Celtas
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Celtas é a designação dada a um conjunto de povos (um etnónimo), organizados em múltiplas tribos e pertencentes à família linguística indo-europeia que se espalhou pela maior parte do oeste da Europa a partir do segundo milénio a.C.. A primeira referência literária aos celtas (Κελτοί) foi feita pelo historiador grego Hecateu de Mileto no século VI a.C..
Boa parte da população da Europa ocidental pertencia às etnias celtas até a eventual conquista daqueles territórios pelo Império Romano; organizavam-se em tribos, que ocupavam o território desde a península Ibérica até a Anatólia. A maioria dos povos celtas foi conquistada, e mais tarde integrada, pelos Romanos, embora o modo de vida celta tenha, sob muitas formas e com muitas alterações resultantes da aculturação devida aos invasores e à posterior cristianização, sobrevivido em grande parte do território por eles ocupado.
Existiam diversos grupos celtas compostos de várias tribos, entre eles os bretões, os gauleses, os escotos, os eburões, os batavos, os belgas, os gálatas, os trinovantes e os caledônios. Muitos destes grupos deram origem ao nome das províncias romanas na Europa, as quais que mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e modernos da Europa.
Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro na Europa, dando origem naquele continente à Idade do Ferro (culturas de Hallstatt e La Tène), bem como das calças na indumentária masculina (embora essas sejam provavelmente originárias das estepes asiáticas).
Do ponto de vista da independência política, grupos celtas perpetuaram-se pelo menos até ao século XVII na Irlanda, país onde por seu isolamento, melhor se preservaram as tradições de origem celta.[1] Outras regiões europeias que também se identificam com a cultura celta são o País de Gales, uma entidade sub-nacional do Reino Unido, a Cornualha (Reino Unido), a Gália (França, e norte da Itália), o norte de Portugal e a Galiza (noroeste da Espanha). Nestas regiões os traços linguísticos celtas sobrevivem nos topônimos, nalgumas formas linguísticas, no folclore e tradições.
A influência cultural celta, que jamais desapareceu, tem mesmo experimentado um ciclo de expansão em sua antiga zona de influência, com o aparecimento de música de inspiração celta e no reviver de muitos usos e costumes conhecidos atualmente como Celtismo.
Índice[esconder] |
Nomes e terminologia
Na Antiguidade os celtas foram conhecidos por três designações diferentes, pelos autores greco-romanos: celtas (em latim Celtae, em grego Κελτοί, transl. Keltoí); gálatas (em latim galatae, em grego Γαλάται, transl. Galátai); e galos ou gauleses (latim gallai, galli; grego Γάλλοί, transl. Galloí).[2] Os romanos se referiam apenas aos celtas continentais como celtae; os povos da Irlanda e das ilhas Britânicas, nunca foram designados por celtas, nem pelos romanos nem por si próprios,[3][4] eram chamados de Hiberni (hibérnios) e Britanni (bretões), respectivamente, e só começaram a ser chamados de celtas no século XVI d.c..[5][6] No De Bello Gallico, Júlio César comentou que o nome "celta" era a maneira pela qual os gauleses se chamavam a si próprios na "língua celta" (lingua Celtae).[7][8] Pausânias comentou ainda que os gauleses não só se chamavam a si mesmos de celtas como era também por este nome que os outros povos os conheciam.[9] A atestar este facto temos evidência na epigrafia funerária onde se confirma que havia povos chamados de celtas que se identificavam como tal, nomeadamente os Supertamarici.[10] Plínio o velho registou que os habitantes de Miróbriga usavam o sobrenome de Celtici: "Mirobrigenses qui Celtici cognominantur".[11] No santuário de Miróbriga um habitante deixa gravado a sua origem celta:
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- D(IS) M(ANIBUS) S(ACRUM) / C(AIUS) PORCIUS SEVE/RUS MIROBRIGEN(SIS) / CELT(ICUS) ANN(ORUM) LX / H(IC) S(ITUS) E(ST) S(IT) T(IBI) T(ERRA) L(EVIS [12]
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A raiz do termo "celta" aparece como elemento dos nomes próprios nativos da Gália, Celtillos, e da península Ibérica, Celtio, Celtus, Celticus; nos nomes tribais, célticos, celtiberos; e nos topónimos, Celti, Céltica,Céltigos e Celtibéria.[13][14][15]
Existem duas principais definições do termo celta, uma dada pelos autores da Antiguidade e uma definição moderna, criada por autores contemporâneos. A definição moderna do termo celta tem significados diferentes em contextos diferentes; linguistas, antropólogos, arqueólogos, historiadores, folcloristas todos o usam de forma diferente revelando discrepâncias entre os diferentes conceitos.[16][17] A validade de empregar o termo celta, para além da definição dada pelos autores greco-romanos da Antiguidade, é polémica e já era contestada por autores do século XIX.[18][19][20]
Segundo os linguistas, são celtas os povos que falaram ou falam uma língua celta,[21][22][23][24] e, por associação, são celtas as terras onde eles vivem.[25] Segundo esta teoria, os povos celtas que deixaram de falar uma língua celta também deixaram de ser designados de celtas.
Em arqueologia determinou-se chamar celtas os povos que partilham uma cultura material e um estilo de arte específico. Associam-se as culturas de Hallstatt e La Tène às culturas celtas e proto-celtas. Definem-se como celtas os povos das áreas da Europa continental, da Irlanda e das Ilhas Britânicas que partilharam estas culturas.[26][27][28][29]
A localização dos Celtas segundo os autores da Antiguidade
- Século VI a. C
Os celtas são referidos pela primeira vez na literatura grega por Hecateu de Mileto. Da sua obra sobrevivem fragmentos muito curtos sobre os celtas: escreve que o país celta fica perto de Massalia, uma colónia de comerciantes gregos e refere-se a Narbona como cidade de comércio celta e a Nirax como cidade celta.
Massalia: cidade da Ligúria perto do país celta, uma colónia dos foceus. Narbona: centro de comércio e cidade dos celtas. Nírax: cidade celta. | — ' |
- Século V a.C.[30]
Segundo Heródoto, a localização dos celtas era para além dos Pilares de Hércules e vizinha dos Conii.
Os Keltoi vivem para além dos Pilares de Hércules, sendo vizinhos dos Cynesii e são a mais ocidental de todas as nações que habitam a Europa". |
O rio Ister nasce na terra dos Keltoi na cidade de Pyrene e percorre o centro da Europa. Os Keltoi vivem além das colunas de Hércules, sendo vizinhos do Kynesioi e são a mais ocidental de todas as nações que habitam a Europa. E assim, se estendem por toda a Europa até as fronteiras da Cítia |
- Século III a.C.
Eratóstenes situava os celtas na parte ocidental da Europa, segundo o comentário de Estrabão.
Eratóstenes diz que até Gades, o exterior (SC. da Iberia) é habitado pelos gálatas; e se a parte ocidental da Europa é ocupada por eles, esqueceu-se deles na sua descrição da Ibéria, nunca faz menção aos gálatas. | — ' |
- Século I a.C.
Diodoro refere a diferença das denominações dada aos celtas por romanos e gregos.
E agora, será útil fazer uma distinção que é desconhecida de muitos: Os povos que habitam no interior, acima de Massalia, os das encostas dos Alpes, e os deste lado das montanhas dos Pirenéus são chamados de celtas, ao passo que os povos que estão estabelecidos acima desta terra Céltica, nas partes que se estendem para o norte, ambas ao longo do oceano e ao longo da Montanha Hercinia , e todos os povos que vêm depois destas, tão longe quanto Cítia, são conhecidos como gauleses, os romanos, no entanto, incluem todas estas nações juntando-as debaixo de um único nome, chamando-as de uma, e a todos de gauleses. |
- Sobre a terra dos Celtas
A primeira referência à terra dos celtas, Céltica, é provavelmente do geógrafo Timageto.
[...]o Fasis [e o Istro] procedem dos montes Ripeos, que são da terra keltica, e logo vão desaguar numa lagoa dos celtas | — ' |
Estrabão indica a informação que Ephorus possuía sobre a terra dos celtas.
Ephorus, em seus relatos, faz Céltica tão excessiva em seu tamanho, que ele atribui às regiões da Céltica a maioria das regiões, tão longe quanto Gades, no que hoje chamamos península Ibérica" | — Estrabão, IV, 4, 6 |
Demografia
As origens dos povos celtas são motivo de controvérsia, especulando-se que entre 1900 e 1500 a.C. tenham surgido da fusão de descendentes dos agricultores danubianos neolíticos e de povos de pastores oriundos das estepes.[36] Esta incerteza deriva da complexidade e diversidade dos povos celtas, que além de englobarem grupos distintos, parecem ser a resultante da fusão sucessiva de culturas e etnias. Na península Ibérica, por exemplo, parte da população celta se misturou aos iberos, o que resultou no surgimento dos celtiberos.[37][38]
Todavia, estudos genéticos realizados em 2004 por Daniel Bradley,[39] do Trinity College de Dublin, demonstraram que os laços genéticos entre os habitantes de áreas célticas como Gales, Escócia, Irlanda, Bretanha e Cornualha são muito fortes e trouxeram uma novidade: a de que, de entre todos os demais povos da Europa, os traços genéticos mais próximos destes eram encontrados na península Ibérica.
Daniel Bradley explicou que sua equipe propunha uma origem muito mais antiga para as comunidades da costa do Atlântico: há pelo menos 6000 anos ou até antes disso. Os grupos migratórios que deram origem aos povos celtas do noroeste europeu teriam saído da costa atlântica da península Ibérica nos finais da última Idade do Gelo e ocupada as terras recém libertadas da cobertura glacial no noroeste europeu, expandindo-se depois para as áreas continentais mais distantes do mar.
O geneticista Bryan Sykes confirma esta teoria no seu livro Blood of the Isles (2006), a partir de um estudo efectuado em 2006 pela equipe de geneticistas da Universidade de Oxford. O estudo analisou amostras de ADN recolhidas de 10 000 voluntários[40] do Reino Unido e Irlanda, permitindo concluir que os celtas que habitaram estas terras, — escoceses, galeses e irlandeses —, eram descendentes dos celtas da península Ibérica que migraram para as ilhas Britânicas e Irlanda entre 4.000 e 5.000 a. C.[41][42]
Outro geneticista da Universidade de Oxford, Stephen Oppenheimer, corrobora esta teoria no seu livro "The Origins of the British" (2006). Estes estudos levaram também à conclusão de que os primitivos celtas tiveram a sua origem não na Europa Central, mas entre os povos que se refugiaram na península Ibérica durante a última Idade do Gelo.[43]
Estudos da Universidade do País de Gales defendem que as inscrições encontradas em estelas no sudoeste da península Ibérica demonstram que os celtas do País de Gales vieram do sul de Portugal e do sudoeste de Espanha.[44][45]
História
Teoria centro-europeia
A área verde na imagem sugere a possível extensão da área (proto-)céltica por volta de 1000 a.C.. A área laranja indica a região de nascimento da cultura de La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C. Vestígios associados à cultura celta remontam a pelo menos 800 a.C., no sul da Alemanha e no oeste dos Alpes. Todavia, é muito provável que o grupo étnico celta já estivesse presente na Europa Central há centenas ou milhares de anos antes desse período.
Durante a primeira fase da Idade do Ferro céltica (do século VIII a.C. ao século V a.C.), as sepulturas encontradas pelos arqueólogos indicam o surgimento de uma nova aristocracia e de uma crescente estratificação social. Essa estratificação aprofundou-se a partir do século VI a.C., quando grupos do norte da Europa e da região oeste dos Alpes entraram em contato comercial com as colônias gregas fundadas no Mediterrâneo Ocidental.
O intercâmbio com os gregos, que chamavam aos celtas indistintamente de keltoi, é evidenciado pelas finas peças de cerâmica grega encontradas nos túmulos. É igualmente provável que os gregos tenham adotado o costume de armazenar o vinho em vasos de cerâmica após os contactos com os celtas, que já os utilizavam como forma de armazenamento de provisões.
Os objetos inumados das sepulturas comprovam que o comércio dos celtas se estendia a regiões ainda mais afastadas, tendo sido encontradas peças de bronze de origem etrusca e tecidos de seda seguramente oriundos da China.
A partir do século V a.C., verifica-se um deslocamento dos centros urbanos celtas, até então localizados ao longo dos rios Ródano, Saona e Danúbio, evento associado a segunda fase da Idade do Ferro europeia e ao desenvolvimento artístico da cultura La Tène. As sepulturas deste período apresentam armas e carros de combate, embora sejam menos ricas do que as do período pacífico anterior, provavelmente, reflexo da sua fase de maior expansão, quando invadiram o sul da Europa após 400 a.C..
Em 390 a.C. os celtas invadiram o norte da península Itálica (Gália Cisalpina) e saquearam Roma. Por volta de 272 a.C., pilharam Delfos na Grécia. As hostes celtas conquistaram territórios na Ásia Menor, nos Balcãs e no norte da Itália, onde o contingente mais numeroso era o dos gauleses.
A partir do século II a.C., os celtas começam a perder território para os povos de língua germânica, e os romanos, pouco a pouco, conseguem dominá-los, o que consolidam a partir de 192 a.C., quando anexam a Gália Cisalpina ao Império Romano.
Os golpes finais na dominância celta ocorrem no século I a.C., quando Júlio César conquista a Gália, e no século I d.C., quando o imperador Cláudio domina a Bretanha. Somente a Irlanda e o norte da Escócia, onde viviam os escotos, permaneceram fora da zona de influência direta do Império Romano.
Críticas
Críticos afirmam que não há qualquer evidência linguística, arqueológica ou genética, que comprove que as regiões onde se originaram as culturas Hallstatt ou La Tène sejam o local de origem dos povos celtas. Indicam que este conceito deriva de um erro feito pelo historiador Heródoto há 2500 anos, num comentário sobre os "Keltoi," onde os localizava na nascente do rio Danúbio, a qual ele julgava ser perto dos Pirenéus.
Este erro foi depois mais tarde, em fins do século XIX, aproveitado pelo historiador francês Marie Henri d'Arbois de Jubainville para basear a sua teoria de que Heródoto queria dizer que a terra original dos celtas era no sul da Alemanha.[46][47]
Teoria da idade do bronze atlântica
Segundo esta teoria os celtas teriam origem no sul da península Ibérica. Baseia-se na evidência histórica, de que Heródoto, localizava os Keltoi na Ibéria e dizia que eram vizinhos dos Kunetes localizados na atual região do Algarve; na hipótese da língua tartéssica ser uma língua celta, o que indicaria que as línguas celtas ter-se-iam originado na zona atlântica durante a Idade do Bronze; e em evidências genéticas.[48][49][50][51]
Língua e cultura
Língua
As línguas célticas derivam de dois ramos indo-europeus do grupo denominado centum: o celta-Q (goidélico), mais antigo, do qual derivam o irlandês, o gaélico da Escócia e a língua manx da Ilha de Man, e o celta-P (galo-britânico), falado pelos gauleses e pelos habitantes da Bretanha, cujos descendentes modernos são o galês (do País de Gales) e o bretão (na Bretanha). Os registos mais antigos escritos numa língua celta datam do século VI a.C..[52]
As informações atualmente disponíveis sobre os celtas foram obtidas principalmente através do testemunho dos autores greco-romanos. Isto não permite traçar um quadro completo e imparcial do que foi a realidade quotidiana desses povos. O chamado "alfabeto das árvores" ou Ogham surgiu apenas por volta de 400 d.C.[53]
Edward Lhuyd identificou em 1707 uma família de línguas ao notar a semelhança entre o irlandês, o bretão, o córnico e o galês e a extinta língua gaulesa, as quais classificou como línguas celtas. Lhuyd justificou o uso da expressão pelo fato de estas pertencerem à mesma família linguística do gaulês e a língua gaulesa e a maioria das tribos gaulesas terem sido chamadas de celtas.[54][55][56][57]
Fontes clássicas e arqueológicas atestam que os celtas faziam uso limitado da escrita. Júlio César, no De Bello Gallico, comentou que os helvécios usavam o alfabeto grego para registar o censo da população e que os druidas recusavam-se a registar por escrito os versos, mas que faziam uso do alfabeto grego para as transações públicas e pessoais.[58] Diodoro disse que nos funerais os gauleses escreviam cartas aos amigos, e jogavam-nas na pira funerária, como se elas pudessem ser lidas pelos defuntos.[59] Já Ulpiano determina que os fidei comunis podiam ser escritos em gaulês, entre outras línguas, o que gerou especulações de que no século III esta língua ainda seria escrita e falada.[60]
O alfabeto ibérico foi usado para registar o celtibéro, uma língua celta da península Ibérica. O alfabeto de Lugano e Sondrio foi usado na Gália Cisalpina e o alfabeto grego na Gália Transalpina. Variações do alfabeto latino foram usadas na península Ibérica e na Gália Transalpina.[61] Estudos colocam a hipótese de haver uma relação entre as inscrições de Glozel e um dialecto celta.[62][63][64]
Cultura
As manifestações artísticas celtas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana). Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos. Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e motivos entalhados. A influência da arte celta está ainda presente nas iluminuras medievais irlandesas e em muitas manifestações do folclore do noroeste europeu, na música e arquitectura de boa parte da Europa ocidental. Também muitos dos contos e mitos populares do ocidente europeu têm origem na cultura dos celtas.
Alguns estereótipos modernos e contemporâneos foram associados à cultura dos celtas, como imagens de guerreiros portando capacetes com chifres[65] e ou asas laterais (vide Astérix),[66][67] comemorações de festas com taças feitas de crânios dos inimigos,[68] entre outros. Essas imagens são devidas em parte ao conhecimento divulgado sobre os celtas durante o século XIX.
Diógenes Laércio, na sua obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, comenta que a origem do estudo da filosofia era atribuída aos celtas, (entre outros povos considerados bárbaros). O conhecimento da filosofia era atribuído aos druidas e aos semnothei.[69]
Massalia era um conhecido centro de aprendizagem onde os celtas iam aprender a cultura grega, a ler e a escrever.[70][71]
Entre os eruditos da antiguidade de origem celta ou oriundos das regiões celtas são conhecidos Gneu Pompeu Trogo,[72] Marcelo Empírico,[73] Públio Valério Catão,[74] Marco Antônio Gnífon,[75] Cornélio Galo,[76] Rutílio Cláudio Namaciano,[77] Virgílio, Vibius Gallus[78] Tito Lívio[79] Cornélio Nepos[80] e Sidônio Apolinário.
Organização social
A unidade básica de sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam um núcleo de terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado que apascentavam.
Com base em estudos efectuados na Irlanda, determinou-se que a sua organização política era dividida em três classes: o rei e os nobres, os homens livres e os servos, artesãos, refugiados e escravos. Este último grupo não possuía direitos políticos. A esta estrutura secular, agregavam-se os sacerdotes (druidas), bardos e ovados, todos com grande influência sobre a sociedade.
Mais recentemente foram apresentadas novas perspectivas sobre a celtização do Noroeste de Portugal e a identidade étnica dos Callaeci Bracari.[81] No país, os povoados castrejos do tipo citaniense apresentavam características similares às dos povoados celtas. A citânia de Briteiros é exemplo de um povoado com características celtas, sendo, porém, necessário tomar esta designação no seu sentido lato: isto é - seria o local de habitação das numerosas tribos celtizadas (celtici).[82] Tongóbriga é um sítio arqueológico situado na freguesia de Freixo, também antigo povoado dos Callaeci Bracari..[83]
Religião
Série sobre Mitologia celta |
Mitologia gaélica |
Mitologia irlandesa |
Mitologia britânica |
Religião britânica da Idade do Ferro |
Vocações religiosas |
Festivais |
Samhain, Calan Gaeaf |
Os celtas exaltavam as forças telúricas expressas nos ritos propiciatórios. A natureza era a expressão máxima da Deusa Mãe. A divindade máxima era feminina, a Deusa Mãe, cuja manifestação era a própria natureza e por isso a sociedade celta embora não fosse matriarcal mesmo assim a mulher era soberana no domínio das forças da natureza.[84][85] A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os ritos quase sempre realizados ao ar livre. Suspeita-se que algumas das suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como celebrações dos equinócios e solstícios.
Embora se saiba que os celtas adoravam um grande número de divindades, do seu culto hoje pouco se conhece para além de alguns dos nomes. Tendo um fundo animista, a religião celta venerava múltiplas divindades associadas a atividades, fenômenos da natureza e coisas. Entre as divindades contavam-se Tailtiu e Macha, as deusas da natureza, e Epona, a deusa dos cavalos. Entre as divindades masculinas incluíam-se deuses como Goibiniu, o fabricante de cerveja, e Tan Hill, a divindade do fogo. O escritor romano Lucano faz menções a vários deuses celtas, como Taranis, Teutates e Esus, que, curiosamente, não parecem ter sido amplamente adorados ou relevantes.
Algumas divindades eram variantes de outras, refletindo a estrutura tribal e clânica dos povos celtas. A esta complexidade veio juntar-se a plêiade de divindades romanas, criando novas formas e designações. É nesse contexto que a deusa galo-romana dos cavalos, Epona, parece ser uma variante da deusa Rhiannon, adorada em Gales, ou ainda Macha, que era adorada na região do Ulster.
As crenças religiosa dos celtas também originaram muitos dos mitos europeus. Entre os mais conhecidos está o mito de Cernunnos, também chamado de Slough Feg ou Cornífero na forma latinizada, comprovadamente um dos mitos mais antigos da Europa ocidental, mas do qual pouco se conhece.
Com a assimilação no Roma, os deuses celtas perderam as suas características originais e passaram a ser identificados com as correspondentes divindades romanas. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta, estando ainda hoje presente em muitos dos cultos de santos e nas crenças populares assimilados no cristianismo.
Com a crescente secularização da sociedade europeia, surgiram movimentos neo-pagãos pouco expressivos, que buscam a adaptação aos novos tempos das crenças do paganismo antigo, sendo alguns dos principais representantes a wicca e os neo-druidas, que embora contenham alguns elementos celtas, não são célticos, nem representam a cultura do povo celta.
A wicca tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Aleister Crowley. Já o neo-druidismo não tem uma fonte única, sendo uma tentativa de reconstruir o druidismo da Antiguidade, tendo sua estruturação sido iniciada em sociedades secretas da Grã-Bretanha a partir do século XVIII.
Mitologia
Consideram-se três as fontes principais sobre a mitologia celta, os autores greco-romanos, a arqueologia, e os documentos britânicos e irlandeses.
São riquíssimas as narrativas mitológicas celtas, principalmente as transmitidas oralmente em forma de poema, como "O Roubo de Gado em Cooley". Nesta, o herói irlandês Cú Chulainn enfrenta as forças da rainha Maeve para defender o seu condado. Outra narrativa, do Livro das Invasões (Lebor Gabala Erren), conta a lenda dos filhos de Míle Espáine e o seu trajecto até chegarem à Irlanda.
Outros legados dos celtas são as histórias do Ciclo do Rei Artur da Inglaterra e relatos míticos dos quais se originaram os contos de fadas, como, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho (onde a menina representa o Sol devorado pela noite do inverno, ou seja, o lobo).[86]
Tribos e povos celtas
- Brácaros
- Bretões
- Batavos
- Brigantinos
- Calaicos
- Caledônios
- Celtiberos
- Célticos
- Gauleses
- Eburões
- Escotos
- Pictos
- Trinovantes
Figuras históricas
Cidades históricas
Ver também
- Arte celta
- Celtismo
- Cultura de Hallstatt
- Cultura de La Tène
- Cultura castreja
- Grupos étnicos europeus
- Línguas celtas
- Nações celtas
- Topónimos celtas em Portugal
Referências
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- ↑ Who were the Ancient Celts? - The Celts in Ancient History
- ↑ Ancient Ireland: A Study in the Lessons of Archeology and History
- ↑ The Atlantic Celts: Ancient People Or Modern Invention?
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- ↑ Rome and the Barbarians: 100 B.C.-A.D. 400 pg.88
- ↑ A Classical Dictionary: Containing an Account of the Principal Proper Names pg. 537
- ↑ The Greater Lit.of the World p.299
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- ↑ Cardozo, Mário. Citânia de Briteiros e Castro de Sabroso. 11.ª edição, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães, 1990, p.13.
- ↑ DIAS, Lino Augusto Tavares. Tongobriga. Lisboa: IPPAR, 1997. ISBN 972-8087-36-5
- ↑ [14]
- ↑ Mistérios Antigos, Celtas
- ↑ LURKER, Manfred. Hund und Wolf in ihrer Beziehung zum Tode, 1969, p. 212.
Bibliografia
- Atlas da História Universal (Times Books Ltds., Sociedad Comercial y Editorial Santiago Limitada, O Globo Ltda., Rio de Janeiro, 1995)
- Conhecer, vol. III (Abril Cultural Ltda., São Paulo, 1970)
- Coutinhas, J. M. - "Callaeci Bracari - aproximação à identidade etno-cultural". Porto. 2006.
- Powell, T.G.E - The Celts, ed. rev. (Thames & Hudson Publishers, Inc., Londres, 1959)
- The Longue Durée of Genetic Ancestry: Multiple Genetic Marker Systems and Celtic Origins on the Atlantic Facade of Europe (em inglês)
Ligações externas
- E-Keltoi. Volume 6: The Celts in the Iberian Peninsula (em inglês)
- Celtas (em português)
- Mapa pormenorizado dos Povos Pré-Romanos da península Ibérica (200 a.C.)
- Citânia de Briteiros: visita virtual (em português)
- I Celti tra storia e leggenda (em italiano)
- I Celti e la letteratura fantastica (em italiano)
- Celtas
Vikings
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.- Nota: Para outros significados, veja Vikings (desambiguação).
O termo viking (do nórdico antigo víkingr) ou viquingues é habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas nórdicos (escandinavos) que invadiram, exploraram e colonizaram em grandes áreas da Europa e das ilhas do Atlântico Norte a partir do final do século VIII até meados do século XI.[1]
Esses vikings usavam seus famosos navios dragão para viajar do extremo oriente, como Constantinopla e o rio Volga, na Rússia, até o extremo ocidente, como a Islândia, Groenlândia e Terra Nova, e até o sul de Al-Andalus.[2] Este período de expansão viking - conhecidos como a Era Viking - constitui uma parte importante da história medieval da Escandinávia, Grã-Bretanha, Irlanda e do resto da Europa em geral.
As concepções populares dos vikings geralmente diferem do complexo quadro que emerge da arqueologia e das fontes escritas. A imagem romantizada dos vikings como bons selvagens germânicos começaram a fincar suas raízes no século XVIII e isso evoluiu e tornou-se amplamente propagado durante a revitalização viking do século XIX.[3] A fama dos vikings de brutos e violentos ou intrépidos aventureiros devem muito ao mito viking moderno que tomou forma no início do século XX. As atuais representações populares são tipicamente muito clichês, apresentando os vikings como caricaturas.[3] Eles também fundaram povoados e fizeram comércio pacificamente. A imagem histórica dos vikings mudou um pouco ao longo dos tempos, e hoje já admite-se que eles tiveram uma enorme contribuição na tecnologia marítima e na construção de cidades.[1]
Índice
[esconder][editar] Etimologia
Hoje, de um modo um tanto controverso, a palavra viking também é usada como um adjetivo que se refere aos escandinavos da época; a população escandinava medieval é denominada frequentemente pelo termo genérico "nórdicos".
A etimologia da palavra é um tanto incerta. A raiz da palavra germânica vik ou wik está relacionada a mercados, é o sufixo normalmente utilizado para referir-se a uma "cidade mercadora", da mesma forma que burg significa "lugar fortificado". Sandwich e Harwich, na Inglaterra, ainda mostram essa terminação, e Quentovic, a recém-escavada cidade portuária dos francos, mostra a mesma etimologia. A atividade mercantil dos vikings está bem documentada em vários locais arqueológicos como Hedeby. Há quem acredite que a palavra viking vem de vikingr do nórdico antigo, língua falada pelos vikings, mas eles não se denominavam assim; este nome foi atribuído a eles devido ao seu significado: piratas, aventureiros ou mercenários viajantes. Os vikings são escandinavos, que por sua vez, são um povo germânico, sendo provenientes dos Indo-Europeus. Os vikings a partir do século VII começaram a sair da Escandinávia, indo para as regiões próximas, devido a uma superpopulação e até problemas internos, como no caso de Erik, o Vermelho que foi expulso da Noruega e da Islândia por assassinato, além da motivação pelo comércio e pelos saques das cidades européias. Os anais francos usam a palavra Normanni, os anglo-saxões os denominavam de Dani, e embora esses termos certamente se refiram respectivamente aos noruegueses e dinamarqueses, parece que frequentemente eram usados para os "homens do norte" em geral. Nas crônicas germânicas eles eram denominados de Ascomanni, isto é, "homens de madeira", porque suas naus eram feitas de madeira. Em fontes irlandesas eles aparecem com Gall (forasteiro) ou Lochlannach (nortistas); para o primeiro eram algumas vezes adicionadas as palavras branco (para noruegueses) ou preto (para dinamarqueses), presumivelmente devido às cores de seus escudos ou de suas malhas.
Adam de Bremem, historiador eclesiástico germânico, afirmou, aproximadamente em 1705, que o termo viking era usado pelos próprios dinamarqueses. Ele escreve: "... Os piratas a quem eles [dinamarqueses] chamam de Vikings, mas nós [os germânicos] chamamos de Ashmen". Se a origem da palavra viking for escandinava deve ser relativa à vig (batalha), ou vik (riacho, enseada, fiorde ou baía). Se por outro lado, a palavra viking não for de origem escandinava, pode estar relacionada à palavra "acampamento" - do inglês antigo wic e do latim vicus.
[editar] Registros históricos
A terra natal dos vikings era a Noruega, Suécia e Dinamarca. Eles e seus descendentes se estabeleceram na maior parte da costa do Mar Báltico, grande parte da Rússia continental, a Normandia na França, Inglaterra e também atacaram as costas de vários outros países europeus, como Portugal, Espanha, Itália e até a Sicília e partes da Palestina.[carece de fontes] Os vikings também chegaram à América antes da descoberta de Cristóvão Colombo, tendo empreendido uma tentativa fracassada de colonização na costa da região sudeste do Canadá.
Os vikings eram guerreiros que viajavam pelos mares a partir de sua terra, na península escandinava, pilhando e saqueando cidades, mas também estabelecendo colônias e comercializando. Eles chegaram a áreas no norte da Europa levando sua cultura, como a Normandia, na França, que Rolão (Rollo) conseguiu através de um acordo com Carlos III, o Tratado de Saint-Clair-sur-Epte. Este território era no norte da França ao redor da cidade de Rouen. Além da Groenlândia, onde Erik, o vermelho criou colônias após ter sido expulso da Noruega e da Islândia, e do Canadá, para onde Leif Eriksson, filho de Erik viajou. Os vikings costumavam usar lanças (como o deus Odin) e machados e seus capacetes não possuiam chifres (como são apresentados). Viajavam em barcos rápidos chamados drakkars, "dragão", por terem uma cabeça do mítico animal esculpida na frente. A velocidade desses barcos facilitava ataques surpresas e fugas quando necessário.
[editar] Expansão
As diversas nações viking estabeleceram-se em várias zonas da Europa:
- Os dinamarqueses navegaram para o sul, em direção à Frísia, França e partes do sul da Inglaterra. Entre os anos 1013 e 1042, diversos reis vikings, como Canuto o Grande, chegaram mesmo a ocupar o trono inglês.
- Os suecos navegaram para o leste entrando na Rússia, onde Rurik fundou o primeiro estado russo, e pelos rios ao sul para o Mar Negro, Constantinopla e o Império Bizantino.
- Os noruegueses viajaram para o noroeste e oeste, ocupando as para as Ilhas Faroé, Shetland, Órcades, Irlanda e Escócia. Excepto nas ilhas britânicas, os noruegueses encontraram principalmente terras inabitadas e fundaram povoados. Primeiro a Islândia em 825 (monges irlandeses já estavam lá), depois a Groenlândia (985), foram ocupadas e colonizadas por vikings noruegueses. Em cerca de 1000 d.C., a América do Norte foi descoberta por Leif Eriksson da Groenlândia, que a chamou de Vinland. Um pequeno povoado foi fundado na península norte na Terra Nova (Canadá), mas a hostilidade dos indígenas locais e o clima frio provocaram o fim desta colónia poucos anos. Os restos arqueológicos deste local - L'Anse aux Meadows - constituem hoje em dia um sítio de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Os Vikings começaram a incursar e colonizar ao longo da parte nordestina de Mar Báltico nos séculos VI e VII. No final do século VIII, os suecos faziam longas incursões descendo os rios da moderna Rússia e estabeleceram fortes ao longo do caminho para a defesa. No século IX eles controlavam Kiev e em 907 uma força de dois mil navios e oitenta mil homens atacou Constantinopla. Eles saíram de lá com um favorável acordo comercial do imperador bizantino. Depois chegando até a Sicília.
Os vikings fizeram a primeira investida no Oeste no final do século VIII. Os primeiros relatos de invasões viking datam de 793, quando dinamarqueses ("marinheiros estrangeiros") atacaram e saquearam o famoso monastério insular de Lindisfarne, na costa Leste da Inglaterra. Os vikings saquearam o monastério, mataram os monges que resistiram, carregaram seus navios e retornaram à Escandinávia. Nos 200 anos seguintes, a história Europeia encontra-se repleta de contos sobre os vikings e suas pilhagens. O tamanho e a frequência das incursões contra a Inglaterra, França e Alemanha aumentaram ao ponto de se tornarem invasões. Eles saquearam cidades importantes como Hamburgo, Utrecht e Rouen. Colônias foram estabelecidas como bases para futuras incursões. As colônias no Noroeste da França ficaram conhecidas como Normandia (de "homens do Norte"), e seus residentes eram chamados de normandos.
Em 865, um grande exército dinamarquês invadiu a Inglaterra. Eles controlaram a Inglaterra pelos dois séculos seguintes. Um dos últimos reis de toda a Inglaterra até 1066 foi Canuto, que governava a Dinamarca e a Noruega simultaneamente. Em 871, uma outra grande esquadra navegou pelo Rio Sena para atacar Paris. Eles cercaram a cidade por dois anos, até abandonarem o local com um grande pagamento em dinheiro e permissão para pilhar, desimpedidos, a parte Oeste da França.
Em 911, o rei da França elevou o chefe da Normandia a Duque em troca da conversão ao cristianismo e da interrupção das incursões. Do Ducado da Normandia veio uma série de notáveis guerreiros como Guilherme I, que conquistou a Inglaterra em 1066; Robert Guiscard e família, que tomaram a Sicília dos árabes entre 1060 e 1091 e Balduíno I, rei cruzado de Jerusalém.
Os vikings conquistaram a maior parte da Irlanda e grandes partes da Inglaterra, viajaram pelos rios da França, Portugal e Espanha, e ganharam controle de áreas na Rússia e na costa do Mar Báltico. Houve também invasões no Mediterrâneo e no leste do Mar Cáspio e há indícios que estiveram na costa do novo continente, fundando a efêmera colônia de Vinland, no atual Canadá.
[editar] A Era Viking
O período compreendido entre as primeiras invasões registradas na década de 790 até a conquista normanda da Inglaterra, em 1066, é conhecido como a Era Viking da história escandinava. Supõe-se que os ataques aos povos que vivem ao redor do Mar Báltico tem uma história anterior. Eles são, porém, não bem conhecidos, devido à falta de fontes escritas a partir dessa área. Os normandos eram descendentes de vikings dinamarqueses e noruegueses a que foram dados suserania feudal de áreas no norte da França - o Ducado da Normandia - no século X.[carece de fontes] A este respeito, os descendentes dos vikings continuaram a ter influência no norte da Europa. Da mesma forma, o Rei Harold Godwinson, o último rei anglo-saxão da Inglaterra, tinha antepassados dinamarqueses.
Geograficamente, a "Era Viking" pode ser atribuída não apenas às terras escandinavas (modernas Dinamarca, Noruega e Suécia), mas também aos territórios sob domínio norte-germânico, principalmente o Danelaw, incluindo o York escandinavo, o centro administrativo dos restos mortais do Reino da Nortúmbria,[4] partes do Reino da Mércia[5] e a Ânglia Oriental.[6] Navegantes vikings abriram o caminho para novas terras ao norte, oeste e leste, o que resultou na fundação de colônias independentes em Shetland, Orkney, Ilhas Faroé, Islândia, Gronelândia,[7] e L'Anse aux Meadows, uma colônia de vida curta na Terra Nova, por volta de 1000 d.C.[8] Muitas dessas terras, especificamente, Groenlândia e Islândia, podem ter sido originalmente descoberta por marinheiros vikings.[carece de fontes] Os vikings também exploraram e se estabeleceram em territórios em áreas dominadas pelos eslavos da Europa Oriental, especialmente o Rus de Kiev. Por volta de 950 d.c. esses assentamentos foram amplamente "eslavizados".
Já em 839, quando emissários suecos os primeiros a visitar Bizâncio, escandinavos serviram como mercenários a serviço do Império Bizantino.[9] No final do século X, uma nova unidade da guarda imperial foi formada e tradicionalmente continha um grande número de escandinavos. Isso ficou conhecido como a Guarda varegue. A palavra "Varegues" pode ter se originado do nórdico antigo, mas em línguas eslavas e gregas poderia se referir tanto a escandinavos quantos aos francos. O mais eminente escandinavo que serviu a Guarda Varegue foi Harald Hardrada, que posteriormente estabeleceu-se como rei da Noruega (1047-1066).
Importantes portos comerciais durante esse período incluem Birka, Hedeby, Kaupang, Jorvik, Staraya Ladoga, Novgorod e Kiev.
Há evidências arqueológicas que os vikings chegaram à cidade de Bagdá, o centro do Império Islâmico.[10] Os nórdicos regularmente dobravam o rio Volga com seus bens de comércio: peles, dentes e escravos. No entanto, eles eram muito menos bem sucedida na criação de assentamentos no Oriente Médio, devido ao poder islâmico mais centralizado islâmico.[carece de fontes]
De modo geral, os noruegueses se expandiram para o norte e oeste, em lugares como Irlanda, Escócia, Islândia e Groenlândia, os dinamarqueses para Inglaterra e França, estabelecendo-se em Danelaw (norte/leste da Inglaterra) e Normandia, e os suecos a leste, na fundação do Rus de Kiev, a Rússia original. No entanto, entre as runas suecas que mencionam expedições ao longo do mar, quase a metade referem-se a invasões e viagens para a Europa Ocidental. Além disso, de acordo com as sagas islandesas, muitos vikings noruegueses foram para a Europa Oriental. Essas nações, apesar de distintas, foram semelhantes na cultura e na língua. Os nomes dos reis escandinavos são conhecidos apenas após a Era Viking. Somente após o fim da Era Viking os reinos separados adquiriram identidades como nações, que passou de mão em mão com a sua cristianização. Assim, o fim da Era Viking para os escandinavos também marca o início da sua relativamente breve Idade Média.
[editar] Declínio
Após décadas de pilhagem, a resistência aos vikings tornou-se mais eficiente e, depois da introdução do Cristianismo na Escandinávia, tornou a cultura viking mais moderada. As incursões vikings cessaram no fim do século XI. A consolidação dos três reinos escandinavos (Noruega, Dinamarca e Suécia) em substituição das nações Viking em meados do século XI deve ter influenciado também o fim dos ataques, visto que com eles os vikings passaram também a sofrer das intrigas políticas de que tanto se beneficiaram e muito da energia do rei estava dedicada a governar suas terras. A difusão do cristianismo fragilizou os valores guerreiros pagãos antigos, que acabaram sumindo. Os nórdicos foram absorvidos pelas culturas com as quais eles tinham se envolvido. Os ocupantes e conquistadores da Inglaterra viraram ingleses, os normandos viraram franceses e os Rus tornaram-se russos.
A escrita dos vikings era com runas, símbolos escritos em pedras, sendo usados até o período de cristianização que misturou as culturas e provocou alterações. Nessas misturas, muitas coisas da cultura cristã passaram para os vikings, mas algumas tradições e ideias da religião dos vikings passaram para os cristãos, colaborando para a aceitação do cristianismo pelos vikings. Alguns exemplos dessas cristianizações das coisas vikings, são, a “santificação” da festa da deusa Eostre – considerada por alguns, uma forma da deusa Frigg, esposa de Odin – cujos símbolos são coelhos e ovos e que originou os nomes da Páscoa no inglês e alemão, Easter (inglês) e Ostern (alemão, vindo de uma variação de seu nome, Ostera).
Na Rússia, os vikings eram conhecidos como varegues ou varegos (Väringar), e os guarda-costas escandinavos dos imperadores bizantinos eram conhecidos como guarda varegue. Outros nomes incluem nórdicos e normandos.
[editar] Sociedade
Os povos vikings, assim como tinham uma mesma organização política, também compartilhavam uma mesma composição sociocultural. A língua falada pelos vikings era a mesma, seu alfabeto também era o mesmo: o alfabeto rúnico.[carece de fontes] As sociedades estavam divididas, de um modo geral, da seguinte maneira: O rei estava no ápice da pirâmide; abaixo dele estavam os jarls, homens ricos e grandes proprietários de terras (os jarls não eram nobres, pois nas sociedades vikings não havia nobres); abaixo dos jarls havia os karls, ou seja, o povo, livres, mas sem posses ou com poucas propriedades, geralmente pequenos comerciantes ou lavradores. Os karls compunham o grosso dos exércitos vikings e tinham participação nas Althings; abaixo dos karls, havia os thralls, escravos. Eles geralmente eram prisioneiros de batalhas, mas podiam ser (dependendo da decisão da Althing da região) escravos por dívidas ou por crimes, seus proprietários tinham direito de vida e morte sobre eles.
A maior parte dos povoados vikings eram fazendas pequenas, com entre cinqüenta e quinhentos habitantes. Nessas fazendas, a vida era comunitária, ou seja, todos deviam se ajudar mutuamente. O trabalho era dividido de acordo com as especialidades de cada um. Uns eram ferreiros, outros pescadores (os povoados sempre se desenvolviam nas proximidades de rios, lagos ou na borda de um fiorde), outros cuidavam dos rebanhos, uns eram artesãos, outros eram soldados profissionais, mas a maioria era agricultora.
As semeaduras ocorriam tão logo a primavera começava, pois os grãos precisavam ser colhidos no final do verão para que pudessem ser armazenados para o outono e inverno. Durante o inverno, as principais fontes de alimentos eram a carne de gado e das caças que eles obtinham. No verão o gado era transportado para as montanhas para pastar longe das plantações.
Nas fazendas, as pessoas moravam geralmente em grandes casarões comunitários. Geralmente esses casarões eram habitados pelas famílias. Por exemplo: três irmãos, com suas respectivas esposas, filhos e netos.
As famílias (fjolskylda) dos vikings eram muito importantes, sendo provedoras de abrigo alimento e proteção. As famílias tinham rivalidades e brigas com outras, sendo julgados nas Things ou com os ordálios, testes para julgamentos divinos. No caso de mortes da família, era normal haver vinganças, devido à importância destas na sociedade. Os membros das famílias trabalhavam juntos, mesmo após casarem, trabalhando desde pequenos nas famílias, aprendendo trabalhos mais difíceis com o tempo, trabalhando com ferro ou no caso de jarls, na política ou na guerra. Os patriarcas detinham muito poder, podendo escolher se seus filhos viveriam ou não após nascerem.
As mulheres após o casamento mudavam para a família do marido e tinham trabalhos como cozinhar, limpar e cuidar dos necessitados. As mulheres eram obedientes, mas podiam pedir divórcio, caso houvesse motivo, já os maridos podiam ter concubinas e matar as mulheres adúlteras, mas tinham de pagar ao pai da noiva para casar. Como as famílias ensinavam os trabalhos aos filhos, muitos trabalhos eram familiares, como os stenfsmiors, que construíam barcos e com a madeira dos barcos velhos, reparavam os outros barcos.
[editar] Mitologia e religião
Eles tinham várias histórias para explicar coisas do cotidiano, como o sol e a lua, que acreditavam serem perseguidos pelos lobos Skoll e Hati, filhos de Fenrir (que segundo o ragnarok, devora Odin em batalha, morrendo em seguida); o sol seria uma deusa e a lua um deus, chamado Mani. O arco-íris, segundo eles, tinha uma ponte, denominada Bifrost, guardada pelo deus Heimdall. A Deusa-Sol passava todo dia com sua carruagem puxada pelos cavalos, Asvid e Arvak. Os deuses eram mais ou menos populares de acordo com a importância que tinham com o cotidiano. Alguns dos deuses mais venerados foram, Odin, Thor e Njord.
A religião dos vikings costumava ter culto a ancestrais, além da veneração a deuses e transmitia idéias diferentes quanto a questões da vida e do mundo. Eles acreditavam que o mundo era dividido em “andares” e todos estavam unidos a uma enorme árvore, chamada, Yggdrasil. Estes “andares” eram diferentes e possuíam características especiais, sendo estes, nove. Havendo um mundo para os deuses, Asgard, e um mundo onde as pessoas vivem, midgard, além dos outros sete que são, Nilfheim, mundo abaixo de midgard, no subsolo, onde Hel governa os mortos. Outro mundo é Jotunheim, reino frio e montanhoso, onde os gigantes de rocha e neve (chamado de Jotuns) habitam e era governado por Thrym, gigante que roubou o Mjolnir de Thor para trocá-lo por Freya. Os outros mundos são, Vaneheim (casa dos Vanir), Muspellheim (casa dos gigantes de fogo, local cheio de cinzas e lava, cujo rei é o gigante Surt), Alfheim (onde os elfos moram), Svartaheim (onde os svartafars habitam, são conhecidos como elfos negros) e Nidavellir (é a terra dos anões).
Esta religião não era baseada na luta entre o bem e o mal, mas entre a ordem e o caos, sendo que nenhum deus era tido como completamente bom nem mal, mesmo Loki sendo apresentado como provocador de conflitos, ele ajudou os deuses em diversas ocasiões.
Os vikings valorizavam a morte e até a festejavam. Após a morte, havia ritos, como a queima do corpo do morto com vários pertences e após a queima, estes eram recolhidos e as cinzas, colocadas em potes de cerâmica. Outra forma usada após a morte era a criação de câmaras, onde o morto era colocado junto a vários pertences e até seus cavalos. Esta forma era mais usada na Dinamarca e na Ilha de Gotland. Há casos de enterros de navios, onde foram colocados rainha e princesa, junto a pertences e animais sacrificados, como, cães, cavalos e bois. Em outra câmara, foi encontrada uma mulher bem vestida, sendo esta rica e uma mal vestida retorcida, estudos confirmaram que esta era escrava e havia sido posta viva nesta câmara. No caso da morte de homens, era costume a sua mulher favorita ser enterrada viva junto a ele. O uso de barcos como túmulo, mostra poder e prestígio do morto e também simboliza a jornada pós-morte e tem ligação com a adoração a Njord.
[editar] Cultura
A cultura dos vikings tinha caráter guerreiro, devido também a influências religiosas. Eles eram politeístas, tendo deuses com diversas características, personalidades, histórias e influências no dia-a-dia. Estes deuses eram divididos em dois grupos, os Aesir e os Vanir, além de terem outras criaturas como os gigantes. Os Aesir e os Vanir têm poucas diferenças, mas há várias histórias sobre guerras entre os dois grupos. Além dos deuses, também eram relatadas histórias de heróis. Os vikings apreciavam muito as espadas, sendo que os mais ricos e poderosos tinham as mais belas e melhores espadas, possuindo detalhes dourados e até mesmo rúnicos. Além das espadas eles tinham facas, lanças de diversos tipos, como, de arremesso e eram as armas mais usadas em batalhas, sendo atiradas nos inimigos ou usadas normalmente, quando atiradas, era clamado o nome de Odin, deus da guerra conhecido por sua lança, Gungnir.
Mas os vikings também usavam arco e flecha, principalmente nas batalhas marinhas e machados, mas estes foram mais usados no começo da Era Viking, sendo usado no cotidiano e por ser simples e rústico, não possuindo detalhes como algumas espadas. Os escudos eram de madeira, mas com um detalhe de ferro no meio e ao longo da borda para proteger a mão. Também havia tipos específicos de infantaria como, os berserkers, que imitavam a ferocidade e bravura dos animais, muitas vezes não usando proteções nas guerras, sendo usados cogumelos e bebidas para provocar este efeito.
[editar]
Além de permitir que os vikings navegassem longas distâncias, seus navios dragão (drakar) traziam vantagens tácticas em batalhas. Eles podiam realizar eficientes manobras de ataque e fuga, nas quais atacavam rápida e inesperadamente, desaparecendo antes que uma contra-ofensiva pudesse ser lançada. Os navios dragão podiam também navegar em águas rasas, permitindo que os vikings entrassem em terra através de rios.
[editar] Museus vikings
Existe um famoso museu viking, que fica em Oslo, na Noruega, denominado Vikingskipshuset. Outro museu, dedicado aos barcos vikings, é o Vikingeskibsmuseet, na Dinamarca.
[editar] Revitalizações modernas
As primeiras publicações modernas sobre o que hoje chamamos de cultura viking apareceram no século XVI, como por exemplo, Historia de gentibus septentrionalibus(Olaus Magnus, 1555), e a primeira edição de Danorum Gesta, escrito no século XIII, de Saxo Grammaticus, em 1514. O ritmo de publicação aumentou durante o século XVII com as traduções latinas de Edda (especialmente Islandorum Edda, de Peder Resen, em 1665).
Na Escandinávia, os estudiosos dinamarqueses do século XVII, Thomas Bartholin e Ole Worm, e o sueco Olof Rudbeck foram os primeiros a definir o padrão para usar runas e sagas islandesas como fonte histórica.[carece de fontes] Durante o Iluminismo e o Renascimento nórdico, o estudo histórico na Escandinávia tornou-se mais racional e pragmático, como foi testemunhado pelas obras do historiador dinamarquês Ludvig Holberg e do sueco Olof von Dalin.[carece de fontes] Um contribuidor pioneiro britânico ao estudo dos vikings foi George Hicke, que publicou seu Linguarum vett. septentrionalium thesaurus em 1703-1705. Durante o século XVIII, o interesse e o entusiasmo britânico pela Islândia e pela cultura escandinava antiga cresceu dramaticamente, expressas em traduções inglesas dos textos Old Norse e poemas originais que exaltavam as supostas "virtudes viking".
A palavra "viking" foi popularizada no início do século XIX por Erik Gustaf Geijer, em seu poema, The Viking. O poema de Geijer muito fez para difundir o novo ideal romantizado do viking, que tinha pouca base em fatos históricos. O renovado interesse do romantismo no Norte Antigo tinha implicações políticas contemporâneas. A Sociedade Geatish, da qual Geijer era membro, popularizou o mito em grande medida. Outro autor sueco que teve grande influência sobre a percepção dos vikings foi Isaías Tegnér, membro da Sociedade Geatish, que escreveu uma versão moderna de Friðþjófs saga hins frœkna, que se tornou muito popular nos países nórdicos, no Reino Unido e na Alemanha.
O fascínio com os vikings chegou ao ápice durante a chamada revivificação viking no final do século XVIII e XIX. Na Grã-Bretanha, assumiu a forma de Septentrionalismo, na Alemanha, a compaixão de Wagner ou mesmo o misticismo germânico, e nos países escandinavos, o nacionalismo romântico ou escandinavismo. As pioneiras edições escolares do século XIX da era viking começaram a chegar a um público pequeno na Grã-Bretanha, os arqueólogos começaram a escavar sobre o passado viking da Grã-Bretanha, e os linguistas entusiastas começaram a identificar origens na era viking de expressões idiomáticas e provérbios rurais. Os novos dicionários da língua nórdica antiga permitiu que os vitorianos lidassem com as primitivas sagas islandesas.[11]
[editar] Visões romantizadas
[editar] Elmos com chifres
Muitos dizem que os vikings usavam elmos com chifres pois receavam, pelas suas crenças, de que o céu lhes pudesse vir a cair nas cabeças. Apesar desta conhecida imagem a respeito deles - que na realidade era uma crença celta e não nórdica - eles jamais utilizaram tais elmos. Essas características não passam de uma invenção artística das óperas do século XIX, que reforçavam as nacionalidades, no Romantismo, e que visavam a resgatar a imagem dos vikings como bárbaros cruéis, pois sua aparência era incerta. Os capacetes que os vikings verdadeiramente utilizavam eram cônicos e sem chifres (como se pode ver na imagem do "timoneiro viking"). Não existe qualquer tipo de evidência científica (paleográfica, histórica, arqueológica, epigráfica) de que os escandinavos da Era Viking tenham utilizado capacetes córneos. As artes plásticas e a literatura auxiliaram a divulgação dos estereótipos sobre os vikings, principalmente depois de 1880.[12]
[editar] Berserks
Lendas contam que guerreiros tomados por um frenesi insano, conhecidos como Berserkir (singular; antigo nórdico), iam a batalha vestidos com casacos de pele de ursos, os de pele de lobos eram chamados de Ulfhednar ou Ulfhedir e atiravam-se nas linhas inimigas. O relato mais antigo sobre berserks está escrito em Haraldskvæði, um poema escaldico do século IX, escrito por Thórbiörn Hornklofi, em homenagem ao rei Haroldo I da Noruega. Não há relatos contemporâneos da existência dos berserks.
[editar] Vikings famosos
[editar] Ver também
- Colonização viquingue da América
- Vikings na Península Ibérica
- Mitologia Nórdica
- Literatura Nórdica Antiga
- Asatrú
- Knorr
Referências
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- ↑ The Norse discovery of America
- ↑ Hall, p. 98
- ↑ Vikings' Barbaric Bad Rap Beginning to Fade
- ↑ The Viking Revival By Professor Andrew Wawn at bbc
- ↑ Langer, 2002, p. 7-9
[editar] Ligações externas
- LANGER, Johnni. The origins of the imaginary viking. Viking Heritage magazine 4, 2002. [1]] (em inglês)
- História dos vikings - BBC (em inglês)
- Viking - Encyclopedia Britannica (em inglês)
- Recriação de viagem viking - RTE (em inglês)
- Museu Viking Borg, na Noruega (em inglês)
- Ibn Fadlan and the Rusiyyah, tradução de James E. Montgomery da obra de Ibn Fadlan sobre sua a viagem à Rússia (em inglês)
- Londres viking e dinamarquesa - Museum of London (em inglês)
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Arte em Portugal, a peculiar posição geográfica na Península Ibérica, o clima marítimo unificando montanhas e planícies em micro-regiões, o papel dos rios, a presença dominante do oceano — uma encruzilhada entre o Mediterrâneo, o Atlântico, a Europa e a África — fizeram surgir focos de características próprias com as tribos celtas (Lusos) e sua "cultura castreja" ao Norte e colonos greco-púnicos a Sul. A província da Lusitânia (sécs. II a.C. - V d.C.) unificou estes centros sob a sofisticada civilização romana, ao mesmo tempo em que assimilava as invasões bárbaras e a difusão cristã. Em vilas rurais (Alentejo) e portos de mar (Algarve, Tróia) têm-se encontrado pinturas, mosaicos e estatuária tardios de bom nível, provando que a continuidade prevaleceu sobre as convulsões da Baixa Antigüidade.No começo da era cristã a cidade estava pobremente povoada por ilírios e celtas. Distinguiam-se três regiões: Noricum, Rétia e a Panônia. Os romanos invadiram as três regiões no ano 15 a.C., tornando-as províncias do Império. Bardo, compositor, harpista e poeta celta. Fazia o papel de transmissor oral da história, crítico político, artista e poeta oficial. Tinha por função louvar as epopéias de seu povo. Os poemas passavam oralmente de bardo a bardo. A tradição celta dos bardos remonta à Antigüidade, embora tenha se difundido, sobretudo, durante a Idade Média e o pré-Renascimento no País de Gales e na Irlanda. Belgas, povos germânicos e celtas que habitavam o norte da Gália. Lutaram ferozmente contra Júlio César no princípio das guerras gálicas, mas foram dominados em 57 a.C.A população é composta por dois grupos étnicos. Os flamengos, de origem germânica, que habitam a metade norte da Bélgica, denominada Flandres e que falam flamengo ou holandês, e os valões, de origem celta, que falam francês e habitam a metade sul, denominada Valônia. Há uma minoria de alemães que habitam o leste do país.Os belgas eram uma antiga tribo celta. A região romana da Gália Bélgica abrangia a atual Bélgica, o norte da França, Holanda e parte da Suíça. Após a queda do Império Romano, a Europa ocidental foi dominada pelos francos, que atingiram o maior poderio durante o reinado (768-814) de Carlos Magno. Quando o reino dos francos dividiu-se em 843, a Bélgica se incorporou à Lotaríngia (Alemanha) e no ocidente se formou o condado de Flandres, feudo dos reis da França.O nome deriva dos boios, povo celta que habitou aquela zona por volta do século V a.C. e que foi expulso por povos germânicos no século I d.C. Entre os séculos V e VIII, a Boêmia foi ocupada por colonos eslavos e pelo ávaros. Em 950, passou a ser parte do Sacro Império Romano-Germânico. Braga (cidade) (antigamente chamada Bracara Augusta), cidade do noroeste de Portugal, no distrito do Minho, próxima à cidade do Porto. A atividade agrícola domina a economia da região, embora também existam indústrias especializadas na produção de material elétrico, armas de fogo e artigos do setor têxtil. Sede do arcebispado, conta com valiosos vestígios romanos como, por exemplo, as ruínas de um templo, um anfiteatro e um aqueduto, bem como uma catedral do século XII, na qual se guardam relíquias que datam dos primórdios da história do país. Além disso, no templo encontra-se a sepultura do conde Henrique de Borgonha, pai de Afonso I Henriques (1110-1185), primeiro rei de Portugal. No palácio do arcebispo há uma magnífica biblioteca, e em uma colina próxima à cidade ergue-se o templo do Bom Jesus do Monte, onde no dia de Pentecostes reúnem-se milhares de peregrinos. Na região produz-se um excelente vinho branco de sabor suave denominado vinho verde.Originariamente, foi a capital da tribo celta dos bracarenses, e posteriormente caiu sob o poder dos romanos, dos suevos, dos visigodos e dos muçulmanos. Estes últimos foram expulsos no século XI por Fernando I, rei de Castela e León. Os reis de Portugal estabeleceram residência nesta cidade de 1093 a 1147. Bretões, nome dado aos antigos habitantes da Britânia (Reino Unido), grupos celtas que, desde o final da Idade do Bronze, chegaram do continente. Quando os anglos e os saxões invadiram a ilha, muitos deles fugiram para a Bretanha (França). Britânia, termo usado para denominar a ilha da Grã-Bretanha antes das invasões germânicas. A primeira descrição da ilha foi escrita por Píteas. Desde a Idade do Bronze, a Britânia era habitada pelos pictos e celtas. Júlio César invadiu-a em 55 a.C. e dominou os bretões, que conservaram a liberdade política até Cláudio I iniciar sua conquista sistemática, convertendo-a em província. Aproximadamente em 79, as legiões romanas dominaram os silures, tribos de Gales e Yorkshire. Os pictos conservaram sua independência e, para evitar suas constantes incursões, construiu-se a Muralha de Adriano e, pouco depois, a Muralha de Antonino. Os habitantes das cidades aceitaram o idioma e a forma de vida romanos, enquanto os demais conservaram sua cultura nativa.No final do século III, o exército romano começou a se retirar da Britânia e logo ressurgiu a cultura celta.A vasilha de prata conhecida como o caldeirão Gundestrup constitui um dos mais enigmáticos vestígios do mundo celta. Decorado em alto-relevo, apresenta cenas que oferecem uma visão dos mitos e da religião celta, embora seu significado preciso permaneça oculto. As figuras representadas eram originariamente revestidas com folhas de ouro e tinham olhos de cristal azul e vermelho. Celta, Arte, arte realizada pelos celtas na Europa Central e Ocidental, produzida ao longo de mais de um milênio. O período mais importante dessa arte se estende dos séculos V ao IX, mas alguns elementos desse estilo ainda podem ser encontrados na baixa Idade Média. Apresenta uma grande variedade de formas e as suas maiores realização estão no âmbito da metaloplastia, da construção em pedra e nos manuscritos com miniaturas.Os celtas se formaram a partir de uma imprecisa união de povos que povoavam a Europa durante a Idade do Ferro. Os escritores gregos utilizaram o termo keltoi para descrever essas tribos bárbaras desde o século VI a.C, embora seja possível detectar alguns indícios que indicam a existência de uma língua comum muito antes disso. A gênesis da arte celta é imprecisa. Alguns pesquisadores tomaram como ponto de partida a cultura Hallstatt (c. 600 a.C-500 a.C.). Essa denominação é delimitada a partir do descobrimento de um cemitério na Áustria, mas a maioria dos autores correlaciona seu início com o desenvolvimento do estilo de La Tène, cujo nome está relacionado a um sítio arqueológico descoberto na Suíça, no lago de Neuchatel, no século XIX. Celtas, Línguas, ramo da família das línguas indo-européias. Pela inexistência de dados e documentos originais, grande parte da história dos celtas é hipotética. Sabe-se, hoje, que se estendeu por 19 séculos, desde 1800 a.C. — quando, culturalmente, os celtas se individualizaram entre os demais povos indo-europeus — até o século I d.C, época da decadência motivada pela desunião entre suas várias tribos e a invasão romana às terras que ocupavam. O período mais brilhante da história celta transcorre, aproximadamente, entre 725 e 480 a.C., na Era de Hallstatt, início da civilização céltica do ferro e, também, da invasão à Europa. Os celtas se instalaram em uma imensa região das atuais repúblicas Tcheca, Eslovaca, Áustria, sul da Alemanha, leste da França e da Espanha, alcançando a Grã-Bretanha. Nesta fase se consolidaram os traços particulares da civilização céltica. Além de nomes próprios e algumas inscrições curtas grafadas em etrusco, grego ou latim, pouco restou para documentar o idioma céltico. Exemplos importantes do residual linguístico celta — provas da grande expansão geográfica destes povos — são nomes de cidades européias: Londres (Londiniom), Viena (Vindobona), Milão (Mediolanum), Lyon (Lugdunum), Verdun (Virodunum), Kempeten (Cambodunum) e Dublin. No século I d.C, o celta continental, falado na Gália, desapareceu, sobrepujado pelo latim dos invasores romanos. Restaram, apenas, alguns dialetos do celta insular dividos em dois grupos: 1) Britônico, que compreende o bretão ou armórico, o córnico e o galês. 2) Gaélico ou Goidélico, que compreende o irlandês, o escocês ou “erse” e o manês. Todas as línguas celtas empregam o alfabeto romano. O bretão é falado, hoje, na Bretanha francesa. O período de maior esplendor da língua bretã corresponde à metade do século XVII. Neste período, gramáticas foram escritas e um grande conjunto de obras de teatro, literatura e baladas surgiram.O córnico, língua da Cornualha, desapareceu no século XVIII, embora tenham sido feitos esforços recentes para reavivá-lo. De documentos escritos na língua córnica restam algumas glosas do século IX, um vocabulário do século XII e dramas religiosos dos séculos XVI e XVII. O galês — também chamado câmbrico e címbrico por seus próprios falantes — é o dialeto da região de Gales e uma das mais conhecidas variantes da língua Celta. Divide-se em velho, médio e moderno galês (ver Literatura galesa). O irlandês, também chamado gaélico-irlandês, é o idioma mais antigo do grupo gaélico. Na República da Irlanda, é língua co-oficial (ver Literatura irlandesa). No século V d.C., os irlandeses invadiram a Escócia e levaram uma variedade do gaélico que substituiu a antiga língua britônica. Durante o século XV, o escocês se constituiu em uma língua diferente do irlandês e ganhou a condição de idioma (ver Literatura escocesa).Por último, o manês é um dialeto gaélico-escocês, bastante influenciado pelos idiomas escandinavos, falado na ilha de Man, localizada entre a Inglaterra e a Irlanda.Este artigo desenvolve a história da Alemanha antes de 1949 e depois de 1990 (ver República Democrática Alemã; República Federal da Alemanha).Durante a idade da pedra, os bosques alemães estavam povoados por grupos de caçadores e coletores. Constituíam as formas primitivas do Homo sapiens, (Homem de Heidelberg que viveu há 400.000 anos).Aproximadamente em 2300 a.C. chegaram novas hordas de povos indo-europeus, antepassados dos germanos, que se instalaram no norte e no centro da Alemanha, os povos bálticos e os eslavos no leste e os celtas no sul e no oeste. De 1800 a 400 a.C., os povos celtas do sul da Alemanha e da Áustria desenvolveram progressos no trabalho com o metal, configurando várias culturas — campos de urnas, Hallstatt e La Tène — que se difundiram pela Europa.Entre os séculos II a.C. e V d.C. as tribos germânicas e celtas estiveram em contato com os romanos, que controlavam o sul e o oeste da Europa e tentaram sem êxito estender seu domínio até o rio Elba. A fronteira se manteve nos rios Reno e Danúbio, onde erigiram os limes (linha de fortificações). Nos séculos IV e V os hunos originários da Ásia assolaram o território e os ostrogodos, visigodos, vândalos, francos, lombardos e outras tribos germânicas invadiram o Império romano. Celtas, povo que dominava a maior parte do oeste e centro da Europa durante o primeiro milênio a.C. e que transmitiu seu idioma, costumes e religião aos outros povos da região. Os antigos gregos e romanos reconheceram a unidade cultural de um povo cujo território se estendia do leste europeu ao norte do continente. Seu nome genérico aparece nos informes romanos como celtae (derivado de keltoi, o nome que Heródoto e outros escritores gregos deram a este povo), galatae ou galli. Os celtas falavam uma língua indo-européia (ver Línguas celtas), da mesma família dos vizinhos itálicos, helênicos e germânicos. Os topônimos celtas, junto com os nomes das tribos, pessoas e deuses, nos permitem pensar em sua presença num extenso território europeu da Espanha ao mar do Norte e das ilhas Britânicas ao baixo Danúbio. A sociedade Celta tinha uma base rural, centrada na agricultura e no pastoreio, e sua unidade era tribal. Nela, a sociedade estava estratificada em: nobreza ou famílias dirigentes de cada tribo, agricultores livres que também eram guerreiros, artesãos, trabalhadores manuais e outras pessoas não livres, e os escravos. Também existia uma classe instruída que incluía os druidas, ou sacerdotes.Os celtas também sobressaíram na metalurgia e eram pródigos em habilidades artísticas expressas em objetos como armaduras e arreios para seus cavalos (ver Arte celta). Celtibérica, Cultura, cultura própria dos celtiberos, povo antigo formado pela união entre celtas e iberos que habitavam a península Ibérica. Sua origem data da última fase da Idade do Bronze e começo da Idade do Ferro, por volta do século VI a.C. Seu final, em 133 a.C., coincide com a destruição de Numância pelos romanos.Hilário Franco Júnior, autor deste ensaio, é doutor em História Social, medievalista e professor de pós-graduação em História da Universidade de São Paulo. Escreveu inúmeros livros, entre os quais, Peregrinos, monges e guerreiros (1990) e Cocanha, história de um país imaginário (1998).País da Cocanha O país da Cocanha é um local imaginário, de uma sociedade perfeita inicialmente descrita por um poema do norte francês de meados do século XIII. Como era próprio da época, o poeta anônimo não pretendeu realizar uma obra original, e sim uma recriação a partir do material mítico-literário ao seu alcance. Foi selecionando, adaptando e articulando dezenas de fragmentos de variada procedência (oriental, greco-romana, hebraica, celta, escandinava, muçulmana, medieval cristã), que ele construiu um país sem as carências do seu presente histórico. De fato, as grandes características daquela terra maravilhosa — abundância inesgotável, ociosidade total, juventude eterna, liberdade completa — invertiam a realidade vivida pelos medievais. A Cocanha era uma utopia. É o que se vê pelo seu nome: ainda que de etimologia discutível (origem latina?, provençal?, holandesa?, alemã?), em todas as hipóteses "cocanha" tem acepção alimentar (respectivamente, "cozinhar", "casca de fruta", "pastel", "bolo"). Mas como qualquer sistema de valores é um dado histórico, na Alemanha e na Holanda, a partir do século XVI países protestantes, exaltadores da função moral e econômica do trabalho, a Cocanha esteve associada sobretudo à ociosidade, sendo chamada de Schlaweraffenlandt ("país dos prequiçosos e dos loucos") e Luy Lekker Land ("terra da preguiça e da gula").Enfim, o sonho que a Cocanha expressava não foi exclusivo do momento e do local que o viram nascer: ele é uma necessidade psicológica de todas as épocas. Daí o texto francês medieval ter inspirado diversos poetas desde fins do século XIII na Inglaterra, começo do XIV na Espanha, meados desse século na Itália, primeira metade do XV na Alemanha , duas ou três décadas depois na Holanda, 1924-1985 (estória de Nanetto Pipetta) no sul e 1947 (folheto de cordel: Viagem a São Saruê) no nordeste do Brasil. Daí também o tema ter sido aproveitado por diversos artistas, dentre eles Bosch e Bruegel.Coruña, La (cidade), cidade situada no noroeste da Espanha, na comunidade autônoma da Galícia, situada na margem esquerda do estuário de Betanzos. Capital da província homônima, junto ao oceano Atlântico. Exporta pescado, gado e vinho. Seu centro pesqueiro tem importantes fábricas de processamento. Seu porto é um dos mais ativos do país. Possui também estaleiros, fábricas de produtos químicos, metalúrgicas e têxteis. São muito característicos os balcões de cristal das casas defronte ao porto e à orla marítima. Entre os seus pontos turísticos, destacam-se a Torre de Hércules, um farol construído pelos romanos que continua em uso, as igrejas de Santiago, do século XII, e a de Santa Maria do Campo, do século XIII. A cidade é provavelmente de origem celta e foi visitada pelos fenícios e pelos gregos, tendo caído sob o controle romano no século I a.C. Foi o porto a partir do qual a Invencível Armada zarpou para a Inglaterra, em 1588. Em 1809, foi o cenário de uma das batalhas da guerra da Independência espanhola. Os celtas, fenícios, gregos, romanos e normandos trouxeram sua civilização até essas terras. Druidismo, crença religiosa dos antigos celtas que habitavam a Gália e as ilhas Britânicas desde o século II a.C. ao II d.C. Acreditavam na imortalidade da alma e desempenhavam as funções de sacerdotes, professores e juizes. Haviam três classes de druídas: os profetas, os bardos e os sacerdotes. Dominavam temas como astrologia e magia. Acredita-se que os druídas usavam dólmens como altares e templos.A área da Europa Ocidental habitada pelos celtas era chamada de Galácia pelos gregos antigos e de Gália pelos romanos, que invadiram a região no século I d.C. Esta estátua, intitulada Dying Gaul, é do ano 240 a.C.Flauta, instrumento musical que consta de um tubo cilíndrico, onde o ar vibra quando o sopro do executante é dirigido contra o fio da embocadura. Orifícios adicionais podem ser abertos ou fechados para produzir diferentes notas. Nas flautas transversas, como a flauta de orquestra européia e a di chinesa, a embocadura é aberta na lateral do tubo. Nas flautas chanfradas, como a flauta celta, a de ponta, o pífaro e a ocarina, a embocadura conduz o ar contra a borda de um orifício. O flautim, ou piccolo (uma oitava acima da flauta soprano), e a flauta contralto, o baixo das flautas, são também flautas orquestrais. A flauta transversa, a mais conhecida na música ocidental, surgiu na China, por volta de 900 a.C. e chegou à Europa em torno de 1100 d.C.Os habitantes da Escócia descendem de vários grupos étnicos, tais como pictos, celtas, escandinavos e romanos.HISTÓRIA DO XADREZ O xadrez teve sua origem na Índia, mais concretamente no Vale do Indo, e data do século VI d.C.Originalmente conhecido como Chaturanga, ou jogo do exército, se difundiu com rapidez pelas rotas comerciais, chegou à Pérsia e daí ao império bizantino, estendendo-se posteriormente por toda a Ásia. O mundo árabe adotou o xadrez com entusiasmo sem igual: seus estudiosos analisaram em profundidade os mecanismos do jogo, escreveram numerosos tratados e desenvolveram o sistema de notação algébrica.O jogo chegou à Europa entre os anos 700 e 900, como consequência da conquista da Espanha pelos árabes, mas também foi praticado pelos vikings e os cruzados que voltavam da Terra Santa. Durante a Idade Média, Espanha e Itália eram os países onde mais se praticava. Jogava-se de acordo com as normas árabes (descritas em diversos tratados traduzidos e adaptados por Alfonso X o Sábio). Durante os séculos XVI e XVII o xadrez experimentou uma importante mudança, e a rainha se converteu na peça mais poderosa do tabuleiro, pela amplitude dos seus movimentos. Os jogadores italianos começaram a dominar o jogo, arrebatando a supremacia dos espanhóis. Por sua vez, foram desbancados pelos franceses e os ingleses durante os séculos XVIII e XIX, quando o xadrez, que fora até então o jogo predileto da aristocracia, passou aos cafés e às universidades. O nível do jogo melhorou então de maneira notável.Irlanda, a mais ocidental das Ilhas Britânicas, situada a oeste da Inglaterra. Dela está separada pelo mar da Irlanda, o canal do Norte e o canal de São George. Politicamente, a ilha se divide em Irlanda do Norte (pertencente ao Reino Unido) e República da Irlanda. Para completar a história da Irlanda, ver Línguas celtas; Literatura gaélica; Igreja da Irlanda; Literatura irlandesa. Conhece-se muito pouco sobre seus habitantes antes do século IV d.C. (não fez parte do Império romano). Nessa época, as tribos irlandesas (escotos) assolaram a Inglaterra até a época do Loigare ou reinado do rei MacNeill (428-463), durante o qual São Patrício buscou converter os nativos ao cristianismo. A conquista anglo-normanda da ilha foi iniciada pelo rei Henrique II de Inglaterra como concessão do Papa Adriano IV (1155). A desagregação dos mosteiros começou em 1537, quando Henrique VIII procurou introduzir a Reforma na Irlanda. Sob o reinado de Elizabeth I e James I, o poder da Igreja anglicana estendeu-se até a Irlanda, como instrumento de controle político. A independência do Parlamento irlandês desapareceu com a criação, na Irlanda do Norte, de 40 novos municípios formados por pequenas aldeias. Essa manobra política assegurou à Coroa inglesa uma maioria permanente. Desde então a história da Irlanda transcorreria ligada à da Inglaterra, não sem resistência, principalmente do partido católico. A Irlanda foi um reino independente até 1800, quando o primeiro ministro britânico, William Pitt, projetou a união legislativa da Inglaterra e da Irlanda e induziu o Parlamento irlandês a aceitar a Ata de União. Depois da união começou a luta pela liberdade política e religiosa e pela separação da Inglaterra. Em 1823 foi fundada a Associação Católica, que reivindicou e, finalmente, conseguiu a completa emancipação católica na Irlanda.Lenda do rei Artur, grupo de relatos em várias línguas que se desenvolveu na Idade Média e trata sobre Artur, rei semi-histórico dos bretões, e seus cavaleiros da Távola Redonda. As primeiras referências a Artur encontram-se em fontes galesas como o poema Y Gododdin ( 600) e os relatos Os mabinogion ( 1100). Num destes relatos aparece a esposa de Artur, Guenevere, e os cavaleiros da Távola Redonda. A primeira narrativa artúrica intitula-se Historia Regum Britanniae ( 1139), de Godofredo de Monmouth. A história menciona a ilha de Avalon — onde Artur se recupera das feridas depois da sua última batalha — e narra a infidelidade de Guenevere, assim como a rebelião instigada pelo sobrinho de Artur, Mordred. O desenrolar inglês da lenda artúrica, em Roman de Brut (1205) de Layamon, descreve Artur como um guerreiro épico e introduz o mago Merlin, bem como a história da espada mágica, Excalibur. Desenvolveu-se, também, uma tradição artúrica na Europa, provavelmente através das migrações celtas. No ano 1100, os romances do rei Artur eram conhecidos na Itália e Espanha que, naquela época, inspiravam-se mais na cavalaria e no amor cortês do que nas façanhas de Artur. Na França, os romances artúricos mais antigos são uma série de poemas do século XII, de Chrétien de Troyes. Num deles, conta-se a história de Lancelot, ou Lanzarote, principal cavaleiro de Artur e seu rival pelo amor de Guenevere. Em outro, narra-se a história de Parsifal e, pela primeira vez, fala-se da busca do Santo Graal. Em princípios do século XIII, acrescentou-se à lenda artúrica a história de Tristão e Isolda, procedente da tradição celta. Os romances artúricos ingleses dos séculos XIII e XIV referem-se a Parsifal e Galahad, os cavaleiros do Graal, e sobretudo a Gawain. A principal obra foi sobre Sir Gawain e intitula-se O cavaleiro verde (1370), de autoria desconhecida. Vários destes contos artúricos foram reescritos em prosa inglesa por sir Thomas Malory.Muitos escritores adaptaram as histórias de Artur, seus cavaleiros e a corte esplêndida de Camelot ao gosto contemporâneo. O poeta Edmund Spenser idealizou Artur como o perfeito cavaleiro, numa alegoria épica da sociedade elizabetana. Um exemplo é A rainha das fadas (1590-1599). Os músicos interessaram-se também pelas histórias artúricas, como aconteceu com Richard Wagner e seu Parsifal (1882).Merlim, mago que aparece na lenda do rei Artur e outras histórias celtas.FAMÍLIAS EUROPÉIAS E ASIÁTICAS A mais conhecida é a indo-européia. Inclui a maioria das línguas européias, as do norte da Índia e de outras regiões intermediárias. Contém as seguintes subfamílias: itálica, germânica, celta, grega, báltica, eslava, armênia, albanesa, indo-iraniana e as extintas hitita e tocária. É falada por mais de 1,5 bilhão de pessoas.Pré-história de Portugal- Já no início da história, lígures, celtas, fenícios, gregos, cartagineses e iberos atingiram a faixa mais ocidental da Europa, deixando vestígios na língua, na etnia e topônimos, bem como nos modos de vida e pensamento.Em Pontevedra, ao lado de vestígios do paleolítico, existem marcas de povoamentos celtas, fenícios, romanos, suevos, visigodos, muçulmanos e cristãos.A busca pelo Santo Graal é o tema central das façanhas dos cavaleiros da távola redonda. A lenda, provavelmente uma mistura de crenças celtas e cristãs, é o argumento de muitos romances medievais. Os restos arqueológicos celtas indicam que este povo viveu na zona ocupada atualmente pela França e o oeste da Alemanha no final da Idade do Bronze, por volta de 1200 a.C. Este capacete de bronze (acima no centro) provavelmente pertenceu a um guerreiro celta de alta graduação. Os chifres ocos eram feitos com lâminas de bronze reforçadas; o capacete era utilizado nos desfiles e não nas batalhas. A bainha (o terceiro objeto à esquerda), feita também com lâminas de bronze reforçadas, era revestida de casca de bétula. Sapatos, proteções externas para os pés e as pernas, de sola dura e arqueada, salto e uma camada superior que, em geral, é leve e pode se estender até os tornozelos. Em inglês (ver Língua inglesa), a palavra shoe deriva de uma palavra do inglês antigo, sckh que, por sua vez, provém da palavra latina obscuru, que significa oculto ou coberto (ver Língua latina) . Há diversos tipos de calçados: sapatos, sandálias, botas, mocassins e chinelos.2.SANDÁLIAS Como os sapatos, as sandálias têm o solado duro e, em geral, nada no peito do pé além das tiras que as mantêm presas. São particularmente populares nas regiões quentes pois protegem os pés, ao mesmo tempo em que permitem a circulação do ar. As sandálias estão entre as formas mais antigas de calçados, remontando à Pré-História. Elas eram o principal tipo de calçado nas grandes civilizações do Egito e da Suméria, bem como, tempos depois, entre os gregos e os romanos (ver Império de Roma). Ainda hoje, as sandálias são um dos tipos de calçados mais difundidos, sendo os mais usados no Sul e no Sudeste Asiático, no Oriente Médio e na maior parte da região rural da América Latina. Atualmente, a maioria das sandálias é feita de couro, principalmente no nordeste do Brasil. Há registros de alguns povos antigos que as faziam de fibras trançadas e tecidas, bem como com solado de madeira ou papiro. Há dois grandes tipos de sandálias: as de duas tiras, que se estendem de uma ponta entre dois dedos (em geral o dedão e o do lado) à outra extremidade da sola; e as que têm uma ou mais correias distribuídas horizontalmente ao longo da sola.3.BOTAS São calçados característicos de regiões de clima frio. Também têm solas duras, mas a gáspea é fechada e sempre se estende acima do tornozelo, chegando algumas vezes a alcançar o joelho ou mesmo os quadris. As botas eram comuns, especialmente para os soldados, entre os hititas, os minoanos, os assírios, os fenícios e outros povos da região leste do Mediterrâneo durante os três últimos milênios que antecederam o nascimento de Cristo. Acredita-se que a bota tenha se originado no Ártico asiático, provavelmente como adaptação das meias e perneiras feitas a partir de peles de animais. Essas botas asiáticas, usadas por todos os povos árticos, exceto os lapões, são feitas de couro e têm um solado a um só tempo duro e flexível e a gáspea é composta de duas peças costuradas na frente e atrás. Botas com um projeto semelhante são usadas na Sibéria, no Tibete e na China Ocidental. As botas da Ásia Central (Mongólia) são, em geral, feitas de feltro, não de couro. É possível que o mocassim dos índios americanos, bem como o moderno sapato europeu, sejam um desdobramento da bota asiática.4.MOCASSINS Os mocassins não têm salto e são fabricados de uma peça de couro, ajustando-se ao pé como uma meia. Eles podem ser muito baixos ou chegar até os joelhos, caso em que se parecem com as botas asiáticas. Um mocassim desse tipo foi o chamado karbatine e tinha apenas uma peça de couro cru esticada sobre o pé e presa através de uma correia de couro. O karbatine foi um dos calçados mais usados pelos camponeses da antiga Grécia e da antiga Roma. O mocassim mais comum é o usado pelos índios americanos, em particular na parte leste da América do Norte, neste caso, feito de um couro extremamente macio e algumas vezes enfeitado com conchas ou penas. Os índios americanos das planícies usavam um mocassim de desenho semelhante no qual, no entanto, havia uma sola adicional de couro duro e resistente sobre a outra, mais macia.5.CHINELOS Igual aos mocassins, são em geral calçados de sola macia e sem salto. A gáspea, no entanto, é uma peça separada presa à sola. Em geral, os chinelos são mantidos no pé sem o uso de laços ou outro tipo de presilha. O chinelo oriental, cujos dedos ficam à mostra, é o mais conhecido. Esse tipo de chinelo, parecido com o que é usado pelos camponeses sírios da atualidade, pode ser visto em uma escultura acadiana que remonta a pelo menos o ano 3 mil a.C. Os chinelos eram usados em todo o mundo muçulmano (ver Islã) e na Índia, especialmente pelos membros da classe alta. Eles são usados ainda hoje, mas é cada vez maior o número de pessoas que preferem sandálias ou sapatos. Também são típicos da China, Coréia e Japão. Nos países europeus e nos Estados Unidos, o chinelo serve como calçado doméstico.6.DESENVOLVIMENTO: ORIGENS O calçado europeu tem três diferentes origens: o sapato usado pelos primeiros povos do norte da Europa, a bota asiática e o calçado do leste do Mediterrâneo.Na pré-história, os europeus do norte geralmente cobriam o pé com folhas e enrolavam a perna com pele animal. Os povos caçadores que viviam na Dinamarca durante a Idade do Bronze — cerca de 1900 a 600 a.C. — usavam sapatos grosseiros, parecidos com mocassins, feitos de um pedaço de couro que envolvia o pé e eram presos com uma correia nos dedos. Esse tipo de calçado, que continuou a ser usado pelos camponeses alemães até o final do Renascimento, servia para cobrir um tecido de lã em volta do tornozelo e das pernas. As tribos germânicas que ocuparam a Europa Central durante o primeiro milênio a.C. também usavam mocassins semelhantes ao karbatine.As botas da Ásia Central chegaram na Europa através dos povos bárbaros do Leste Europeu. As tribos do sul da Rússia, como os citos, começaram a usar botas no século V a.C. Suas botas de couro estendiam-se até a barriga da perna e eram presas por uma correia que passava em torno do tornozelo e sob o solado. As altas botas de estilo asiático usadas pelos vikings, feitas de couro bruto com a parte interna da pele animal e presa à perna por uma correia em torno do tornozelo, também se tornou muito comum em determinadas áreas do norte da Europa. Essas formas de calçado de cano alto exerceram uma grande influência sobre os estilos europeus, particularmente o militar, durante muitos séculos.O contato com a civilização romana provocou mudanças no estilo dos sapatos usados na região oeste da Europa. As legiões romanas introduziram as caligas, botas de couro a um só tempo resistentes e confortáveis que deixavam os dedos à mostra e tinham grossas solas e fortes amarras. Também ensinaram o uso do dos chinelos orientais e diversos tipos de sandálias, chamadas soleas. Além disso, lançaram a gallica, um sapato de madeira com uma pesada cobertura de couro cru, usada nas estações chuvosas e em solos pantanosos. Esses sapatos gauleses, posteriormente chamados de galochas, são os ancestrais dos modernos sapatos de chuva. Diversas variedades particularmente importantes de calçados romanos eram os calcei. Feitos de couro macio, eram botas de cano curto fechados, presas em volta dos tornozelos com correias. As calcei foram os ancestrais da maioria dos sapatos usados na Europa durante a Idade Média. Entre os anglos e os saxões, um estilo de calcei foi usado a partir do século V sobre longas meias de pano brutos ou faixas de couro que se estendiam até a perna. Apenas os monges usavam uma meia de linho. Os nobres costumavam decorar os calcei com faixas bordadas e as correias presas nos tornozelos tinham ornamentos de metal nas pontas, semelhantes aos cordões encontrados nos sapatos atuais. No continente, os gauleses e as tribos teutônicas do leste usavam sapatos semelhantes sobre longas meias chamadas chausse ou heuse.No Extremo Oriente e no Império Bizantino, predominava o chinelo de couro macio. Os mosaicos nas igrejas de Ravena, na Itália, mostram reis e bispos usando um sapato de couro macio e justo, que não precisava de correia para ser preso. Os mouros, que conquistaram a Espanha e Portugal no século VII, estenderam a influência dos chinelos para o oeste da Europa. Seu couro de belas tinturas tornou-se conhecido como cordovão, por causa da cidade espanhola de Córdoba na qual era produzido. Durante a Idade Média, os franceses que trabalhavam com o couro do Marrocos eram chamados de cordonniers e os sapateiros ingleses, de cordwainers.7.IDADE MÉDIA O século X marcou o início de uma longa tendência de sapatos cada vez mais pontudos, como a meia-bota ou borzeguim. Os ricos e a nobreza preferiam sapatos de couro com cadarços, engraxados, polidos e decorados com bordados. No século XI, o macio e pontudo chinelo oriental tornou-se muito popular na aristocracia, talvez em conseqüência das primeiras Cruzadas. Nos ambientes ao ar livre, no entanto, usava-se uma bota baixa e enrugada chamada estival. Os camponeses da França e dos Países Baixos usavam tamanco, um sapato com sola de madeira. Quando um camponês desejava se vingar de seu senhor, andava de tamanco em cima da colheita. A palavra sabotagem vem de sabot, que significa tamanco em francês. Os tamancos ainda são usados na Europa.No século XII, os sapatos dos nobres tinham bicos que ultrapassavam em 5 cm os tornozelos. Tecidos como seda, veludo ou mesmo metal eram muito usados na época, muitas vezes tendo pérolas incrustadas e complexos bordados. No século XIII, as biqueiras tornaram-se ainda maiores e a moda de sapatos passou a valorizar exóticos ornamentos. Esse tipo de calçado continuava a ser feito de veludo, folheado a ouro, seda grossa e couro macio em várias cores e às vezes era bordado com fios de seda e decorado com pedras preciosas. Em 1215, o cardeal francês Courson proibiu os professores da Universidade de Paris de usarem sapatos com biqueiras. Em sua gestão, também foram proibidos os sapatos com cadarço e as botas cujos cadarços eram amarrados no lado interno da perna.8.RENASCIMENTO No início do século XIV, as biqueiras ultrapassavam o sapato em cerca de 30 cm e eram preenchidas com musgo, feno ou lã e moldadas com barbatana. Mais ou menos na mesma época, os chapéus e as toucas tinham a forma de cone ou eram pontudos. As biqueiras, chamadas de poulaines na França e crackows na Inglaterra, tornaram-se tão longas que, algumas vezes, eram presas aos joelhos com cadarços ou correntes a fim de proporcionar conforto ao usuário. A moda foi censurada pelo papa e pelo Rei Carlos V da França. No entanto, o estilo se manteve em moda por quase um século. Os dândis tinham biqueiras mantidas através de correntes presas a ligas na altura dos joelhos e alguns usavam sinos de prata nas extremidades. Os plebeus eram limitados por lei a no máximo 15 cm e os cavalheiros a no máximo 30 cm. Os nobres podiam usar pontas de 60 cm ou mais de comprimento.Durante os séculos XIV e XV, calçados com a forma de meia, geralmente de linho, eram usados tanto por homens como por mulheres dentro dos sapatos de couro ou tecido. Os homens usavam meias longas e justas que se estendiam até o gancho da calça e tinham pequenos orifícios na extremidade superior onde eram presas ao gibão ou à véstia. Freqüentemente, as duas meias eram de cores diferentes. Fabricava-se os calçados da nobreza de veludo, seda, cordovão ou couro curtido, enquanto os dos camponeses eram de couro cru. O vermelho predominava e, para proteger os delicados sapatos das imundas ruas de paralelepípedo, uma espécie de tamanco era anexado ao solado. Em meados do século XV, esses tamancos eram esculpidos e chegavam a ter cerca de 7,5 cm , antecipando o salto alto. Quando o tempo estava ruim, usava-se uma bota feita de pano ou couro com uma sola de cortiça.No século XVI, ocorreu uma mudança radical no estilo dos sapatos. Os franceses invadiram a Itália no final do século XV e, no início do século XVI, descobriram que era praticamente mundial o uso de um chinelo de sola muito fina, que cobria apenas o peito do pé, chamado scarpino. Adotado na França e chamado de escarpim ou soleret, esse chinelo logo tornou-se comprido e tão largo quando o crackow. O bico foi cortado e inseriu-se um estofamento a fim de se dar uma aparência mais larga ao pé. Na Inglaterra, onde o escarpim também foi adotado, uma lei aprovada em 1555 limitou a largura dos sapatos a 15 cm. Para as mulheres, tornaram-se populares os chinelos com largos bicos estofados e tiras sobre o peito do pé nas cortes do início do século XVI governadas por Henrique VIII, na Inglaterra, e Francisco I, na França. Também era comum o uso das confortáveis pantufas, um tipo de chinelo sem salto. Na Itália, esse confortável chinelo era chamado de pantofola; na Inglatera, de pantoffle. Reservavam-se sapatos com finas solas de couro, chamados de sapatilhas, aos lacaios e outros servos do palácio. Surgiram, nessa mesma época, as meias de seda masculinas. Os sapatos de plataforma de madeira também entraram em moda para ser usado nas ocasiões a céu aberto. Entre estes sapatos, o chapim, chinelo de sola muito alta, difundiu-se rapidamente. O chapim veio do Oriente através de Veneza, um importante centro lançador de modas. A lateral do chapim era esculpida ou decorada com pintura ou ouro. Algumas vezes, usavam-se coberturas de couro ou veludo cravejadas de pedras semipreciosas. Posteriormente, o salto e a sola passaram a ser cortados em separado e a sola teve sua altura reduzida. Um verdadeiro salto alto, usado tanto por homens como por mulheres, apareceu no final do século XVI. Os primeiros saltos altos nas cortes italianas e espanholas eram grossos e incômodos, mas na França, durante o reinado de Luís XIV (1643-1715), apareceu um novo tipo de salto, mais curvo e mais fino, que ainda hoje é chamado de salto Luís XV.9.OS SÉCULOS XVII E XVIII As botas aristocráticas masculinas do final do século XVI chegavam até os quadris e alargavam-se no topo para escorregar facilmente sobre o joelho e facilitar o caimento da túnica. No início do século XVII, surgiu uma bota mais justa, de couro macio. O couro era chamado de couro russo, nome derivado de uma corruptela inglesa da palavra francesa cuir de roussy que, por sua vez, derivava do nome de um fabricante de botas inglês, Roze, que desenvolveu a prensa para a produção do couro. Outra bota macia, menor e com um topo mais largo, chamada em inglês de funnel ou bucket, tornou-se muito popular entre os dândis da corte. Em meados do século XVII, essas botas macias foram substituídas pela chamada jackboot, cujo couro cru era duro e brilhante. Suas cores eram naturais ou escurecidas com piche. Também conhecida como bota grande, bota forte ou bota chaleira, ela ganhou enorme popularidade e permaneceu como o estilo padrão já bem entrado o século XVIII. A maioria das botas dessa época, assim como a nova bota de cano curto chamada Oxford, tinha o bico quadrado e continha algum tipo de decoração, geralmente uma fivela de bronze, aço ou prata. Oxfords, amarradas sobre uma língua acima do peito do pé, são populares ainda hoje.Os estilos femininos durante os séculos XVII e XVIII tornaram-se cada vez mais elegantes. Embora os sapatos masculinos já tivessem saltos de couro nessa época, os saltos dos sapatos femininos continuavam a ser feitos de madeira. Os chinelos femininos de couro fino, veludo, cetim, brocado e folheados a ouro e prata tinham elaborados bordados. Em casa, as mulheres usavam mules de cetim de salto alto ou couro turco ou marroquino violeta, bege e branco. Os mules freqüentemente tinham saltos vermelhos e um babado sobre o peito do pé.Os estilos do século XVIII foram, em geral, criados na França. As vaidosas cortes de Luís XV e Luís XVI fizeram uso de uma incrível variedade de calçados, alguns com saltos altos, outros com saltos baixos e todos invariavelmente elaborados e caracterizados por biqueiras. As fivelas do sapato eram gravadas, esmaltadas ou encravadas com pedras. As botas saíram de moda, embora os soldados e os atletas tivessem continuado a usar uma versão da jackboot na qual a gáspea era cavada na parte de trás do joelho. Na Inglaterra, esse estilo foi chamado de bota Wellington. Outra bota, a hússar ou hussardo, apareceu na década de 1770 e continuou na moda durante 50 anos. Apertadas e atadas com cordões de ouro ou prata, ostentavam uma borla de seda pendendo da pontiaguda extremidade do cano. Os sapatos femininos tornaram-se mais elaborados, usando ricos tecidos e fitas, fivelas e rosetas.No final do século XVIII, particularmente após a Revolução Francesa, quando o povo rejeitou os estilos associados à aristocracia, os sapatos passaram por uma significativa simplificação. Todos os saltos altos desapareceram à medida que as sandálias, chinelos e sapatos de salto baixo foram adotados pelas mulheres. Sapatos decorados com uma fivela não trabalhada tornaram-se comuns para os homens.10.O SÉCULO XIX Na primeira metade do século XIX, as botas e os sapatos eram finos, longos e justos, em uma tentativa de fazer com que os pés parecessem pequenos. Durante essa época, Beau Brummel, a famosa estilista inglesa, usava sapatilhas pretas polidas, com meias de seda e longas e apertadas pantalonas. As mulheres usavam a sapatilha d'Orsay, cujas laterais eram bruscamente cortadas e tinham um salto levemente elevado. Um chinelo baixo e plano, feito de pano ou couro macio e amarrado com laços, manteve-se em voga até a década de 1860.Em 1836, tornou-se moda um sapato feito para a rainha Vitória com uma nesga ou peça triangular de tecido elástico inserido nas laterais. Na década de 1840, apareceu a bota com nesga masculina. A borracha foi usada em saltos pela primeira vez na década de 1850, embora o primeiro salto totalmente de borracha só tenha sido criado em 1895.No final do século XIX, os sapatos masculinos, simples, com canos curtos e amarrados no peito do pé, seguiam o estilo conhecido como Oxford. Quando o tempo estava ruim, usava-se uma bota até os tornozelos ou uma bota alta fechada com botão. Oxfords brancos esportivos apareceram na década de 1880. No cotidiano, as mulheres vestiam sapatos baixos abotoados no tornozelo. Nessa época foram lançados os sapatos esportivos com tecido no peito do pé e solado de borracha, mais tarde conhecidos como sneaker. Nas ocasiões formais, usava-se uma sandália de cetim com salto Luís XV e bico fino.11.SÉCULO XX Na década de 1920, saíram de moda os sapatos de salto alto, fossem eles fechados com cadarço ou com botão, e os chinelos e os oxfords passaram a ser produzidos em uma série de couros diferentes: crocodilo, cobra, canguru, cabra e bezerro. As sapatilhas tornaram-se populares e, embora tenham ocorrido várias mudanças na forma do bico e no tamanho e na altura do salto, elas atravessaram o século XX como o estilo de sapato feminino mais importante. Para os homens, os oxfords de couro liso pretos e em diversos tons de marrom continuaram em moda, embora tenham sido lançadas várias cores de camurça ao longo desse período.Durante a II Guerra Mundial, os sapatos de couro se tornaram raros e surgiram muitas alternativas para o couro, como a fibra de algodão, borracha, soja e plástico. Depois da guerra, os sapatos masculinos e femininos foram feitos em diversos tipos de couros, sintéticos e tecidos, decorados com costuras, debruns e vazados. Atualmente, o mercado oferece sapatos para diversos esportes e atividades específicas. 1.A indústria de calçados Nos Estados Unidos, os maiores produtores de calçados são Massachusetts, Pensilvânia, Nova York, Missouri, Maine e New Hampshire. No Brasil, esta indústria se concentra no interior dos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Há cerca de 900 fabricantes norte-americanos e a indústria emprega cerca de 200 mil pessoas. Existem mais de 90 mil lojas de sapatos nos Estados Unidos, cujo faturamento anual é de 7,5 bilhões de dólares. Pouco mais da metade das vendas são feitas em sapatarias.A produção mundial de sapatos de couro subiu de 1 bilhão e 226 milhões de pares em 1949 para 2 bilhões e 177 milhões em 1961, um crescimento de 78%. Durante esse período, a produção norte-americana subiu de 474 milhões de pares para 599 milhões, um crescimento de apenas 26%. Em meados da década de 1970, a produção norte-americana de sapatos de couro caiu para cerca de 500 milhões de pares por ano. Esse declínio se deveu, em parte, à grande aceitação pelo público jovem de calçados de lona e borracha. Um segundo fator foi o significativo crescimento de produtos importados, particularmente de calçados de baixo custo. Cerca de 300 milhões de pares são importados anualmente pelos Estados Unidos, dos quais os sapatos de couro são, em sua maioria, fabricados na Itália, Espanha, Brasil e Grã-Bretanha. Os de borracha e lona, no Japão e Hong Kong. Embora a taxa de consumo de calçados esteja crescendo na União Soviética e nos países asiáticos e africanos, as necessidades desses países estão sendo atendidas por importações da Inglaterra, Japão e Itália.2.Produção Na moderna indústria de calçados, cada etapa na produção é executada por uma máquina. Em algumas fábricas, diversas centenas de operários, incluindo trabalhadores manuais e operadores de máquina, participam da produção de um único par de sapatos. Entre as recentes melhorias nas técnicas de produção, estão o uso de esteiras transportadoras para agilizar o deslocamento de sapatos de uma máquina para a outra e o desenvolvimento de novos processos que reduzem o tempo que um sapato permanece na forma, permitindo assim que ela volte a ser utilizada com mais rapidez. Os quatro principais métodos de construção são a vira da Goodyear, a técnica de colar sapato, a técnica de sola moldada através de injeção e a técnica de sola vulcanizada. Os métodos de produção variam conforme os diferentes tipos de sapato, mas as etapas básicas são iguais para todos os tipos.3. Materiais Composições de plástico e borrachas constituem a base do material usado na sola. Apenas 25% dos sapatos produzidos nos Estados Unidos têm sola de couro. O couro ainda é muito usado na gáspea dos sapatos, mas os materiais sintéticos estão sendo introduzidos. Um couro e diversos tipos de camurça sintéticos estão patenteados e sendo usados. Aplicam-se outros materiais — lona, palha, náilon, veludo, várias sedas e tecidos alcatifados — na gáspea. Para o enfranque, indica-se metal, lã e plástico.4.O desenvolvimento da indústria de calçados nos Estados Unidos. A indústria de calçados na América do Norte começou em 1629, quando Thomas Beard, um sapateiro inglês, e seu auxiliar, Isaac Rickman, mudaram-se da Inglaterra para a colônia da baía de Massachusetts. As ferramentas que levaram para o Novo Mundo consistiam em sovelas curvas, martelos, facas com a forma de cinzel, raspadeiras, rasouras e facas de tanoeiro, todas usadas na produção de sapatos desde cerca de 1300 a.C. Nos primeiros 200 anos da produção de calçados na América do Norte, ocorreram poucas mudanças técnicas, embora tenham surgido algumas ferramentas novas, como alicates, a pedra de sapateiro e uma série de colas para facilitar o acabamento das margens e dos saltos. Comparado com os modernos processos de produção, os sapatos norte-americanos do período eram bastante primários. Quando novos, o pé direito era freqüentemente confundido com o pé esquerdo e trocados, com freqüência, pelos usuários.A tecnologia da produção de sapatos foi sendo passada de pai para filho. Era uma prática comum os sapateiros e seus aprendizes viajarem de aldeia em aldeia, de casa em casa, com uma caixa de ferramentas e um estoque de couro para fazer ou remendar sapatos. Aos poucos, à medida que crescia o número de colonizadores, os profissionais do calçado começavam a avançar no território norte-americano, surgindo a sapataria de fundo de quintal. Em uma típica sapataria de fundo de quintal, a mãe costurava manualmente a pesada gáspea, os filhos cortavam os pinos de madeira usados para juntar as solas e os homens faziam o trabalho mais pesado de cortar o couro e colar as solas.5.Produção industrial Em meados do século XVIII, o galês John Adams Dagyr, conhecido como o pai da sapataria norte-americana, instituiu o sistema de fabricação de sapatos em uma loja em Lynn, Massachusetts. Pela primeira vez, a divisão do trabalho foi utilizada em uma sapataria, permitindo que cada trabalhador executasse uma operação específica. Durante esse período, introduziu-se a idéia de se produzir sapatos não encomendados, apenas para estocar e atender imediatamente um freguês. Os sapateiros personalizados adotaram a prática de manter seus trabalhadores ocupados durante os períodos em que não havia encomendas. Sapatos eram vendidos depois de serem exibidos nas janelas da sapataria ou na mercearia da aldeia. Em 1794, a primeira sapataria na América do Norte foi aberta em Boston pelos irmãos Quincy e Harvey Reed. O primeiro passo real em direção à mecanização da produção dos sapatos ocorreu em 1845. Ele se tornou possível com a invenção da máquina de rolamento, usada para amolecer o couro e tornar o sapato mais confortável.No ano seguinte, uma invenção da máquina de costura de Elias Howe, incrementou uma série de invenções e melhorias na produção de calçados que se estendem até os dias de hoje.Durante esse mesmo período, surgiu a padronização do tamanho dos sapatos que tornou possível a criação de um grande mercado. Anteriormente, quase todos os sapatos eram feitos com base no contorno e forma do pé de cada pessoa. Com o desenvolvimento de uma escala padrão de tamanhos de pé, tornou-se possível a fabricação de sapatos que seriam exatamente do mesmo tamanho, independente do local em que eram produzidos ou vendidos. O sistema de tamanho de sapatos americano, cujo conceito foi criado no século XIX e perdura até os dias de hoje, começa com o tamanho 1 em sapatos adultos e 0 em sapatos infantis. No Brasil, a numeração de sapatos femininos adultos começa no número 35 e os masculinos, 38. Sapatos infantis são vendidos a partir do número 16.12.GLOSSÁRIO DE TERMOS REFERENTES A SAPATOS Bench-made ou feito na bancada. Termo aplicado aos sapatos feitos manualmente em uma bancada de sapateiro. Atualmente, os sapatos feitos à mão são cada vez mais raros. No entanto, alguns sapatos de grife têm a vira, a gáspea e a palmilha costuradas manualmente.Ponta dura, um reforço usado no bico para dar a forma permanente. Pode ser feito de couro, material sintético e outros materiais.Fôrma de combinação, uma fôrma na qual há variação da medida padrão tradicional, ou seja, tem um salto mais largo ou mais estreito do que a parte dianteira do sapato. Contraforte: material de reforço usado em uma gáspea, em torno do salto, para suportar o couro externo. É feito de couro, fibra ou material sintético. Ilhoses: aros de metal, ou de outro material, inserido na gáspea para entrada e saída dos cadarços. Nem todos os ilhoses, no entanto, são protegidos por um aro.Fôrma: forma de madeira que reproduz o contorno de um pé, sobre a qual um sapato é modelado. Há inúmeros tipos de formas. A diferença entre elas depende do método de construção do sapato.Enfranque: parte da sola de um sapato abaixo do peito do pé. Também pode ser um pedaço de aço, plástico ou madeira inserido no arco do sapato. Sola: partes inferiores do calçado, com exceção do salto. Fôrma reta, fôrma com pouca curvatura na extremidade externa do solado do sapato. Curtimento: processo no qual a pele fresca de um animal, limpa e despejada de gordura, pêlo ou outra matéria desnecessária, é imersa em uma solução diluída de ácido de curtimento que transforma a pele gelatinosa em couro .Gáspea: toda a parte superior de um sapato costurada, e pronta para ser costurada à sola. Inclui tanto a parte externa como o forro do sapato.Pala: pedaço ligado à sola ou à vira. É a parte mais importante da gáspea e deve ter a melhor aparência possível, além de ser durável. Quando feita de couro, é cortada das melhores partes da pele. Vira: estreita faixa de couro esticada entre a gáspea e a sola do sapato. Um sapato de vira é aquele no qual a gáspea e o forro estão juntos na superfície da palmilha. A bainha externa é costurada à vira, produzindo uma superfície interna absolutamente plana. Vênetos, dois povos da antiga Europa. Um deles foi uma tribo celta, marinheira, que viveu na região da atual Bretanha. O outro povo viveu no que agora é o Vêneto e celebrizou-se como criadores de cavalos.Antes da era cristã, tribos celtas e germânicas habitaram a região. As tribos eslavas chegaram no século V e os germanos foram conquistados pelos ávaros no século VI. Os tchecos expulsaram os ávaros no século VII. No século IX, várias tribos eslavas criaram um Estado, um feudo de Carlos Magno. Esse Estado converteu-se em reino independente e formou a base da Grã-Morávia. No ano 907, os húngaros conquistaram o império morávio e essa situação prolongou-se durante mais de 1.000 anos.A maior parte da população descende dos numerosos povos que invadiram as ilhas, como celtas, romanos, anglos, saxões, escandinavos e normandos.Vikings ou Normandos, nome coletivo pelo qual se autodenominaram alguns povos nórdicos (dinamarqueses, suecos e noruegueses) que se dispersaram em um período da expansão dinâmica escandinava durante a idade média, de 800 d.C. a 1100. Esse período, chamado idade viking, foi associado popularmente, durante muito tempo, a uma pirataria desenfreada a partir do momento em que os assaltantes chegavam das terras nórdicas em seus barcos, assolando e saqueando tudo em seu caminho pela Europa. Contudo, os modernos historiadores destacam os êxitos dessa idade viking no que se refere à arte, ao artesanato, à tecnologia naval, às viagens de exploração e ao desenvolvimento do comércio.HISTÓRIA Os primeiros vestígios de população humana na Finlândia datam de 8.000 anos a.C., quando terminou a última época glacial. A mistura do povo e da cultura datam da guerra (1800 a.C.) e dos antigos moradores, resultando na denominada cultura Kiukainen (1600 a.C.).Durante os primeiros séculos da era cristã, a Finlândia recebeu um povo procedente do leste e do sul da Estônia que falava uma das línguas ugro-finesas. Esse período é marcado pelo começo da idade do ferro.Durante a era dos vikings, os finlandeses estiveram expostos às influências orientais e ocidentais. Os vikings da Suécia utilizavam as ilhas Aaland como base em suas viagens de saques e comércio com a Rússia e o mar Negro. Ainda que os finlandeses não participassem das expedições vikings, beneficiavam-se do contato e das colônias comerciais que estabeleceram os comerciantes suecos e godos em seu país. Em finais do século XI, três tribos finlandesas se estenderam ao norte do paralelo 62: os finlandeses propriamente ditos, os tavastianos e os carélios. O povo sami também vivia na região selvagem do norte. Não existia um estado unificado.A partir do século XII, a Finlândia constituiu um elemento de rivalidade, tanto religiosa como econômica, entre a Suécia e a Rússia. A Igreja Ortodoxa da Rússia e a Católica da Suécia promoveram a conversão das tribos finlandesas ao cristianismo, em um processo que começou no ano de 1050 e durou até 1300.Xadrez, jogo de talento para dois jogadores, no qual o azar não intervém em absoluto, que requer um importante esforço intelectual. Cada jogador dispõe de dezesseis peças, jogando um com as de cor branca e o outro com as pretas. Cada grupo de peças consta de um rei, uma rainha ou dama, dois bispos, dois cavalos, duas torres ou roques e oito peões. Joga-se sobre um tabuleiro dividido em 64 quadrados ou escaques, de cores alternadas (normalmente branca e preta). O tabuleiro deve ser colocado de tal modo que o último quadrado (do canto) à direita de cada jogador seja branco.O objetivo do jogo, que simboliza a guerra, é capturar — dar xeque-mate — o rei do adversário. No entanto, o rei derrotado jamais é retirado do tabuleiro, como o resto das peças. As regras e princípios básicos do xadrez são fáceis de dominar, porém as sutilezas do jogo exigem um alto grau de concentração.As peças do xadrez são fabricadas com materiais muito diversos. O xadrez moderno é geralmente de madeira ou plástico, e corresponde ao modelo conhecido como Staunton, inventado na Grã-Bretanha no século XIX.
Dana - "A mãe celeste, que dança na espiral das serpentes das estrelas, é a fonte de onde nasceu aquele povo antigo, que trouxe o druidismo (DRUÍDAS) a terra da esmeralda, seu nome Dana, significa bailarina brilhante": Cathbad. O mistério fundamental da religião celta e das cerimônias rituais que materializaram sua essência serão sempre difíceis de compreender. Tanto a espiritualidade deste povo guerreiro, quanto o fato de, inclusive, terem sido uma religião, viram-se eclipsados pela insistência romântica em envolver a mística celta no mundo das fadas e dos espíritos. A escrita era considerada desnecessária, pois as leis, lendas e ensinamentos tribais se perpetuavam graças a poetas e sacerdotes. Eram eles que se encarregavam de memorizá-las e de transmiti-las oralmente. Para os druidas, por exemplo, os bosques eram suas catedrais. Neles celebravam seus rituais, festas e cerimônias mágicas. Cada árvore estava consagrada a um dia e representava uma virtude. Estes "gigantes verdes", tinham grande importância na cultura celta. O maior de todos os medos se localizava em lugares em que acreditavam não serem bons, pois eram habitados por espíritos maléficos. Cogitavam, por exemplo, que nas montanhas habitava uma grande serpente e que as cavernas eram vigiadas por demônios serpentinos. Esta projeção do psíquico cria, de maneira natural, relações de homens com homens, animais com coisas, que para nós são absolutamente incompreensíveis, mas fascinantes para serem estudadas. Todas as famílias celtas se originaram da Deusa Mãe. Da mãe vêm os ramos familiares das deusas e deuses. Assim como a maioria das famílias, eles representam as polaridades do caráter humano. É importante lembrar que cada Deusa e cada Deus representam um aspecto que você pode reconhecer dentro de si mesmo e nos outros. Os Thuatha Dé Danann foram a quarta raça de colonizadores que chegaram na Irlanda antes da era cristã. Eles eram seres sábios, eminentes magos, cientistas e artesãos, possuidores de uma altíssima vibração espiritual, verdadeiros "seres de luz". Os Tuatha eram provenientes da distante e mítica Hiperbórea, onde possuíam quatro cidades: Falias, Gorias, Murias e Findias, nas quais aprenderam ciências e magia e a aplicação conjunta de ambos os princípios por meio da instituição do druidismo. De cada uma dessas cidades mágicas os Tuatha Dé Danann trouxeram um tesouro: Falias - Lia Fáil, a "Pedra do Destino", onde eram coroados os reis da Irlanda. Era uma grande pedra em formato de coluna que simbolizava a própria Terra, cujo poder só era compreendido pelo verdadeiro Rei; Gorias - a Gáe Assail, a "Lança de Assal", que seria de Lugh, e retornava a mão após ser lançada (associada ao elemento Fogo); Murias - o Caldeirão de Dagda, chamado o "Inesgotável", recipiente que continha a água, fonte de toda a vida (protótipo do Graal); Findias - a espada inescapável de Nuada (associada ao elemento Ar). Hiperbórea é um dos principais mitos genéricos europeus: um lugar de paz e sabedoria, uma terra de "leite e mel" de onde, provinha o primeiro homem branco estabelecido em algum lugar do norte do mundo. Um paraíso mágico e melancólico que não teve outro remédio senão abandonar e seguir para o Sul, quando grandes cataclismas mudaram o eixo da Terra e transformaram o mundo alegre e fértil em um charco árido e coberto de gelo. Eles chegaram em Beltane (May Day) envoltos em um densa névoa mágica, a qual causa uma eclipse de três dias. Imediatamente atearam fogo em suas próprias embarcações impossibilitando a fuga de sua nova pátria. Estavam realmente dispostos a reconstruir sua civilização. Eles conquistaram e governaram a Irlanda por 200 anos, e por fim, foram conquistados pelos Milesianos. Foi quando migraram para os Mundos Subterrâneos das colinas (sidhe) e montes da Irlanda, ficando conhecidos então, como "Daione Sidhe" ou "Povo das Fadas". Bodb Dearg (Bodb, O Vermelho) foi escolhido como rei, pois era o filho mais velho de Dagda. Os filhos de Danu eram também conhecidos como "Os Que Sempre Vivem", pois conheciam o segredo da imortalidade. Eles possuíam um Banquete da Idade, deste modo, ninguém envelhecia, quando sustentados pelos porcos mágicos de Manannán e a cerveja de Goban, O Ferreiro. Os filhos de Danu ainda possuíam um médico muito especial, Diancecht. Ele era o guardião da fonte da saúde, juntamente com sua filha Diarmaid. Qualquer um que fosse morto ou ferido deveria ser colocado na fonte para viver e se recuperar novamente. Segundo uma lenda, Dana nasceu em uma Clã de Dançarinos que viviam ao longo do rio Alu. Seu nome foi escolhido por sua avó, Kaila, Sacerdotisa do Clã. Foi ela que sonhou com uma barca carregando seu povo por mares e rios até chegarem em uma ilha, onde deveria construir um Templo, para que a paz e a abundância fossem asseguradas. Ao despertar, Danu relatou seu sonho ao conselho e a grande viagem começou então a ser planejada. Também conhecida como Danu, é a maior Deusa Mãe da mitologia celta. Seu nome "Dan", significa conhecimento, tendo sido preservada na mitologia galesa como a deusa Don, enquanto que outras fontes equipararam-na à deusa Anu. Na Ibéria, a divindade suprema do panteão celta é considerada a senhora da luz e do fogo. Era ela que garantia a segurança maetrial, a proteção e a justiça. Dana ou Danu também é conhecida por outros nomes de acordo com o lugar de seu culto. O "Anuário da Grande Mãe" de Mirella Faur, nos apresenta o dia 31 de março como o dia de celebrar esta deusa da prosperidade e abundância. Conta ainda, que os celtas neste dia, acreditavam que dava muito azar emprestar ou pegar dinheiro emprestado, por prejudicar os influxos da prosperidade. Uma antiga, mas eficaz simpatia, mandava congelar uma moeda, fazendo um encantamento para proteger os ganhos e evitar os gastos. Os descendentes da Dana e seu consorte Bilé (Beli) eram conhecidos como os "Tuatha Dé Dannan" (povo da Deusa Dana), uma variação nórdica de Diana, que era adorada em bosques de carvalhos sagrados.O nome "Dana"é derivado da Palavra Céltica Dannuia ou Dannia. É significativo que o rio Danúbio leve seu nome, pois foi no Vale do Danúbio, que a civilização Celta se desenvolveu. A ligação Celta com o vale do rio Danúbio também é expressa em seu nome original. "Os filhos de Danu", ou "Os filhos de Don". Dana é irmã de Math e seu filho é Gwydion. Sua filha é Arianrhod, que tem dois filhos, Dylan e Llew. Os dois outros filhos de Dana são Gobannon e Nudd. É certo que Dana deveria ser considerada a Mãe dos Deuses, depois de ter lhes dado seu nome. Há várias interpretações do seu nome, sendo que uma delas é "Terra Molhada" e o mais poética, "Água do Céu". Danu é uma das Dea Matronae da Irlanda e a Deusa da fertilidade. Seu símbolo mágico é um bastão. Seu personagem foi cristianizado na figura de Santa Ana, mãe da Virgem Maria, pois sua existência é proveniente de uma antiga divindade indo-européia. Também é conhecida na Índia, como o nome de "Ana Purna" e em Roma toma o nome de "Anna Perenna". É bem verdade que a associação das deusas à rios e mares não é estranha a tradição celta. A convicção de que o mar e a água deram origem à toda a vida, sobrevive em nossos próprios tempos. Mas nossa Danu amada teve um reflexo oposto, se Danu é representante das forças divinas da luz, então Domnu representa o frio, escuridão e o medo das profundidades desconhecidos dos oceanos. Domnu também é uma mãe, e a fundadora dos Fomóire, a tribo antiga de adversários que tentaram tomar o controle da lei e da ordem dos Tuatha Dé Dannan, de forma que caos podem reger a terra. O nome Domnu significa "terra" e é derivado do Céltico dubno. O sentido da etimologia é "profundo" ou "o que estende abaixo". Até mesmo o nome dos Fomóire significa "debaixo do mar". Estes Fomóire representam as forças de natureza selvagem, eles são ingovernáveis e ainda necessários ao equilíbrio certo da vida na terra. A Deusa Dana chega até nós propondo um encontro com as profundezas da natureza. Ela nos fala o quanto é belo e mágico estar no alto da montanha e descobrir uma nascente jorrando por debaixo de rochas pesadas. A surpresa da fonte sugere as reservas arcaicas da consciência despertando dentro de nós. Pede-nos agora que escutemos o silêncio do lugar. Feche os olhos e sinta-o. Lugar é uma intensa individualidade. Com total atenção, a paisagem celebra a magia das estações, entregando-se sem reservas à paixão da deusa. O delinear da paisagem é a forma mais antiga e silenciosa da consciência. Os rios, lagos e regatos têm voz e música, eles são as lágrimas da alegria e dão vida à terra. A terra tem alma, as nascentes tem alma e são considerados lugares purificadores. Manannán mac Lir disse: "Ninguém obterá conhecimento a menos que beba da nascente". As nascentes eram consideradas como aberturas especiais por onde fluía a divindade. Quando uma nascente desperta em nossa mente, nossas possibilidades podem fluir e descobrimos então o nosso íntimo. Existe tanta beleza e benção perto de nós, que se destinam à nós, mas que não estamos prontos para recebê-la, por não termos presteza, ou por estarmos talvez cegos, medrosos ou nos esteja faltando um pouco de auto-estima. Mas se nos dermos uma chance, a porta de nosso coração poderá passar a ser o portal do céu. Por que não tentar? Escolha um lugar reservado em sua casa para fazer este ritual, se for ao ar livre melhor ainda. Primeiro você deve instalar seu altar, que pode ser redondo simbolizando a Deusa, quadrado (simbolizando os quatro elementos) ou retangular, mas fundamentalmente deve conter a representação dos quatro elementos, junto aos respectivos pontos cardeais. Eu instalei meu altar da seguinte forma: Primeiro cubra seu altar com uma toalha branca. Depois obedeça as seguintes posições: LESTE- incenso para o AR. (casa do elemento intelectual). Pode-se colocar flores também. SUL- vela branca para o FOGO (elemento da transformação, paixão , sucesso, saúde e poder) OESTE - água para o elemento ÁGUA (elemento da mente psíquica, da cura e da espiritualidade) NORTE - pedra ou uma planta suspensa para a TERRA. (elemento estabilizador e centralizador dos outros três). Deve ser colocado aqui também o breve ou amuleto (pode ser uma pulseira, corrente, chaveiro,etc) a ser consagrado para a saúde, que deverá ser mergulhado dentro de um óleo (pode usar essência de sândalos). Neste momento, retire seu amuleto do óleo e passe-o sobre o fogo da vela, a fumaça do incenso e borrife água sobre ele, colocando em seguida de volta ao recipiente onde se encontrava anteriormente. Deixe-o sobre o altar por três dias. No término deste tempo, lave-o com água corrente e use-o de preferência junto ao corpo.
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