quinta-feira, 10 de novembro de 2011

BEM X MAL... BOM X MAU


...quase um mantra.
ADVÉRBIO DE MODO - MAL E BEM

MAL - MALEFÍCIO - MALÉVOLO - MALÉFICO - MALEVOLENTE -
X
BEM - BENEFÍCIO - BENÉVOLO - BENÉFICO - BENEVOLENTE -

ADJETIVO - MAU E BOM 

MAU - MALDOSO
X
BOM - BONDOSO

Meu Bem, Meu Mal

Caetano Veloso

Você é meu caminho
Meu vinho, meu vício
Desde o início estava você
Meu bálsamo benígno
Meu signo, meu guru
Porto seguro onde eu voltei
Meu mar e minha mãe
Meu medo e meu champagne
Visão do espaço sideral
Onde o que eu sou se afoga
Meu fumo e minha ioga
Você é minha droga
Paixão e carnaval

Bem (filosofia)

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L'Innocence ("Inocência") de Bouguereau. A criança e o cordeiro representam fragilidade e tranqüilidade, como visto em representações de arte religiosa. A imagem de mãe e filho juntos possui tal conotação positiva que caracteres chineses, é codificado como 好 hǎo, significando "bom".
Bem (do latim bene) é a qualidade de excelência ética que leva a uma melhor compreensão do amor, da irmandade, da humildade e da sabedoria. Um conjunto de boas ações favorecem na conscientização[1] sobre a existência, tanto do ponto de vista material quanto espiritual.

Índice

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[editar] Conceituação de bem e mal

Em religião, ética e filosofia, a frase bem e mal refere-se a avaliação de objetos, desejos e comportamentos através de um espectro dualístico, onde numa dada direção estão aqueles aspectos considerados moralmente positivos e na outra, os moralmente negativos. O bem é por vezes visto como algo que implica a reverência pela vida, continuidade, felicidade ou desenvolvimento humano, enquanto o mal é considerado o recipiente dos contrários. Por definição, bem e mal são absolutos porque qualquer enunciado moral afirma ser válido, independentemente de quem o faz, e independentemente de qualquer objeto ao qual o enunciado se refira. Por exemplo, "assassinato é moralmente errado" afirma ser um enunciado objetivo visto que não é um declaração sobre o sujeito que o declara. O enunciado também afirma ser absoluto porque implica que assassinato é mau em geral, por contraste com assassinato ser moralmente errado para que uma pessoa o cometa e não para outra.
Não há consenso se o bem ou o mal são intrínsecos à natureza humana. A natureza da bondade tem recebido muitos tratamentos; em um deles, o bem é baseado no amor natural, vínculos e afetos que se desenvolvem nos primeiros estágios do desenvolvimento pessoal; outro, afirma que a bondade é um produto do conhecimento da verdade. Existem diferentes pontos de vista sobre o porquê do surgimento do mal. Muitas religiões e tradições filosóficas concordam que o comportamento malévolo é em si mesmo uma aberração que resulta da condição humana imperfeita ("A Queda do Homem"). Por vezes, o mal é atribuído à existência do livre arbítrio e da agência humana. Alguns argumentam que o mal em si baseia-se finalmente na ignorância da verdade (isto é, valor humano, santidade, divindade). Alguns pensadores do Iluminismo alegaram o oposto, sugerindo que o mal é aprendido como conseqüência de uma estrutura social tirânica.
Teorias da bondade moral investigam quais tipos de coisas são boas e o que a palavra "bom" realmente significa no abstrato. Como um conceito filosófico, a bondade pode representar a esperança de que o amor natural seja contínuo, expansivo e abrangente. Num contexto religioso monoteísta, é desta esperança que deriva um importante conceito de Deus—como uma infinita projeção de amor, manifesta como bondade na vida das pessoas. Em outros contextos, o bem é visto como algo que produz as melhores conseqüências na vida das pessoas, especialmente em relação a seus estados de bem estar.

[editar] Origem do conceito


Nosso planeta: Divina criação do Bem

[editar] No Egito

Um dos principais discursos sobre a essência do Bem foram expressos por sábios do Egito cujo a datação histórica menciona o segundo milênio (a.C.); porém, de acordo com textos coptas[2] antigos, são sabedorias de mais de 12000 anos no tempo. Da Antiguidade até a Idade Moderna esses ensinamentos foram resumidos e transmitidos para várias civilizações do Oriente Próximo e Europa. O discurso desses sábios em Corpus Hermeticum esclarece a natureza de Deus, dos deuses e da Criação. Assim, Hermes define Deus como o Bem:
Cquote1.svg Certamente todos pronunciam a palavra Bem, mas não percebem o que ela pode ser. Eis porque não percebem também o que é Deus, mas por ignorância, chamam bons os deuses e certos homens, ainda que não o possam ser e se tornar: pois o Bem é o que menos se pode tirar de Deus, é inseparável porque é o próprio Deus. Todos os outros deuses imortais são honrados com o nome de “Deus” , mas o verdadeiro Deus é o Bem, não por uma denominação honorífica, mas pela sua natureza. (…) De Deus a essência por assim dizer é ( o bem, a união, a beatitude ) a sabedoria[1]. Cquote2.svg

[editar] Na Grécia

Embora todas as linguagens possuam uma palavra expressando bem no sentido de "ter a qualidade certa ou desejável" (ἀρετή) e mal no sentido de "indesejável", a noção de "bem e mal" num sentido moral ou religioso absoluto não é antigo, e surge das noções de purificação ritual e impureza. Os significados básicos de κακός e ἀγαθός são "ruim, covardemente" e "bom, bravo, capaz" e seus significados absolutos surgem somente por volta de 400 a.C., com a filosofia pré-socrática, Demócrito em particular.[3] A moralidade em seu sentido absoluto solifica-se nos diálogos de Platão, juntamente com a emergência do pensamento monoteísta (principalmente em Eutifro, o qual pondera o conceito de piedade, τὸ ὅσιον, como um absoluto moral). A idéia é posteriormente desenvolvida na Antiguidade tardia, no Neoplatonismo, Gnosticismo e pelos Pais da Igreja.
Este desenvolvimento do relativo ou habitual para o absoluto é também evidente nos termos ética e moralidade, ambos sendo derivados de termos para "costume regional" (em grego ήθος e em latim mores, respectivamente).

[editar] Campos descritivo, metaético e normativo

É possível tratar as teorias essenciais de valor pelo uso de uma abordagem filosófica e acadêmica. Ao analisar devidamente teorias de valor, as crenças cotidianas não são apenas cuidadosamente catalogadas e descritas, mas também analisadas e julgadas com rigor.
Existem pelo menos duas maneiras básicas de apresentar uma teoria de valor, baseada em dois tipos diferentes de perguntas que as pessoas fazem:
  • O que as pessoas consideram bom, e o que desprezam?
  • O que é realmente bom e o que é realmente mau?
As duas perguntas são sutilmente diferentes. Alguém poderia responder a primeira questão pesquisando o mundo através das ciências sociais, e examinando as preferências que as pessoas declaram. Todavia, alguém poderia responder a segunda pergunta pelo uso do raciocínio, introspecção, prescrição e generalização. O primeiro método de análise é denominado "descritivo", porque tenta descrever o que as pessoas realmente vêem como bem ou mal; enquanto o segundo é denominado "normativo", porque tenta ativamente proibir o mal e valorizar o bem. Estas abordagens descritiva e normativa podem ser complementares. Por exemplo, seguir o declínio da popularidade da escravidão através das culturas é trabalho da ética descritiva, enquanto informar que a escravidão deve ser evitada, é normativo.
A metaética é o estudo das questões fundamentais a respeito da natureza e origens do bom e do odioso, incluindo a investigação da natureza do bem e do mal, assim como o significado da linguagem avaliativa. A este respeito, a metaética não está necessariamente presa às investigações do que os outros vêem como bom, ou que declaram que é bom.

[editar] Ver também

Wikiquote
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Referências

  1. a b Corpus Hermeticum, Hermes Trismegistos . Hemus, 2005
  2. Eram os deuses astronautas? , Dänikem. Tradução Kalmus, Edições Melhoramentos, 1970. (págs 98 e 99)
  3. Charles H. Kahn. Democritus and the Origins of Moral Psychology. "The American Journal of Philology" (1985)

[editar] Ligações externas

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Bem

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Bem pode se referir à
  • Bem (direito): um objeto sujeito a propriedade e respetivos direitos e deveres;
  • Bem (economia): um objeto, físico ou abstrato, que satisfaz uma necessidade humana;
  • Bem (filosofia): qualidade de excelência moral.


Advérbio, palavra que modifica a significação de um verbo, de um adjetivo ou de outro advérbio. Em português, os advérbios se classificam em função de seu significado. Existem advérbios de afirmação (sim, certamente etc.); de negação (não, nunca, jamais etc.); de dúvida (talvez, possivelmente etc.); de lugar (aqui, dentro, longe etc.); de modo (bem, mal, melhor, depressa etc.); e de tempo (hoje, agora, antes, cedo, sempre etc.). Segundo o Gênesis, relato bíblico da criação, Deus criou Adão a partir do pó da terra e o pôs no Jardim do Éden. Eva, a primeira mulher, foi criada a partir de uma das costelas de Adão. Tentado por Eva, Adão comeu a fruta proibida da árvore do bem e do mal, e ambos foram expulsos do Paraíso por sua desobediência. Neste entalhe de Durero, Adão e Eva (1504), a serpente tenta a Eva a compartilhar o fruto com Adão.
Alain de Lille (1128?-1203), teólogo (ver Teologia), apologista e poeta flamengo, provavelmente nascido em Lille, hoje uma cidade no norte da França. Alain é famoso por seu longo poema alegórico, Anticlaudianus, que alcançou imensa popularidade nas escolas medievais (ver Idade Média). Apesar de ter feito conferências, atingindo uma posição de destaque na Universidade de Paris, pouco se sabe sobre sua vida. Em algum momento após sua estada em Paris, Alain ingressou na ordem monástica de Cister (ver Cistercienses). Provavelmente, mudou-se para o sul e ingressou na ordem para poder participar da cruzada missionária contra os albigenses, uma seita herética seguidora do dualismo, ou seja, a crença na existência de um deus do bem e de outro do mal. O poema mais famoso de Alain é Anticlaudianus. Seu tema e título são retirados da obra do poeta romano Claudiano, onde os vícios são usados para causar a ruína de um prefeito romano. A obra de Alain, ao contrário, busca nas virtudes a criação do homem perfeito. Uma outra obra de Alain de Lille, De Planctu Naturae, é dominada pela figura alegórica da natureza. Seus poemas, tratados teológicos e morais e suas composições de oratória traçam-lhe um perfil renascentista, em pleno século XII (ver Renascimento). Sua obra teológica mais completa, De Arte seu Articulis Catholicae Fidei, versa sobre temas que vão desde verdades insubstanciais até demonstrações lógicas. Alain de Lille tinha conhecimento da literatura da época, dos escritores romanos Cícero e Quintiliano, do filósofo romano Boécio, dos escritores cristãos do ocidente e das obras filosóficas baseadas nos ensinamentos de Platão. No entanto, não tomou conhecimento de Aristóteles e dos pensadores árabes que iriam influenciar profundamente a filosofia do século XIII. Alain comprometia-se teologicamente com o neoplatonismo, a síntese da filosofia de Platão, ensinada na escola de Chartres, na França. Ele foi o primeiro pensador medieval a escrever uma obra contra os hereges (ver Heresia) de sua época, e desta forma, precedeu o teólogo do século XIII, Santo Tomás de Aquino, cuja obra-prima no gênero é o Summa contra Gentiles (1261-1264).Ética, princípios ou pautas da conduta humana, também denominada filosofia moral. Como ramo da filosofia, é considerada uma ciência normativa. PRINCÍPIOS ÉTICOS Os filósofos tentaram determinar a boa conduta segundo dois princípios fundamentais: considerando alguns tipos de conduta bons em si, ou em virtude de se adaptarem a um modelo moral concreto. O primeiro implica um valor final, ou summum bonum, desejável por si próprio, e não apenas como um meio de chegar a um fim. Na história da ética, há três modelos principais de conduta: a felicidade ou prazer; o dever, virtude ou obrigação; e a perfeição, que é o completo desenvolvimento das potencialidades humanas. Dependendo do que estabelece a sociedade, a autoridade invocada para uma boa conduta pode ser a vontade de uma divindade, o modelo da natureza ou o domínio da razão. O hedonismo é a filosofia que ensina que o maior de todos os bens é o prazer. Já na filosofia em que a mais alta realização é o poder ilimitado ou absoluto, podem não ser aceitas as regras éticas geradas pelos costumes e serem propostas outras normas ou, ainda, as ações serem regidas por critérios outros, mais adequados a obtenção do domínio visado, buscando-se convencer os demais quanto à sua moralidade. HISTÓRIA A história da ética se entrelaça com a história da filosofia. No século VI a.C., Pitágoras desenvolveu algumas das primeiras reflexões morais a partir do orfismo, afirmando que a natureza intelectual é superior à natureza sensual e que a melhor vida é aquela dedicada à disciplina mental. Os sofistas se mostraram céticos no que se refere a sistemas morais absolutos, embora, para Sócrates, a virtude surja do conhecimento e a educação possa conseguir que as pessoas sejam e ajam de acordo com a moral. Seus ensinamentos modelaram a maior parte das escolas de filosofia moral gregas da posteridade, entre as quais se destacariam os cínicos, os cirenaicos, os megáricos e os platônicos. Para Platão, o mal não existe por si só, é apenas um reflexo imperfeito do real, que é o bem, elemento essencial da realidade. Afirmava que, na alma humana, o intelecto tem que ser soberano, figurando a vontade em segundo lugar e as emoções em terceiro, sujeitas ao intelecto e à vontade. Aristóteles considerava a felicidade a finalidade da vida e a resultante do único atributo humano, a razão. As virtudes intelectuais e morais seriam apenas meios destinados a sua consecução. Na filosofia do estoicismo, a natureza é ordenada e racional e só pode ser boa uma vida que esteja em harmonia com ela. Embora a vida seja influenciada por circunstâncias materiais, o indivíduo tem que se tornar independente desses condicionamentos através da prática de algumas virtudes fundamentais, como a prudência, o valor, a temperança e a justiça. O epicurismo, por sua vez, identificava como sumo bem o prazer, principalmente o prazer intelectual, e, tal como os estóicos, preconizava uma vida dedicada à contemplação. ÉTICA CRISTÃ Os modelos éticos da Idade Clássica eram aplicáveis apenas às classes dominantes, especialmente na Grécia. Grande parte do apelo do cristianismo se explica pela extensão da cidadania moral a todos, inclusive aos escravos. Por outro lado, sua doutrina revolucionou a ética, ao introduzir uma concepção religiosa de bem no pensamento ocidental. De acordo com a idéia cristã, toda pessoa depende inteiramente de Deus e só pode alcançar a bondade com ajuda de sua graça. No fim da Idade Média, São Tomás de Aquino viria a fundamentar na lógica aristotélica os conceitos agostinianos de pecado original e da redenção por meio da graça divina. À medida que a Igreja medieval se tornava mais poderosa, desenvolvia-se um modelo de ética que trazia castigos aos pecados e recompensa à virtude através da imortalidade. A Reforma protestante provocou um retorno geral aos princípios básicos, ligando-os à tradição cristã. A responsabilidade individual passou a ser considerada mais importante do que a obediência à autoridade ou à tradição. Esta transformação levou, indiretamente, ao surgimento da ética secular moderna. Thomas Hobbes, no Leviatã (1651), asseverava que os seres humanos são maus e necessitam de um Estado forte que os reprima. Para Baruch Spinoza, a razão humana é o critério para uma conduta correta e só as necessidades e interesses do homem determinam o que pode ser considerado bom e mau, o bem e o mal. A maior parte dos grandes descobrimentos científicos tem afetado a ética. As pesquisas de Isaac Newton foram consideradas uma prova da existência de uma ordem divina racional. Jean-Jacques Rousseau, por sua vez, em seu Contrato social (1762), atribuía o mal ético aos desajustamentos sociais e afirmava que os seres humanos eram bons por natureza. Uma das maiores contribuições à ética foi a de Immanuel Kant, em fins do século XVIII. Segundo ele, a moralidade de um ato não deve ser julgada por suas conseqüências, mas apenas por sua motivação ética. As teses do utilitarismo, formuladas por Jeremy Benham, sugerem o princípio da utilidade como meio de contribuir para aumentar a felicidade da comunidade. Já para Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a história do mundo consiste em “disciplinar a vontade natural descontrolada, levá-la a obedecer a um princípio universal e facilitar uma liberdade subjetiva”. O desenvolvimento científico que mais afetou a ética, depois de Newton, foi a teoria da evolução apresentada por Charles Darwin. Suas conclusões foram o suporte documental da chamada ética evolutiva, do filósofo Herbert Spencer, para quem a moral resulta apenas de certos hábitos adquiridos pela humanidade ao longo de sua evolução. Friedrich Nietzsche explicou que a chamada conduta moral só é necessária ao fraco, uma vez que visa a permitir que este impeça a auto-realização do mais forte. Em visão oposta, Piotr Aleksevich Kropotkin afirmou que a sobrevivência das espécies depende da ajuda mútua e que os seres humanos obtiveram a primazia entre os animais em razão de sua capacidade de associação e cooperação. A ética moderna demonstra influências da psicanálise de Sigmund Freud e das doutrinas behavioristas. Freud atribuiu o problema do bem e do mal em cada indivíduo à luta entre o impulso do eu instintivo para satisfazer a todos os seus desejos e a necessidade do eu social de controlá-los ou reprimi-los. O behaviorismo, através da observação dos comportamentos animais, reforçou a idéia da possibilidade de mudar a natureza humana, facilitando as condições que favoreçam os desejos de mudança. TENDÊNCIAS RECENTES Bertrand Russell marcou uma mudança de rumos no pensamento ético das últimas décadas. Reivindicou a idéia de que os juízos morais expressam desejos individuais ou hábitos aceitos. A seu ver, seres humanos completos são os que participam plenamente da vida social e expressam tudo que faz parte de sua natureza. Martin Heidegger, por sua vez, afirmou que os seres humanos se encontram sós no Universo e têm que adotar e assumir suas decisões éticas com permanente consciência da morte. Outros filósofos modernos que se interessaram pelo pensamento ético foram John Dewey e George Edward Moore. Os filósofos que julgam que o bem pode ser analisado são chamados de naturalistas. Eles consideram os enunciados éticos como descritivos do mundo em termos de verdadeiro ou falso. Existe, finalmente, uma escola não-cognitiva, em que a ética não representa uma forma de conhecimento e sua linguagem não é descritiva.
Albigenses, seguidores da heresia mais importante dentro da Igreja católica durante a idade média. Devem seu nome à cidade de Albi, na França. Eram seguidores do sistema maniqueísta dualístico: existência independente de dois deuses, um do bem (Jesus Cristo) e outro do mal (Satã). Estavam divididos em dois grupos, os simples crentes e os “perfeitos”. Estes se obrigavam a levar vidas de um ascetismo extremo. Os simples crentes podiam aspirar à perfeição depois de um longo e duro período de iniciação. O papa Inocêncio III lançou a Cruzada albigense (1209-1229), que reprimiu seus seguidores de forma brutal. Só pequenos grupos sobreviveram e, mesmo assim, logo foram perseguidos pela Inquisição até fins do século XIV. Ver Dualismo; Maniqueísmo; Cátaros.
Anjo, espírito celestial considerado mensageiro, ou intermediário, entre Deus ou os deuses e os homens. Enviados para instruí-los, informá-los ou dirigi-los, podem atuar também como guardiães protetores. A religião cristã ensina que têm liberdade para escolher entre o bem e o mal; existem, portanto, anjos bons e anjos caídos ou maus. Baseando-se nas tradições do judaísmo e do cristianismo, que eram tidas como autênticas revelações anteriores à revelação final de Maomé, o islã desenvolveu sua própria hierarquia angelical. Muitos de seus anjos, tais como os arcanjos Miguel e Gabriel, mostram sua clara inspiração judaico-cristã.
Armagedon, campo de batalha descrito na Bíblia (Apocalipse 16,16), cenário da profética luta final entre o bem e o mal.BARROCO Os ciclos de ocupação da terra sucederam-se em consonância com as possibilidades demográficas e os interesses econômicos. Do litoral para o interior foram se definindo manchas de povoamento que originaram ilhas culturais. Estas, segundo Viana Moog, foram sementes da literatura regionalista, que se faz presente ao longo de toda a história literária do país. Nesta primeira fase é sensível a presença da Europa: Ibéria, no barroco; Itália, no arcadismo; França, no iluminismo (ver Século das Luzes). Define-se, ainda, a mediação da metrópole na transposição de valores estéticos do arcadismo e iluminismo. As manifestações literárias dos três primeiros séculos brasileiros respondem, antes de mais nada, ao problema da expansão ultramarina. A Carta de Pero Vaz de Caminha, oficializando para Portugal a posse das terras brasileiras, e o Diário de Navegação de Pero Lopes e Martim Afonso de Souza (1530) podem ser incluídos na Literatura de Viagens, gênero definido ao longo do século XV, em Portugal. O processo expansionista desdobra-se na colonização. Vencido o mar, começa a preocupação com a terra desconhecida, o que significava um desafio, pois, aparentemente, esta era indomesticável. Logo surgiram propostas para vencer a possível resistência e agressividade do índio. Esta preocupação manifesta-se na necessidade de registrar informações, organizar elencos e catálogos. Por estes motivos, são importantes os textos de informação, entre os quais se inserem Tratado da terra do Brasil (1570) e História da província de Santa Cruz (1576), de Pero de Magalhães Gandavo; Narrativa epistolar e o tratado da terra e gente do Brasil (1587), de Gabriel Soares; Diálogo das grandezas do Brasil (1618), de Ambrósio Fernandes Brandão; Diálogo sobre a conversão do gentio, do padre Manuel da Nóbrega; História do Brasil (1627), de frei Vicente de Salvador e os três primeiros séculos das Cartas jesuíticas. Estes textos descrevem a terra, os costumes silvícolas e revelam a expectativa do colonizador em encontrar ouro e prata. Já os textos jesuíticos, mesmo os literários, de poesia ou teatro, têm como pano de fundo a preocupação missionária, alimentada pelo clima proporcionado pelas resoluções do Concílio de Trento. Esta realidade é facilmente identificada na obra do padre, poeta e dramaturgo José de Anchieta (1534-1597), autor de autos pastoris, entre eles, o Auto representativo da festa de São Lourenço (1583), e de poemas em metros breves, de tradição medieval espanhola e portuguesa, entre os quais se destacam Santíssimo Sacramento e A Santa Inês. O teatro centra-se no antagonismo entre anjos e demônios, bem e mal, vício e virtude. Nos poemas épicos, Anchieta mostra a influência de Virgílio. O polilingüismo de muitas poesias e autos expressa uma atitude adaptativa ao meio. A palavra escrita ajustava-se à nova realidade, tentando inculcar valores portugueses e cristãos na população autóctone e mestiça que começava a se constituir. Estes primeiros escritos, feitos no Brasil e sobre o Brasil, de acordo com critérios estéticos vigentes no Ocidente, desvendam relações com estilos de vida e arte. São importantes por conterem uma literatura de imaginação, possível raiz do mito ufanista que se projeta através do tempo até a contemporaneidade. Esteticamente, as criações literárias dos três primeiros séculos são barrocas, neoclássicas e arcádicas. A organização da prosa identifica-se com o barroco no processo de identificação ilusória e sensorial, expresso nos jogos de palavras, trocadilhos e enigmas. Conceitualismo e cultismo, na melhor tradição cultural ibérica, misturam o mitológico ao descritivo, a alegoria ao realismo, o patético ao satírico, o idílico ao dramático. A literatura brasileira nasceu com o barroco, pelas mãos jesuíticas. Neste trabalho merecem destaque o padre António Vieira, Bento Teixeira, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, secundados por frei Manuel de Santa Maria Itaparica, padre Simão de Vasconcelos, frei Manuel Calado, Francisco de Brito Freire. Quando não integrantes da Companhia de Jesus, muitos destes autores foram educados pelos jesuítas, nos colégios ao lado das igrejas, em aulas de letras e humanidades, focos de transmissão da cultura metropolitana. Nelas, escoava a tradição portuguesa da retórica, base da formação intelectual e literária, preocupada em ensinar a falar e escrever com persuasão e beleza. Projetava-se, também, a postura intelectual da imitação de modelos, realizada nos escritos destes primeiros autores, em variados graus que vão da inspiração à glosa e tradução. Nesta primeira fase, a literatura brasileira segue o ritmo lusitano do tempo. A obra do jesuíta, catequista e orador sacro Antônio Vieira (1608-1697) tem marcas européias, portuguesas e brasileiras. Os 15 volumes de Sermões são de particular interesse para nossa literatura, principalmente o Sermão do primeiro domingo da Quaresma (1653), que versava sobre a extinção do escravidão dos índios, e o Sermão XIV do rosário (1633), sobre os escravos negros. Na História do futuro, Antônio Vieira escreve um tratado sobre o profetismo, onde defende a mística do “5º Império do Mundo”, que seria português, com sede no Brasil. Beirando a heterodoxia, este texto obrigou seu autor a explicar-se ante o Tribunal do Santo Ofício (ver Inquisição). Maior orador sacro do Brasil, o padre Antônio Vieira era um barroco. Sua oratória é prolixa e cheia de alegorias, nas quais revela a argúcia de seu raciocínio. Bento Teixeira (1561-1600), cristão-novo português, nascido no Porto e morador de Pernambuco, escreveu a Prosopopéia, exaltando o terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Obra barroca, calcada em Os Lusíadas, exalta o herói estóico cristão, realçando valores como o heroísmo, a estirpe, o poder, a glória, a honra, a riqueza, o saber e as virtudes. Inspira-se na terra e revela um caráter social e individual. Criação diretamente estruturada pela realidade, permite a realização, num plano imaginário, de uma coerência jamais atingida pelo autor, cripto-judeu, no plano real. Gregório de Matos (1838-1696), natural da Bahia, cria uma poética composta de poemas líricos, religiosos e satíricos, nos quais retrata o Brasil com pessimismo realista, mesclado de obscenidades. Pela temática e técnica estilística, é a mais forte expressão individual do barroco na colônia. Manifestação da mestiçagem cultural, Gregório de Matos coloca em seus escritos antíteses, equívocos e jogos de palavras, transpostos dos modelos de Góngora e Quevedo. Sua obra é marcada pelos dualismos: religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais. Manoel Botelho de Oliveira (1838-1711) publicou Musica do Parnaso (1705), dividido em quatro coros de rimas portuguesas, castelhanas, italianas e latinas, com seu descante cômico reduzido em duas comédias: Hay amigo para amigos e Amor, Engaños y Celos. Poeta-literato, segue os modelos de Marino Góngora e, em seu processo estilístico, destacam-se a analogia e a acentuação dos contrastes. Frei Manoel de Santa Maria Itaparica, nascido na Bahia em 1704, escreveu uma epopéia sacra, Eustáquidos (1769), imitação dos épicos, e um poema, “Descrição da cidade da Ilha de Itaparica”. Simão de Vasconcelos produziu uma obra de edificação religiosa em que se distingue a Vida do venerável padre José de Anchieta (1672). Frei Manuel Calado inspira-se na defesa da terra contra invasores estrangeiros para criar Valeroso Lucideno (1648). De autoria de Francisco Brito Freire é A Nova Lusitânia (1675). Nesta primeira fase, não se deve estranhar o teor das manifestações literárias. Primeiro, pela fragilidade da vida intelectual na colônia, fato compreensível uma vez que a colonização foi um fenômeno burguês, com caráter empresarial, visando a produção e o lucro no comércio do açúcar. Não havia público para a produção literária, nem interesse nela, em um meio acrítico e desinteressado da vida cultural. No entanto, não houve deseuropeização: as estruturas do mundo que se erigia eram genuinamente portuguesas, embora passíveis de adoçamentos. As manifestações literárias foram, pois, desdobramentos da literatura portuguesa que, por sua vez, ainda não tinha desenvolvido perfeitamente os gêneros literários. Salvo raras exceções, a literatura barroca produzida na colônia acabou sendo de qualidade inferior. A própria obra de Anchieta, a mais alta expressão do barroco no seu tempo, não teve valor estético de primeira grandeza.
Brito, Guilherme de (1922- ), compositor carioca criado no bairro de Vila Isabel, batizado Guilherme de Brito Bollhorst. Foi cantor na Rádio Vera Cruz. Depois de conhecer o compositor Nelson Cavaquinho, formou com ele uma das mais bem-sucedidas duplas de autores do samba carioca, produzindo canções como Pranto de poeta (1956), Degraus da vida, O bem e o mal, A flor e o espinho (em parceria também com Alcides Caminha, 1957), Folhas secas (1973) e Quando eu me chamar saudade (1973).
Cameronianos, seguidores de Richard Cameron. Eram conhecidos como presbiterianos reformados e sua associação data de 1681. Asseguravam que fazer o bem ou o mal provém do saber que Deus infunde em nós.
Carnaval de Oruro, a mais tradicional e famosa festa da Bolívia. Conhecida também como a Diablada já que muitas das personagens que participam dos desfiles representam diabos. O carnaval de Oruro começa no sábado anterior à Quarta-feira de Cinzas com a Entrada, um desfile encabeçado pela personagem do arcanjo São Miguel, vestido com roupas brilhantes. Logo em seguida, as personagens dos diabos mais famosos vêm dançando, acompanhadas de um bando de ursos e condores. O diabo principal, Lúcifer, veste a roupa mais extravagante e vai acompanhado de Supay, a deusa do mal dos Andes. O design e a criação das roupas é uma instituição em Oruro. A lenda conta que a aparição da Virgem Maria para um ladrão em uma mina, desde então chamada de Cova da Virgem, deu origem à esta festa. A maioria das danças representa a luta entre o bem e o mal, onde o primeiro sempre triunfa. Outras lembram as histórias de pastores de lhamas ou as agruras dos escravos (ver Escravidão) negros. Algumas superstições são expressas apenas por gestos: bater na madeira com os nós dos dedos, fazer o sinal da cruz, ou cruzar o dedo medio sobre o polegar, com o propósito de afastar o "mal" ou atrair o "bem". Os amuletos como pés de coelho, galhos de arruda, ferraduras (ver Mau-olhado), santinhos, medalhas e fitas do Senhor do Bonfim também são usados, superticiosamente, como exorcismos. Algumas pessoas elegem um amuleto particular, geralmente uma peça de roupa, uma mecha de cabelo ou qualquer outro objeto de referência pessoal. Os gestos e os amuletos gozam de muito prestígio no meio teatral e esportivo.
Cristãos e mouros no folclore brasileiro, tradição cultural que transplantou para nosso país a memória das lutas dos cristãos (ver Cristianismo) europeus contra os muçulmanos (ver Islã). A descoberta do Brasil (ver Descobrimento do Brasil) coincidiu com a reconquista da península Ibérica, após sete séculos de domínio mouro (ver Árabes em Portugal). Assim, as histórias das recentes batalhas contra os islâmicos — também chamados de mouros e de sarracenos — foram trazidas pelos colonizadores e reproduzidas em forma de cantos e histórias que, com o passar do tempo, transformaram-se em lendas. Reflexos desta tradição estão presentes, em vários pontos do Brasil, nas “cavalhadas” ou “corridas de argolinhas”, torneios de habilidade entre cavaleiros vestidos de azul, representando os cristãos, e de vermelho, no papel de mouros. Estas manifestações são comuns principalmente no Nordeste e nos estados de Goiás e de Minas Gerais. Também as aventuras do imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, combatendo os sarracenos, foi uma das mais persistentes leituras no interior do Brasil ao longo de séculos, como se constata em várias evidências históricas e literárias. Na antiga festa baiana chamada moirama, um castelo mouro é derrubado por um grupo de cavaleiros. Em vários folguedos, autos ou danças dramáticas, é comum a evocação das guerras religiosas, como no folheto Batalha de Oliveiros contra Ferrabraz, de Leandro Gomes de Barros (ver Literatura de cordel). A guerra entre o azul e o encarnado admite, às vezes, um personagem que pertence a ambos os grupos, como, por exemplo, a Diana do pastoril (ver Capelinha-de-melão). Uma adaptação satírica (ver Sátira) deste tema foi feita por Ariano Suassuna no Romance da Pedra do Reino e o príncipe do sangue de Vai-e-volta (1971). Historicamente, o mouro também é o adversário clássico nas cheganças, fandangos, marujadas, naus catarinetas e outros autos de aventuras marítimas que, ainda hoje, são encenados ao longo da costa brasileira. Visto como pirata ou combatente impiedoso, o mouro, no imaginário brasileiro, ainda representa o inimigo a quem é preciso vencer. A moral desta releitura das antigas guerras religiosas é revelar que, na luta entre o bem e o mal, os obstáculos são imensos, mas o bem sempre vence – como se acredita que aconteceu na península Ibérica há mais de 500 anos.Estas bailarinas indonésias dançam segundo o estilo tradicional, com os joelhos voltados para fora e girando continuamente as munhecas. Os movimentos dos braços são mais restritos nas mulheres que nos homens. Na dança tradicional indonésia a parte superior do corpo está associada com as forças do bem e a parte inferior, com as do mal. As bailarinas costumam usar belos e ornamentados vestidos.
Escatologia, doutrina referente à vida após a morte e à etapa final do mundo. A crença numa vida de espíritos, uma substância que habita o corpo morto, é típica da escatologia primitiva. Com o avanço da civilização — e a partir do momento em que as forças cósmicas tornaram-se objetos de adoração — o conceito de vida futura tomou impulso. De acordo com os costumes tribais, a crença em um julgamento após a morte levou ao estabelecimento de pautas do bem e do mal. Através deste duplo desenvolvimento, a fé na imortalidade adotou um caráter moral como na escatologia do antigo Egito. Em outras culturas como, por exemplo, a indiana, acredita-se que o espírito entra em outro corpo após a morte para viver novamente e de novo morrer, reencarnando em novas formas (ver transmigração). No primitivo Israel, o Dia de Jeová (dia em que Deus separaria os bons dos maus) era imaginado em um futuro remoto onde aconteceria uma batalha, o Armagedon, que decidiria o destino das pessoas. Na doutrina cristã, a escatologia engloba a segunda vinda de Cristo ou parusia, a ressurreição da morte, o juízo final, a imortalidade da alma, a idéia de céu e do inferno e a instauração definitiva do reino de Deus. Na Igreja Católica Apostólica Romana, a escatologia compreende, também, a visão beatífica e o purgatório. O Islã adotou do judaísmo e do cristianismo a doutrina de um juízo vindouro, a ressurreição da morte, os castigos e os prêmios. O pensamento cristão liberal tem frisado a relação entre a alma e o reino de Deus considerando que esta relação — muito mais do que um acontecimento apocalíptico do final dos tempos — manifesta-se de forma terrena, em cada indivíduo. No judaísmo, o retorno de Israel à sua terra, a chegada do Messias, a ressurreição dos mortos e a recompensa ou castigos eternos, são ainda esperados pelos tradicionalistas. Os liberais fundamentam a missão de Israel na regeneração da espécie humana e na esperança de uma vida imortal, independente da ressurreição dos mortos.As festas e os ritos de mudança das estações estão na origem de qualquer religião e refletem nossa dependência da natureza. Nas festas da Antigüidade, sacrificavam-se os bens mais preciosos aos deuses. Hoje são um vestígio das que celebravam a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal e da fertilidade sobre a esterilidade. O PROBLEMA DA DESCRIÇÃO Embora a discussão de Hume sobre a justificativa da indução represente um marco na história da filosofia, apenas oferece uma simples descrição de como, bem ou mal, os métodos indutivos funcionam na realidade. Afirmava ele que a inferência indutiva é apenas um hábito de formação. Como os cientistas comprovam suas teorias, avaliam as hipóteses e estabelecem inferências? Este é um problema de descrição, que contrasta com o problema de justificação de Hume. Talvez a forma mais habitual seja por meio do modelo hipotético-dedutivo, segundo o qual as teorias se comprovam examinando-se as previsões que implicam. A evidência que mostra que uma previsão é correta confirma a teoria; a evidência incompatível com a previsão rebate a teoria, e qualquer outra evidência é irrelevante. Mas este modelo é demasiado permissivo, pois trata as evidências irrelevantes como se trouxessem certezas materiais. Um trabalho recente sobre o problema dos métodos de descrição inferencial na ciência tentou evitar a insuficiência do modelo hipotético-dedutivo, indo além das relações lógicas para responder à conexão da evidência com a teoria. Alguns apelam para o conteúdo específico das hipóteses submetidas a comprovação, especialmente as afirmações causais que muitas fazem. O ponto de partida para a maior parte do trabalho filosófico contemporâneo sobre a natureza da explicação científica é o modelo dedutivo-nomológico, segundo o qual uma explicação científica é a dedução de uma descrição do fenômeno, a ser explicada a partir de uma série de premissas que inclui, pelo menos, uma lei da natureza.Considerado um dos mais importantes escritores da literatura universal, o russo Fiodor Dostoievski escreveu romances de grande intensidade psicológica que revelam as motivações ocultas dos personagens. Em suas obras, tratou de temas como a luta entre o bem e o mal e a salvação humana através do sofrimento. Os irmãos Karamazov (1879-1880), a melhor de suas obras, aborda explorações religiosas e as disputas familiares em torno de uma herança.
Grande sertão: veredas, romance do escritor mineiro João Guimarães Rosa, publicado em 1956. Em 1998, um grupo de críticos literários (ver Crítica literária) brasileiros e portugueses apontou-o como o melhor romance em língua portuguesa do século XX. O pano de fundo é constituído pelo ambiente e a gente do sertão mineiro, que “é a distância do profundo mesmo da gente”. O romance — escrito em uma linguagem inédita na literatura brasileira, o português recriado pelo autor — discute a vida, a morte, o bem, o mal, os destinos inflexíveis e o amor, este último representado pela desconcertante atração de Riobaldo por Diadorim. A riqueza da linguagem do romance confirma, aprofundando-as, as experiências que o próprio Guimarães Rosa iniciara nos contos reunidos em Corpo de baile, coletânea publicada no mesmo ano de Grande sertão: veredas e igualmente ambientada no sertão mineiro, terra de origem do autor, que nasceu e cresceu na cidade de Cordisburgo, perto de Belo Horizonte. Terceiro livro e único romance de Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas foi comparado, por Augusto de Campos, à ousadia lingüística de Ulisses, do escritor irlandês James Joyce. Augusto de Campos definiu João Guimarães Rosa como “o exemplo mais absoluto do romancista-inventor”. Funde uma série de técnicas, recorre a rimas e aliterações, reconstrói palavras e significados, dá ritmo à sintaxe, pontilhando-a de pausas. Há, também, uma estrutura espetacular que cerca o protagonista Riobaldo, para quem convergem diversas histórias independentes, verdadeiros contos incrustados no romance. Estes contos suspendem o desenvolvimento da ação, prolongando o interesse da narrativa. Por esta razão, o crítico M. Cavalcanti Proença identificou, no jagunço Riobaldo, uma atualização do cavaleiro medieval, cujas aventuras, à maneira de Don Quixote de la Mancha (ver Miguel de Cervantes Saavedra), intercalam-se a uma série de episódios. A ação principal — que deveria acabar com o julgamento da personagem Zé Bebelo, alcançando-se, assim, o equilíbrio de forças adversárias, no caso, os jagunços contra governo — é desviada pela morte de Joca Ramiro, herói secundário, que desata novamente a ação, transportando-a para um novo plano, até a morte de Diadorim, num clímax de inesperada emoção. O livro obteve excelente aceitação nos países para os quais foi traduzido, apesar das dificuldades implícitas na transposição do universo e da linguagem de Guimarães Rosa para outras culturas. Mas o fato é que Grande sertão: veredas obteve sucesso na Itália, na Espanha, na França, nos Estados Unidos e inclusive na Suécia, onde foi publicado com o título Viver é muito perigoso, uma das frases preferidas de Riobaldo. Poucas vezes a afirmação de que só se atinge a universalidade quando se fala da própria aldeia foi comprovada com tanta perfeição. Talvez porque, como se lê no final de Grande sertão: veredas: “O diabo não há! É o que eu digo, se fôr... Existe é homem humano. Travessia”.ISLÃ E SOCIEDADE O conceito islâmico de sociedade é teocrático, sendo que o objetivo de todos os muçulmanos é o “governo de Deus na Terra”. A filosofia social islâmica baseia-se na crença de que todas as esferas da vida constituem uma unidade indivisível que deve estar imbuída dos valores islâmicos. Este ideal inspira o Direito islâmico, chamado sharia, que explica os objetivos morais da comunidade. Por isso, na sociedade islâmica, o termo Direito tem um significado mais amplo do que no Ocidente moderno secularizado, pois engloba imperativos morais e legais. A base da sociedade islâmica é a comunidade dos fiéis que permanece consolidada no cumprimento dos cinco pilares do islã. Sua missão é “inspirar o bem e proibir o mal” e, deste modo, reformar a Terra. A luta por este objetivo tenta se concretizar através da jihad (guerra santa) que, se for necessário, pode englobar o uso da violência e a utilização de exércitos. A finalidade prescrita pela jihad não é a expansão territorial ou a tomada do poder político, e sim a conversão dos povos ao Islã.
Lei natural, em filosofia, ética, teologia, direito e teoria social, designa o conjunto de princípios baseados no que se supõe serem as características permanentes da natureza humana, que podem servir como modelo para guiar e avaliar a conduta e as leis civis. A lei natural é considerada, em essência, imutável e universalmente aplicável. Devido à ambigüidade da palavra natureza, a referida lei pode ser considerada um ideal a que aspira a humanidade, ou o modo pelo qual normalmente agem, em geral, os seres humanos. A idéia de lei natural no estoicismo foi popularizada entre os romanos por Cícero, que em sua obra De Republica diz: “A verdadeira lei é a razão justa, de acordo com a natureza; é de aplicação universal, invariável e eterna” . Em seu pensamento, São Tomás de Aquino chamava o governo racional da criação de Deus de “a lei eterna”. A partir desses fundamentos, é possível distinguir o bem do mal por meio do conhecimento natural da razão.
Maniqueísmo, antiga religião que recebeu o nome de seu fundador, o sábio persa Mani (c. 216-c. 276). Ele acreditava que um anjo lhe havia aparecido e o nomeara profeta de uma nova e última revelação. Pregou por todo Império persa, inclusive enviou missionários ao Império romano. Foi preso acusado de heresia e morreu pouco tempo depois. O maniqueísmo reflete uma forte influência do agnosticismo. Sua doutrina baseia-se em uma divisão dualista do Universo, na luta entre o bem (Deus) e o mal (Satã). Esses dois âmbitos estavam separados, porém a escuridão invadiu a luz e se mesclaram. A espécie humana é o produto desta luta. Com o tempo, poder-se-ia resgatar todos os fragmentos da luz divina e o mundo se destruiria; depois disso, a luz e a escuridão estariam novamente separadas para sempre. Os maniqueístas dividiam-se em duas classes: os eleitos, celibatários rigorosos, eram vegetarianos e se dedicavam somente à oração; e os ouvintes, cuja esperança era voltar a nascer convertidos em eleitos.
Nietzsche, Friedrich (1844-1900), filósofo alemão. Seu pensamento revela a influência da filosofia grega e da obra de Arthur Schopenhauer. Nietzsche tentou provar que os valores tradicionais — representados, principalmente, pelo cristianismo — tinham perdido poder na vida das pessoas, o que chamava niilismo passivo. Expressou este pensamento na proclamação “Deus está morto”. Nietzsche atacava a “moralidade escrava”, criada, segundo ele, por pessoas fracas e ressentidas que estimulavam comportamentos como a submissão e o conformismo. Por isto, Nietzsche lutou pelo imperativo ético de criar valores novos. Sua discussão sobre esta possibilidade evoluiu até configurar seu retrato do homem do futuro, o “super-homem” (übermensch), guiado pela “vontade de poder”. Entre suas obras destacam-se A origem da tragédia (1872), Assim falou Zaratustra (1883-1885), Mais além do bem e do mal (1886), Genealogia da moral (1887) e A vontade de poder (1901). Seu pensamento influenciou a literatura alemã e outros filósofos, entre eles Karl Jaspers, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre.
Paz, do ponto de vista político-social é um conceito próprio aos países e povos que procuram criar e manter um estado de espírito contrário a qualquer luta armada. É portanto a ausência de conflitos, violências ou perturbações sociais. Existe também o conceito de paz armada, ou seja, a paz que se sustenta pelo temor que os inimigos têm um do outro. Em todas as sociedades, em todas as épocas, a guerra sempre existiu. Na Antigüidade alguns a consideravam necessária, enquanto que para outros a conotação era negativa. Santo Agostinho, um dos doutores da igreja, no século V da era cristã, em um dos seus livros mais famosos, A cidade de Deus (413-426), defendeu que a paz desejável era aquela de acordo com os princípios cristãos: se o indivíduo deve sustentar durante sua vida uma luta permanente entre o impulso do bem e o do mal, a guerra seria, no plano coletivo, a expressão mais ampla do combate entre o desejo de recuperar a própria origem (Deus) e a tentação do pecado, concebido como uma alteração da natureza original. A Psicomaquia, do escritor hispano-latino Aurélio Prudêncio (348-410?), é uma representação alegórica do combate da alma entre as virtudes e os vícios. Essas idéias predominaram durante a Idade Média. A partir do Renascimento, a política passou a ter uma forte influência da ideologia pacifista. O absolutismo, sistema político vigente nos séculos XVII e XVIII, por causa das conquistas territoriais e expansão do seu poder, foi considerado responsável pelos conflitos bélicos. Acreditava-se, portanto, que o fim das monarquias significaria o advento da paz. Mas a burguesia deu origem às lutas populares que caracterizaram o século XIX e a ideologia da luta de classes suplantou o pacifismo. Ainda no século XVIII, durante o Iluminismo, quando foram enaltecidas a razão, a ciência e o respeito aos direitos humanos, Voltaire acreditava que a literatura poderia dar uma valiosa contribuição para as mudanças sociais. Data de 1756 seu Ensaio sobre os costumes e o espírito das nações, onde é realizada a primeira abordagem de uma história universal do ponto de vista do liberalismo religioso e político. Celebrou ainda o triunfo da razão no Tratado sobre a tolerância (1763). O MUNDO CONTEMPORÂNEO O esforço do mundo contemporâneo pela paz é manifestado pela criação de organizações internacionais como Tribunal de Haia (ver Conferência de Haia), a Sociedade das Nações e a Organização das Nações Unidas (ONU) que, entre outros objetivos, procuram a manutenção da paz, defendem os direitos humanos, os direitos fundamentais e liberdades públicas, a promoção do desenvolvimento dos países em escala mundial e o estabelecimento de uma ordem internacional pacífica. Apesar dos esforços, não foi possível impedir as duas grandes guerras mundiais. A partir da década de 197O, o pacifismo, movimento que defende que em nenhuma circunstância a guerra resolve melhor que as negociações as disputas entre as nações, ganha cada vez mais adeptos. O afastamento dos chineses de Moscou, o descontentamento dos europeus do Leste contribuíram para o enfraquecimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Enquanto isso, os Estados Unidos estavam envolvidos na Guerra do Vietnã. Essas situações levaram as duas grandes potências, desde o início da década de 1970, a procurar um acordo sobre uma política de distensão para deter a corrida armamentista. O objetivo era o desarmamento, que pode ser definido como a realização de negociações diplomáticas ou acordos entre duas ou mais nações com a finalidade de eliminar, reduzir ou controlar o contigente de tropas e o material bélico. ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS A atuação das Organizações não-governamentais (ONGs) cresceu significativamente a partir da década de 1960. Entidades de direito civil não possuem fins lucrativos nem vínculos com governos, sindicatos ou partidos políticos. Contribuem para a manutenção da paz nos países em que atuam, trabalhando com projetos sociais e de promoção da cidadania, defendem o meio ambiente e os direitos das minorias étnicas e sociais, lutam contra a extinção das espécies animais e vegetais e fazem campanhas contra discriminação política, religiosa e social. Procuram consolidar a democracia como sistema político, como é o caso da Anistia Internacional, criada em 1961, e que constitui a ONG mais importante na defesa dos direitos humanos.
Filosofia do tempo, visão das respostas dadas pelos filósofos ao problema da sucessão temporal, ao do contraste entre o que passa e muda e o eterno, imóvel e permanente. Se trata da necessidade de explicar ou resolver problemas comuns a diferentes épocas: a fugacidade da vida, o caráter inevitável da morte, o mistério mesmo da condição do homem enfrentado à sua finitude. Essas respostas incluem aspectos que afetam também o pensamento científico e o campo da criação poética, entendendo que as verdades do raciocínio filosófico se completam, coincidem ou se enriquecem com as pesquisas da ciência e as elaboradas intuições da literatura. TEMPO E LITERATURA Um dos testemunhos que tem impregnado o pensamento e a criação através dos séculos, além da interpretação religiosa, é o texto do Eclesiastes (3, 1-8), que diz: “Todas as coisas têm seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada uma foi prescrito. Há tempo de nascer, e tempo de morrer. Há tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou. Há tempo de matar, e tempo de sarar. Há tempo de destruir, e tempo de edificar. Há tempo de chorar, e tempo de rir. Há tempo de se afligir, e tempo de saltar de gosto. Há tempo de espalhar pedras, e tempo de as ajuntar. Há tempo de dar abraços, e tempo de se pôr longe deles. Há tempo de adquirir, e tempo de perder. Há tempo de aguardar, e tempo de lançar fora. Há tempo de rasgar, e tempo de coser. Há tempo de calar, e tempo de falar. Há tempo de amor, e tempo de ódio. Há tempo de guerra, e tempo de paz”. A concepção do tempo que surge do texto — já que, aliás, não há nada novo sob o sol — é a do retorno cíclico, a alternância do bom e do mau, da felicidade e da desgraça. A figura de Cronos, da mitologia grega, também pertence a esse depósito de imagens que perduram na representação literária ou iconográfica. Segundo Hesíodo, Cronos castrou seu padre Urano e, do sangue deste, mesclado com o esperma que caiu no mar, nasceu Afrodite, a deusa do amor. O tempo implica a cronologia e, com ela, faz surgir o amor, sujeito a mudanças. Muitas mitologias, pretendendo explicar a evolução das épocas (ver Periodização), coincidem em reconhecer a sucessão de diferentes idades — às vezes separadas por dilúvios ou catástrofes —, que retornam ciclicamente (ver Mitologia asteca). São, enfim, formas de explicar a decadência das sociedades e a recuperação de um passado feliz. Além das fontes mitológico-poéticas, muitos escritores têm refletido sobre o tempo e a fugacidade da vida. O carpe diem do poeta latino Horácio era a exortação para desfrutar do momento, entendendo que tudo passa, tudo é efêmero. A imagem do rio como uma fonte longínqua e obscura que, eventualmente, deságua em um vasto oceano, obtém sua expressão poética nas Coplas de Jorge Manrique, escritas em homenagem à morte de seu pai: “nossas vidas são os rios/que vão dar no mar/que é o morrer”. Um recurso habitual dos narradores de ficção científica é fazer seus personagens moverem-se para o passado ou para o futuro. Alguém entra em uma máquina do tempo (ver Herbert George Wells) e, então, é cercado de eventos e coisas que já aconteceram ou que, no campo da conjetura, acontecerão. Ciberiada, de Stanislaw Lem, é outro exemplo de viagem pelo tempo. As ficções de Jorge Luis Borges propõem como recurso o anacronismo, que permite, mais do que transitar, unir em um mesmo momento fatos de diferentes épocas, quebrando a rigidez da cronologia e, portanto, sugerindo uma superação do limite que fixam as datas. Se a arte, como dizia Leonardo, é “coisa mental”, as aventuras no túnel do tempo fazem parte da odisséia literária. Em grande medida, as experiências das vanguardas do século XX se propunham destruir as convenções estéticas, mas também a rigidez das lógicas horárias. Na adesão inicial do surrealismo, por exemplo, ao marxismo, subjazia essa intenção. Além disso, a influência dos movimentos revolucionários introduz nas consciências, sem dúvida, a possibilidade de transtornar as seqüências temporais conhecidas, identificadas com a ordem social dominante. Proust, autor de Em busca do tempo perdido, resulta emblemático da preocupação de muitos escritores do século XX com o tempo. Machado de Assis introduziu no romance brasileiro os devaneios de um personagem, Brás Cubas, que faz “memória” depois de morto. Samuel Beckett, em Esperando Godot, apresenta dois personagens que passam o tempo (nos dois atos da peça) sem saber que fazer enquanto Godot não chega. Com todos os ingredientes cômicos do teatro do absurdo, Beckett consegue representar a tragédia da inação frente ao tempo que passa. Os objetivistas franceses, como Alain Robbe-Grillet e Michel Butor, fizeram da busca do tempo perdido um leit motiv. No cinema, a obra de Alain Resnais é também significativa. TEMPO E FILOSOFIA 1. Os filósofos gregos Na filosofia grega, os dois pensadores mais importantes, inclusive como exemplos de duas posições antagônicas, foram Heráclito e Parmênides. O primeiro teve consciência do constante dinamismo e mutação das coisas. Sua frase pânta rei (tudo flui) transformou-se na melhor síntese do seu pensamento. Segundo Aécio (século II), Heráclito retirou do universo a tranqüilidade e a estabilidade, pois isso é próprio dos mortos, e atribuiu movimento a todos os seres, “eterno aos eternos, perecível aos perecíveis”. Se nada permanece imóvel, os seres são semelhantes à corrente de um rio. A idéia de que o mundo está governado pela luta (“a guerra é mãe e rainha de todas as coisas”) fixou as bases da dialética de Hegel e de Marx. Ninguém poderá “se banhar duas vezes no mesmo rio”. Parmênides opõe o tempo à eternidade e imutabilidade do ser. Recorrendo a uma tautologia (o ser é, o não ser não é), Parmênides identifica o tempo, por ser mutável, com o não ser, só reconhecendo validez ao eterno. Para Platão, sobretudo no diálogo chamado Timeu, o tempo é “imagem móvel da eternidade” que se desenvolve — continuando o pensamento pitagórico — segundo o número. Essa imagem é o céu, que com seus astros oferece a medida do devir temporal: “era”, “será”, “é”. O “é” ou instante é a dimensão autêntica, porque nele se conjugam o tempo e a eternidade. Sendo o mundo visível ou sensível uma copia do mundo invisível ou inteligível, o tempo imita a eternidade e, como os astros no céu, se move com relação ao número (rhythmós e arithmós, ritmo e número). Santo Agostinho Santo Agostinho reflexionou sobre o assunto em Confissões. Sua contribuição é muito importante por insistir na idéia da mudança constante do tempo. O tempo está contido na alma e, se o passado já não é e o futuro ainda não é, o único que existe é o presente: um presente do passado (a memória); um presente do futuro (a espera) e o presente do presente, apenas um instante, que a atenção capta no seu caminho rumo ao não ser. Porque o tempo, finalmente, é caminho em direção ao não ser. Também em De civitate Dei, Santo Agostinho reflexiona sobre o tempo e introduz a noção dominante no cristianismo de que a história do mundo (cópia da eternidade) seria a passagem da queda de Adão ao reencontro com Deus que é, enfim, a verdadeira origem do homem. A história, segundo o cristianismo, é o retorno à origem e, portanto, recuperação da queda, salvação. Nesta filosofia, perdura a diferença platônica entre o mundo sensível, o mundo das coisas perecedouras, e o inteligível, reino eterno da verdade imutável, divina. TEMPO, CIÊNCIA E FILOSOFIA A partir do Renascimento, apareceu a nova concepção científica do tempo, baseada na mecânica de Galileu, que considera o tempo como uma série idealmente reversível de instantes homogêneos. Essa série permite a redução do movimento a leis matemáticas e a aplicação do cálculo infinitesimal. Newton falou do tempo absoluto e do tempo cósmico. Os empiristas — Locke, Berkeley, Hume — criticaram, em Newton, a idéia do caráter psicológico da temporalidade e o tempo físico visto como pura abstração. Leibniz, também contrário a Newton, considerou que o tempo implica “uma ordem de existências sucessivas”, algo ideal e não real. Kant sustentou que o tempo constitui a forma a priori da intuição empírica, ou seja, o fundamento da objetividade do conhecimento. No século XIX, com a descoberta da irreversibilidade dos fenômenos termodinâmicos, se produziu uma ruptura com a mecânica clássica. Os instantes temporais não são homogêneos: cada instante é heterogêneo com relação ao anterior e a série não pode ser invertida. Outros estudiosos também contribuíram ao abandono da concepção clássica. Minkowski considerou que tempo e espaço se unificavam num contínuo quadridimensional Einstein, com a teoria da relatividade, também adotou a tese da unidade espaço-tempo. Para Henri Bergson, pelo contrário, o tempo é um fato real em perpétuo movimento, algo que “come as coisas e deixa nelas a marca de seus dentes”. Foi um crítico convicto do tempo “espacializado” da física. Denominou de duração a experiência interior do tempo, que não pode ser submetida a medidas externas. Para Heidegger, muitos de cujos conceitos foram desenvolvidos também por Jean-Paul Sartre e os filósofos existencialistas, o tempo é condição da existência entendida como projeto e como decisão antecipadora. Considera, além disso, que a vida do homem é definida por seu “ser para a morte”. Com a elaboração da filosofia do materialismo dialético, Marx e Engels, se baseando nas idéias de Hegel, introduziram um conceito do tempo onde o filosófico se une ao sociológico e ao histórico. A preocupação não é estritamente definir o tempo, mas chegar a uma compreensão rigorosa das leis que governam as mudanças sociais e, portanto, conhecendo essas leis, procurar os meios para transformar o mundo. A filosofia recupera, assim, sua conexão com a ciência e com a poesia. O poeta Arthur Rimbaud tinha lançado a exortação de “transformar a vida”. Tanto a frase de Marx como a de Rimbaud perduraram durante várias décadas do século XX (por exemplo, o Maio de 1968) como uma incitação a construir a utopia revolucionária no tempo concreto e fugaz da existência humana.
Lei de Gresham, em economia, princípio formulado por Thomas Gresham segundo o qual, "o dinheiro mau expulsa o bom", ou seja, quando uma unidade monetária desvalorizada está em circulação simultaneamente com outras moedas, cujo valor não esteja desvalorizado em relação ao metal precioso, as não desvalorizadas tenderão a desaparecer.Limite e excesso Frente à tendência da cultura clássica, baseada no limite e na harmonia, o neobarroco representa a cultura do excesso, da exploração das dissonâncias e, sob o ponto de vista estético, põe em dúvida os critérios muito fechados acerca da fronteira entre o bom gosto e o mau gosto. O emblema desta inclinação pelo excesso é a figura do monstro. Talvez por significar a ruptura com as divisões entre os reinos (ou que já é excessivo), o monstro cria uma sensação de perda de centro; destrói a estabilidade que as normas fixas e os limites do concebível asseguram. Participa do animal e até às vezes adquire a consistência e a cor dos vegetais marinhos. Também as imagens incomuns da sexualidade se integram no campo do excesso. Também elas desestabilizam: O último tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci, ou Nove e meia semanas de amor (1985), de Adrian Lyne. Em 1994, o filósofo Mario Perniola publicou Il sex appeal dell’inorganico (O sex appeal do inorgânico), livro em que estuda as relações entre homem e coisa — inclusive o conceito de “coisa que sente” — através de temas tão diversos como o fetichismo, o cybersex, rock e hardcore, moda, limites e deslizamentos entre corpo e vestido etc. O terceiro aspecto da busca do excesso é o da violência e o horror. Aqui deverão ser incluídos os filmes de atores especialistas em caratê, as magníficas cenas finais de O dia do gafanhoto (1975), de John Schlesinger, e o vampirismo (ver Vampiro), cujos fãs têm aumentado nos últimos anos e que tem influenciado também a moda. Basta como exemplo o filme Drácula de Bram Stoker (1992), de Francis Ford Coppola, em que destaca-se a exuberância na caracterização e no vestuário dos personagens. Sem dúvida, a cultura punk e a moda do piercing e da tatuagem são também manifestações do excesso. Para Sarduy, o escritor é tatuador e a literatura, a arte da tatuagem.

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