesquisas e estudos.
Atualmente, minha relação com o facebook ampliou: face (amigos); face (família); face (ambiente de aprendizagem), entre outras possibilidades. Muito interessante vislumbrar esta rede como espaço virtual que congrega tamanha diversidade.
Minha tese doutorado não é nessa área, mas tenho uma amiga que esta pesquisando o potencial do facebook, como rede social e capturei os textos para repassar a ela.
No meu caso, encontrei indicações de leituras valiosas para outros campos de conhecimento, como mediação da aprendizagem.
Sou professora de Geografia n arede particular de ensino em Salvador. Estou utilização o Facebook como instrumento educacional. Está sendo valído porque a participação de alunos tímidos, afastados, desinteressados está ocorrendo.
As redes sociais são verdadeiros fenômenos e é o desafio de cada educador conhecê-las, inclusive para mim. É necessário continuarmos debatendo sobre a importância delas no campo educacional, pois ali há a possibilidade de tantas trocas , dos mais variados assuntos, inclusive sobre o que se aprende em sala de aula. É a informação com uma velocidade surpreendente. Neste próximo semestre, utilizarei o Facebook em minha prática pedagógica.
Parabéns e muito obrigado!
sou professor de educação fisica e gostaria de fazer minha tese sobre o face como uma ferramenta didática, gostaria de saber vc tem alguam sugestão para eu fundamentar está ideía? obrigado1