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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

GRAMÁTICA

Gramática (do grego: γραμματική, transl. grammatiké, feminino substantivado de grammatikós) é o conjunto de regras individuais usadas para um determinado uso de uma língua, não necessariamente o que se entende por seu uso "correto". É ramo da Lingüística que tem por objetivo estudar a forma, a composição e a inter-relação das palavras dentro da oração ou da frase, bem assim o seu apropriado ou correto uso.

Índice

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[editar] Teoria geral da gramática

Numa expressão simples, porém extremamente elegante e geral, "Gramática", como alguém já disse, "é a arte de colocar as palavras certas nos lugares certos".[1]

Gramática, portanto, numa abordagem generalista, não se vincula a esta ou àquela língua em especial, senão a todas. Contém o germe estrutural, por assim dizer, de todas, realizando a conexão essencial subjacente à relação de cada uma com as demais.

  • Para o estudo de gramáticas particulares de cada língua, vejam-se os artigos correspondentes a cada língua em particular.

Os diversos enfoques da gramática (normativa, histórica, comparativa, funcional e descritiva) estudam a morfologia e a sintaxe que tratam, somente, dos aspectos estruturais, constituindo, assim, uma parte da lingüística que se distingue da fonologia e da semântica (que seriam estudos independentes), conquanto estas duas possam compreender-se, também, dentro do escopo amplo da gramática.

Dentre os diversos tipos de gramáticas (ver abaixo), a chamada gramática normativa é a mais conhecida pela população, e é estudada durante o período escolar. É elaborada, em geral, pelas Academias de Letras de cada país, nem sempre em conformidade com o uso corrente da população, mesmo em amostragens da porção tida por "mais culta".

Cabe notar, ainda, que nem toda gramática trata da língua escrita. Como exemplo, cite-se o caso da Gramática do Português Falado, em realidade cultural-linguística brasileira, coleção publicada pela editora da Universidade de Campinas.

[editar] Acepções

O termo "Gramática" é usado em acepções distintas, referindo-se quer ao manual onde as regras de regulação e uso da língua estão explicitadas, quer ao saber que os falantes têm interiorizado acerca da sua língua materna.

Estas duas acepções distintas remetem aos conceitos de Gramática Prescritiva ou Normativa, que impõem determinados Comportamentos lingüísticos como corretos, marginalizando outros por não fazerem parte da prática lingüística daqueles que não são os "barões ou doutos".

Atualmente, a Linguística procura descrever o conhecimento linguístico dos falantes, produzindo as ditas Gramáticas Descritivas. Estas, ao invés de imporem Paradigmas, descrevem e incorporam fenômenos que, numa abordagem apenas prescritiva, seriam desprezáveis...

[editar] A noção do correto e a mutabilidade lingüística

Conquanto "correto" (Latim correctu) faça remissão semântica a imutabilidade ("não-desvio") em relação a um pré-determinado ou estabelecido 'padrão, neste caso lingüístico, convém observar três princípios básicos, que se fazem presentes na dinâmica cultural humana:

  • 1. Correto é [humanamente] relativo, e depende de variadíssimos fatores: culturais, de época, étnicos, desenvolvimentistas, evolutivos, políticos, econômicos, sociais, religiosos etc.;
  • 2. A dinâmica cultural-lingüística humana articula ou conjuga os anseios — aparentemente opostos, em verdade dialeticamente complementares — de "imposição de mudança" e de "necessidade de permanência";
  • 3. Há que haver certa permanência num certo espaço-tempo (na acepção cultural...) e isso impõe a necessidade de regras que definam limites permissíveis, para que, afinal, durante e naquele espaço-tempo, os atores sociais possam comunicar-se com sucesso.

Isso posto, sem demérito para [ou exclusão de] as variadíssimas expressões e modalidades de "gramática", as também variadíssimas linguagens, as incontáveis tribos culturais, fica logo claro que "é preciso alguma ordem na casa, para que as coisas funcionem a contento". Isso, certamente, inclui a "Casa Lingüística". Pois o ser humano — essencial e semioticamente simbólico, que é — necessita de um mínimo de estrutura de ordem para humanamente ser a sua existência. O que importa em regras daqui e dali, inescapavelmente.


[editar] História da gramática

A primeira gramática de que se tem notícia, registro histórico, é a de Pānini para o sânscrito.

Contudo, aceita-se que o estudo formal da gramática tenha iniciado com os gregos, a partir de uma perspectiva filosófica — como, aliás, era do feitio grego no apreciarem as diversas questões do conhecimento e da natureza— , descobrindo, assim, a estrutura da língua.

Com o advento do Império Romano, em sua dominação dos demais povos, os romanos receberam essa tradição dos gregos, e traduziram do latim os nomes das partes da oração e dos acidentes gramaticais. Muitas destas denominações chegaram aos nossos dias. A partir do século XIX, surgiu a gramática comparativa, como enfoque dominante da Linguística.

Dionísio, o Trácio, gramático grego, escreveu a "Arte da Gramática", obra que serviu de base para as gramáticas grega, latina e de outras línguas européias até o Renascimento.

No século XVIII, iniciaram-se as comparações entre as várias línguas européias e asiáticas, trabalho que culminou com a afirmação de Gottfried Wilhelm Leibniz de que a "maioria das línguas provinha de uma única língua, a indo-européia".

Até o início do século XX, não havia sido iniciada a descrição gramatical da língua dentro de seu próprio modelo. Mas, abordando esta perspectiva, surgiu o "Handbook of american Indian languages" (Manual das línguas indígenas americanas)(1911), do antropólogo Franz Boas, assim como os trabalhos do estruturalista dinamarquês Otto Jespersen, que publicou, em 1924, "A filosofia da gramática".

Boas desafiou a metodologia tradicional da gramática ao estudar línguas não indo-européias que careciam de testemunhos escritos.

A análise descritiva, representada nestes dois autores, desenvolveu um método preciso e científico, além de descrever as unidades formais mínimas de qualquer língua.

Para Ferdinand de Saussure, "a língua é o sistema que sustenta qualquer idioma concreto", isto é, o que falam e entendem os membros de qualquer comunidade lingüística, pois participam da gramática.

Em meados do século XX, Noam Chomsky concebeu a teoria da "gramática universal", baseada em princípios comuns a todas as línguas.

Também nos séculos XIX e XX, estabeleceram-se as bases científicas da Semiótica, como "sistema de signos", a conectar várias ou todas as áreas do conhecimento.

Em língua portuguesa, a primeira gramática conhecida é da autoria de Fernão de Oliveira, foi publicada em Lisboa, em 1536, com o título “Grammatica da lingoagem portuguesa”.

[editar] Outras gramáticas

Na informática, a sintaxe de cada linguagem de programação é definida com uma gramática formal, ou linguagem natural. Na informática e na matemática, gramáticas formais definem linguagens formais. A hierarquia de Chomsky define vários importantes tipos de gramáticas formais.

[editar] Classificação

Costuma-se classificar a Gramática em partes "autônomas, porém harmônicas entre si", a fim de facilitar o seu estudo.

Uma classificação mais antiga (não significa incorreta...) estipula as seguintes partes:

Uma classificação mais atual, comporta:

Esta última, contudo, não pretende ser uma classificação definitiva, exaustiva ou única.

Referências

  1. ECKERSLEY, C. E. (M.A.) & MACAULAY, Margaret (M. A.). Brighter Grammar. London: Longsman, Green & Co. Ltd., 1955

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