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Nota: Para outros significados, veja Luso (desambiguação).
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Este que vês é Luso, donde a fama O nosso Reino Lusitânia chama. "Foi filho e companheiro do Tebano, Que tão diversas partes conquistou; Parece vindo ter ao ninho Hispano Seguindo as armas, que contino usou; Do Douro o Guadiana o campo ufano, Já dito Elísio, tanto o contentou, Que ali quis dar aos já cansados ossos Eterna sepultura, e nome aos nossos. "O ramo que lhe vês para divisa, O verde tirso foi de Baco usado; O qual à nossa idade amostra e avisa Que foi seu companheiro e filho amado.” |
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[editar] História
Com a conquista da Península Ibérica pelo império romano, a região da Lusitânia foi convertida em uma província romana, correspondendo aproximadamente à área actual de Portugal a sul do rio Douro e à província espanhola da Estremadura.
Capa de Naturalis Historia de Plínio, o Velho, a obra que terá involuntariamente sido a origem do personagem mitológico Luso
[editar] Mitologia
Actualmente pensa-se que a suposta existência do personagem mitológico Luso deriva de um erro de tradução da expressão «lusum enim Liberi patris», na obra Naturalis Historia de Plínio, o Velho. O erro terá sido a interpretação da palavra lusum ou lusus como nome próprio, em vez de um simples substantivo que significa jogo.Numa tradução livre desta obra: «M. Varro informa-nos que (...) o nome "Lusitânia" deriva dos jogos (lusus) do Padre Baco, ou da fúria (lyssa) dos seus acólitos frenéticos, e que Pã era o governador de toda a região. Mas as tradições respeitantes a Hércules e Pirene, bem como Saturno, parecem-me absolutas fábulas.» [1]
Isto teria sido lido por André de Resende como «(...) o nome "Lusitânia" deriva de Luso do Padre (mestre ou pai) Baco (...)», e portanto foi interpretado que Luso seria um companheiro ou um filho do furioso deus. É esta a leitura que se vê na estrofe 22 do Canto III d'Os Lusíadas de Camões.
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De Luso, ou Lisa, que de Baco antigo Filhos foram, parece, ou companheiros, E nela então os Íncolas primeiros.” |
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«Depois de Baco ter conquistado a Ibéria, deixou Pã a governar como seu representante, que deu o seu nome à região, chamando-a de Pania, que por corruptela se tornou em Hispânia.»
A expressão grega lyssa significará "fúria frenética" ou "loucura", típicas de Baco/Dioniso. No entanto, estas etimologias parecem ser pouco confiáveis.[1]
[editar] Em Portugal
Na obra Os Lusíadas de Luís de Camões (impressa em 1572), Luso foi o progenitor da tribo dos lusitanos e o fundador da Lusitânia [3]. Para os portugueses do século XVI, era importante olhar para o passado anterior ao domínio mouro para encontrar as origens da nacionalidade. Os visigodos também não seriam os antepassados ideais, devido ao arianismo herético que professavam. Assim olhou-se para a mais alta cultura de Roma, origem de um catolicismo puro, e para o povo que habitava o território de Portugal antes e durante o domínio deste império.Com o impulso da obra literária de Camões, e posteriormente também com a ênfase que lhe foi dada durante o Estado Novo, ter-se-á popularizado pelo mundo esta interpretação da existência de Luso como personagem mitológica.
[editar] Ver também
Referências
- ↑ a b Naturalis Historia, Plínio, o Velho (eds. John Bostock, M.D., F.R.S., H.T. Riley, Esq., B.A.) (em inglês)
- ↑ Lorenzo Hervás, Catálogo de las lenguas de las naciones conocidas, vol. IV, parte II, 1804, p. 106
- ↑ Os Lusíadas, Luís Vaz de Camões (estrofe 22 do Canto III e estrofes 2 a 4 do Canto VIII) (em português)
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