Etimologia (do grego antigo ἐτυμολογία, composto de ἔτυμον e -λογία "-logia"[1]) é a parte da gramática que trata da história ou origem das palavras e da explicação do significado de palavras através da análise dos elementos que as constituem. Por outras palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica.
Algumas palavras derivam de outras línguas, possivelmente de uma forma modificada (as palavras-fontes são chamadas étimos). Por meio de antigos textos e comparações com outras línguas, os etimologistas tentam reconstruir a história das palavras - quando eles entram em uma língua, quais as suas fontes, e como a suas formas e significados se modificaram.
Os etimologistas também tentam reconstruir informações sobre línguas que são velhas demais para que uma informação direta (tal como a escrita) possa ser conhecida. Comparando-se palavras em línguas correlatas, pode-se aprender algo sobre suas línguas afins compartilhadas. Deste modo, foram encontrados radicais de palavras que podem ser rastreadas por todo o caminho de volta até a origem da família de línguas indo-europeias.
A própria palavra etimologia vem do grego ἔτυμον (étimo, o verdadeiro significado de uma palavra, de 'étymos', verdadeiro) e λόγος (lógos, ciência, tratado).
Exemplos
- O numeral quatro provém de kwetwores (proto-indo-europeu), que deu origem tanto ao sânscrito chatur quanto ao latim quattuor. O vocábulo latino por sua vez chega até os nossos dias sob as formas quatro e cuatro (português e castelhano, respectivamente), entre outras.
- O jogo de xadrez tem seu nome originário do sânscrito pela associação dos termos chatur e anga (quatro partes, em referência aos quatro elementos dos exércitos na época: elefantes, cavalaria, carruagens (ou barcos) e infantaria, os quais eram as peças que compunham o jogo antecessor do xadrez, o chaturanga). O vocábulo chegou à nossa língua através da seguinte evolução: (sânscrito) chatur anga → chaturanga → (persa) schatrayan → schatrayn → shadrayn / shadran → (árabe) al xedrech → alxedrez → ajedrez (castelhano) e xadrez (português). No oriente se tornou Xiangqi (China) e (xiangi → xongi) Shogi (Japão).
O estudo da origem das palavras pode, contudo, levar a armadilhas e a falácias etimológicas, que formam a pseudoetimologia ou a etimologia popular. Um exemplo, bastante discutido, é o da palavra cadáver que, segundo alguns autores, teria origem na inscrição latina "caro data vermibus" (carne dada aos vermes), que supostamente seria inscrita nos túmulos. Na verdade, não se encontrou, até hoje, nenhuma inscrição romana deste género. Hoje é defendido pelos etimologistas que a palavra deriva da raiz latina "cado", que significa "caído". A favor desta teoria está o facto de santo Isidoro de Sevilha referir que o corpo deixa de ser cadáver a partir do momento em que é sepultado.
Um exemplo de armadilha brasileira é a etimologia da palavra forró. Muitos acreditam que tenha vindo de for all, do inglês, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os estadunidenses tinham bases no nordeste brasileiro. Entretanto, a palavra é uma simples derivação de forrobodó e já existia há muito mais tempo.
Não podemos esquecer também da palavra moleque, que alguns religiosos acreditam que vem de Moloque um antigo deus que aceitava sacrifícios de crianças, porem a palavra moleque vem de mola.
NÃO CONFUNDAM COM ETNOLOGIA
ResponderExcluirETNO = RAÇA
A Etnologia é o estudo ou ciência que estuda os fatos e documentos levantados pela etnografia no âmbito da antropologia cultural e social, buscando uma apreciação analítica e comparativa das culturas.
Em sua acepção original, era o estudo das sociedades primitivas, todavia, com o desenvolvimento da Antropologia, o termo primitivo foi abandonado por se acreditar que exaltaria o preconceito étnico. Assim, atualmente se diz que etnologia é o estudo das características de qualquer etnia, isto é, agrupamento humano - povo ou grupo social - que apresenta alguma estrutura socio-econômica homogênea, onde em geral os membros têm interações cara a cara, e há uma comunhão de cultura e de língua. Este estudo visa estabelecer linhas gerais e de desenvolvimento das sociedades.
O etnógrafo observa básicamente as diferenças entre as sociedades, na proposição de Mauss em seu Manual de Etnografia, desde o modo de andar e usar o corpo (técnicas corporais) até a celebração do casamento e dos funerais. Deve-se descrever e analisar toda a vida social de um povo e um lugar, observa principalmente o que esse povo diz de si mesmo e o modo como identifica seus participantes.
A etnografia é um dos mais importantes recursos contra o racismo e a hegemonia cultural na medida em que estabelece os meios de realizar uma crítica ao etnocentrismo, o que parcializa as investigações. Estudos etnográficos tem recuperado saberes e técnicas dos povos ditos primitivos como formas de (etno) conhecimento nas mais diversas áreas como biologia (etnobiologia); farmacologia e botânica (plantas medicinais); engenharia (de barcos, pontes, casas etc.) psicologia, medicina etc. Nesse último campo há uma integração entre técnica (tecne) e saber (episteme) que vem sendo denominada por antropologia médica e/ou estudos dos sistemas etnomédicos e xamanismo.